UM BOM ANO NOVO – RABINO HENRY SOBEL

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Felicidade é algo sobre o qual pensamos bastante nesta época. Ao iniciarmos um ano novo desejamos uns aos outros um “Feliz Ano Novo”, na esperança de que o ano que entra traga aos nossos entes queridos muitos motivos de felicidade.

Mas o que será que é necessário para tornar um Ano Novo “feliz”?

Definir a felicidade é quase impossível. Procuremos, então, uma definição negativa.

Em primeiro lugar, felicidade não é possuir uma porção de coisas. Nós vivemos numa sociedade impregnada de um espírito exacerbado de competição no que tange à aquisição de bens. Quanto mais, quanto maior, melhor.

A felicidade não resulta de casas faraônicas ou carros importados ou peles ou jóias. Pelo contrário; como lemos no “Talmud”, “quem aumenta suas posses, aumenta suas preocupações”. A felicidade não depende de uma multiplicidade de bens; quem possui dois automóveis não tem o dobro da felicidade de quem só tem um carro.

Em segundo lugar, a felicidade é frequentemente confundida com divertimento.

Quem viaja a lugares distantes na esperança de encontrar a felicidade está fadado à decepção. Porque ao chegar a Tiberíades, ou Tanzânia, ou Tibete, ou Taiti, descobre que levou consigo toda sua bagagem de loucura que o torna infeliz. Fugir dos problemas não traz a felicidade.

Tampouco provém a felicidade do prestígio, do sucesso ou da reputação.
Podemos ser famosos e conceituados e, mesmo assim, continuar frustrados, insatisfeitos, infelizes. Bem, então já sabemos o que a felicidade não é.

Mas o que é felicidade?

Qual é o seu segredo? Como podemos fazer deste Ano Novo um ano feliz?

Algumas sugestões:

Primeiro, parar de correr atrás da felicidade. Quanto mais caçamos a felicidade, mais ela foge do nosso alcance. Buscá-la é inútil. Vejam bem, não há nada de errado em querer ser feliz; errada é nossa insistência, a ideia fixa de que temos que ser felizes.

Quem disse que temos que ser?

Muita gente acredita que a felicidade resulta da ausência de sofrimento e que uma pessoa feliz é aquela que não tem problemas.

Não é verdade! Somente os mortos não têm problemas.

A vida machuca todos nós: perdemos entes queridos, sofremos mágoas em nossos relacionamentos, fracassamos em nossos objetivos
profissionais.

A ausência de dor não é uma condição necessária para a felicidade. Feliz não é aquele que nunca leva um tombo; feliz é aquele que levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.

É preciso ter fé e coragem para ser feliz. Esse é o segundo pré requisito.

A última sugestão para fazer do ano novo um ano feliz: não ficar se perguntando “será que eu sou feliz?”.

Mantenha-se ocupado, na loja ou em casa, no escritório ou na cozinha, em sua profissão, no trabalho voluntário, na sinagoga, na igreja ou na comunidade.

A felicidade é um subproduto da realização, um estado de espírito que resulta de perceber seu próprio valor.

Experimentem se dedicar inteiramente às suas tarefas cotidianas. É bem provável que vocês descubram que se sentem imensamente felizes.

Um jornal de Londres ofereceu um prêmio à pessoa mais feliz da cidade. Foram três os vencedores: um artesão que trabalhava assobiando, uma jovem mãe que cantarolava à noite, depois de dar banho em seu bebê, e um cirurgião que sorria ao terminar uma operação bem-sucedida.

Esses três indivíduos não estavam buscando a felicidade estavam totalmente absortos em suas tarefas. Por fazer com amor seu trabalho cotidiano, eles abriram a porta da felicidade, e ela entrou de mansinho.

Amigos, em vez de pedirmos a Deus uma vida feliz, vamos tomar a decisão de tornar nossa vida compensadora.

Vamos começar o Ano Novo com a certeza de que viver vale a pena.

Vamos lembrar que, na tradição judaica, não nos desejamos uns aos outros um “Feliz Ano Novo”, e sim Shaná Tová, um “Bom Ano Novo”.

A diferença é sutil, porém significativa.

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