PARKINSON É UMA DOENÇA AUTOIMUNE?

216_medicina_2

Quatro imagens de um neurônio humano mostrando que as células nervosas produzem uma proteína (em vermelho) que pode atrair um ataque do sistema imunológico.


Parkinson autoimune

Apesar de anos de pesquisas, a ciência pouco sabe a respeito do Mal de Parkinson.

Os mecanismos da morte neuronal ocasionada pela doença, por exemplo, ainda são desconhecidos.

Agora, uma equipe de pesquisadores descobriu indícios de que, na doença de Parkinson, os neurônios podem ser confundidos com invasores, sendo mortos pelo próprio sistema imunológico do paciente.

Isso tornaria o Parkinson uma doença autoimune, semelhante à diabetes tipo 1, doença celíaca e esclerose múltipla.

“Esta é uma ideia nova e provavelmente controversa, mas, se for verdade, isso poderia levar a novas formas de prevenir a morte neuronal na doença de Parkinson, similares aos tratamentos para doenças autoimunes,” disse o principal autor da nova teoria, o Dr. David Sulzer, da Universidade Colúmbia (EUA).

Antígenos nos neurônios

Há décadas, os biólogos e neurocientistas acreditam que os neurônios estão protegidos contra ataques do sistema imunológico, em parte porque eles não apresentam antígenos em suas superfícies celulares.

A maioria das células, quando infectada por vírus ou bactérias, apresenta sinalizadores do micróbio (antígenos) na sua superfície exterior. Quando o sistema imunológico reconhece os antígenos estranhos, as células T atacam e matam essas células.

Como os neurônios não apresentam antígenos, os cientistas acreditavam que os neurônios estivessem imunes a ataques das células T.

“Mas, inesperadamente, descobrimos que alguns tipos de neurônios podem apresentar antígenos,” relata o Dr. Sulzer.

O elemento responsável por isso parecem ser proteínas chamadas MHC-1, presentes em dois tipos de neurônios. Estes dois tipos de neurônios – um dos quais são os neurônios de dopamina, em uma região do cérebro chamada substância negra – degeneram-se durante a doença de Parkinson.

Entre os diferentes tipos de neurônios testados, os dois tipos afetados durante a doença de Parkinson mostraram-se muito mais sensíveis a sinais que desencadearam a exibição dos antígenos.

Os pesquisadores então confirmaram que as células T reconhecem e atacam os neurônios que apresentam antígenos específicos.

Parkinson autoimune

Os resultados levantam a possibilidade de que a doença de Parkinson seja uma doença autoimune, argumenta o Dr. Sulzer, mas é necessário mais pesquisas para confirmar a ideia.

“Até aqui, nós demonstramos que certos neurônios apresentam antígenos e que as células T podem reconhecer esses antígenos e matar os neurônios, mas ainda é preciso determinar se isso está realmente acontecendo nas pessoas,” esclarece Dr. Sulzer. “Nós precisamos demonstrar que há certas células T em pacientes de Parkinson que podem atacar os seus neurônios.”

E, ainda que o sistema imunológico de fato mate neurônios durante a doença de Parkinson, o Dr. Sulzer adverte que isto pode não ser o único elemento responsável pela doença.

“Essa ideia pode explicar o passo final,” diz ele. “Nós não sabemos se prevenir a morte de neurônios neste ponto vai deixar células doentes nas pessoas e alterar ou não seus sintomas.”

Revolução no Alzheimer: beta-amiloides podem ser defesa do cérebro

Ver mais notícias sobre os temas:

Neurociências

Sistema Imunológico

Cérebro

Fonte: www.diariodasaude.com.br – Imagem: Carolina Cebrian

20
20