MAIS DE SEQUESTRADORES DE ALMAS E DE SUAS EMPREITADAS – SILVIA MALAMUD

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O sequestrador tem a maestria de fazer o famoso gás lightining, que é quando a vitima fala ou ele fala algo e depois tudo se esvai e ele, ou desqualifica como se não tivesse falado nada, ou como se a vitima não tivesse entendido direito, e fala tanto que acaba conseguindo confundir!


Sequestradores de almas costumam ter um arsenal de estratégias que visam manter o outro imantado e subjugado às suas próprias leis. Aplicam suas condutas com tal maestria de sedução e de culpa, que as vitimas em meio às suas piores agonias permanecem atadas à essa terrível trama como se estivessem presas à algum feitiço imortal. Nesta difícil e improvável missão de satisfazer as mais profundas carências deste tipo abusivo de sequestrador, ficam sempre tentando acertar, buscando a confirmação afetiva.

Amarradas nesta ilusão, por mais que desejem se ver livres deste sofrimento, enquanto não se trabalharem internamente, sempre serão vitimas das mais infundadas, porem também das mais articuladas e perversas manipulações. Com a mente confusa, a ponto de duvidarem da própria percepção, minada com o tempo de convívio, tem a impressão de que jamais conseguirão sair desta teia.

O que as mantém no cárcere?

A vitimas sentem que precisam ser validadas em seu amor e por conta dessa carência ficam aprisionadas na tentativa de acertar as cada vez mais difíceis e infundadas cobranças. Sequer suspeitam que os sequestradores jamais se satisfarão. No seu adoecimento, eles tem a incrível capacidade de projetar em suas vitimas o medo de serem rejeitadas, e o pior, habilmente as fazem acreditar de que sem eles , sem o seu pseudo amor, elas não sobreviverão. Quando a trama é desfeita o medo da rejeição tende a voltar para os supostos sequestradores, que como consequência podem passar por momentos depressivos se acaso conseguirem entrar em contato com os seus próprios temas, mas também podem nem chegar a entrar em contato e de imediato saírem em busca de outras presas. Também podem inferir uma espécie de ódio mortal naquela que desistiu dele e que portanto o rejeitou.

Por terem imensa angústia e medo de serem rejeitados, sequestradores, vitimas de suas próprias tramas emocionais, rejeitam. A contra parte por sua vez, invariavelmente transita por profundas carências afetivas e por sentimentos de abandono e desamparo que tiveram suas origens e marcas muito provavelmente por volta da primeira infância.

Tais “sequestradores de alma”, costumam portanto, inferir no outro uma constante ameaça de perda e de desamparo e como o medo da rejeição é a grande ferida não revelada, o outro é quem sofrerá deste possível destino se acaso permanecer subjugado à eles. Sim, um “amor” totalmente condicional, onde os que estão no lugar dos sequestradores, acabam por desenvolver as suas artimanhas em nome de não perder o outro. Conseguem convencer suas escolhidas, de que estas certamente ficarão péssimas sem as suas companhias e dedicação (lê-se, controle). E que além de se sentirem desamparadas, sofrerão do pior dos males, que é o sentimento de solidão, que neste caso, seria visto como uma espécie de maldição.

Sequestradores de alma incessantemente repetem e projetam no outro os seus maiores receios: faça o que eu quero se não te abandono, seria a mensagem subliminar mestra deste tipo de relação. Ainda neste pacote, o quanto mais a presa ficar submetida aos infindáveis tiranos e severos mandatos, mais o sequestrador abusará da mesma promovendo um verdadeiro inferno a ponto de que se nada for feito frente a isso, fatalmente esse tipo de relação levará o outro a falência de si mesmo.

A relação vai se tornando cada vez mais punitiva e perversa quando o sequestrador alucina que não é suficientemente bem atendido. Castiga a vitima isolando-a de seu afeto, dando um gelo, ameaçando que vai embora da relação, não atendendo telefonemas, por exemplo, tudo isso em meio a crises de magoa e ainda culpando-apor não ter dado suficiente atenção à ele. E quando a presa esta literalmente presa, a privação afetiva passa a ser o pior dos mundos e é neste contexto que o sequestrador usufrui o seu gozo sádico. Imaginem ao que a vitima se submete, tudo em meio à culpa, sedução e ameaças. O sequestrador tem a maestria de fazer o famoso gás lightining, que é quando a vitima fala ou ele fala algo e depois tudo se esvai e ele, ou desqualifica como se não tivesse falado nada, ou como se a vitima não tivesse entendido direito, e fala tanto que acaba conseguindo confundir! A sorte é que isso não dura para sempre e que a tendência é das pessoas, cedo ou tarde, acordarem!

Tenho observado, porem, que este tipo de relação precisa de reparos emocionais importantes. Para evitar se repetir, para se fortalecer definitivamente, fica a dica de se fazer uma boa terapia. Este tipo de experiência sofrida requer auxilio. Dificilmente a pessoa quando está dentro ou mesmo quando sai de um relacionamento desta ordem, sai inteira. Daí a necessidade de apoio terapêutico. Muitas vezes a família e os amigos não conseguem ter noção do que de verdade acontece neste tipo de situação. Em ocasiões como esta, buscar por ajuda terapêutica vale a sua vida.


SILVIA MALAMUD – Especialista em Terapia Individual, Casal e Família /Sedes. Saiba mais.

Email: malamud.silvia@gmail.com

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