A TAREFA DA LIDERANÇA – POR DR. TALI LOEWENTHAL

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O Talmud nos diz que as “romãs” são um símbolo para aquelas pessoas que se imaginam estarem completamente afastadas do Judaísmo. Elas podem pensar de si mesmas desta maneira, mas os Sábios dizem que “mesmo os mais vazios dentre vocês estão cheios de boas ações como uma romã está cheia de sementes”.


Para o Povo Judeu, o passado, o presente e o futuro estão indissoluvelmente ligados entre si. A Torá descreve detalhes do serviço no Templo que, apesar de ter sido destruído 2000 anos atrás, continua sendo a realidade interior da consciência judaica. O Templo está no passado, mas estará também no futuro. Por isso, ele nos ensina também sobre o presente.

Parte do serviço no Templo era o fato de que, todos os dias, o Kohen Gadol entrava no salão sagrado do Templo, onde ardiam as luzes da Menorah de ouro. A Torá descreve as roupas especiais que ele usava. Disto podemos aprender algo sobre a natureza da liderança judaica.

O Kohen Gadol era o representante espiritual de todo o Povo Judeu. Em seu nome, ele entrava no Templo, onde a presença de D-us estava revelada. Os Rabinos nos dizem que suas roupas expressavam sua ligação com todos os outros judeus.

Em cada ombro, ele usava uma pedra de ônix fixada em ouro. Nas pedras, estavam gravados os nomes das Doze Tribos, seis em cada pedra. Uma corrente de ouro, passando de cada pedra de ônix no ombro, suportava o “Peitoral do Julgamento”, carregado sobre o peito do Kohen Gadol. Sobre esta placa, havia doze diferente pedras preciosas. Cada joia estava gravada com o nome de uma das Doze Tribos.

Isto significa que o Kohen Gadol carregava consigo os nomes das Tribos, a totalidade do Povo Judeu. Quando ele entrava no Templo, isto servia como uma lembrança perante D-us, expressando o apelo para que D-us lembrasse-se de Seu povo e olhasse para ele com benevolência.

Seria esta lembrança somente em nome dos judeus justos que de forma dedicada expressavam as nobres tradições de seu povo? Não. Os Sábios explicam que as vestimentas do Kohen Gadol ligavam-no com todos. Além disso, outra vestimenta que ele usava era um manto azul. Em sua bainha, havia “romãs” feitas de lã colorida, dento das quais havia sinos feitos de ouro. Quando ele andava, os sinos podiam ser ouvidos, talvez de forma semelhante à maneira que ouvimos os sinos da coroa do Sefer Torá nos dias de hoje.

O Talmud nos diz que as “romãs” são um símbolo para aquelas pessoas que se imaginam estarem completamente afastadas do Judaísmo. Elas podem pensar de si mesmas desta maneira, mas os Sábios dizem que “mesmo os mais vazios dentre vocês estão cheios de boas ações como uma romã está cheia de sementes”. Quando o Kohen Gadol entrava no Santuário Sagrado, ele levava consigo também estes judeus, juntos com todos os outros, evocando as bênçãos de D-us para eles e despertando em todos eles seu sentimento de estar unidos com D-us.

Através das gerações, isto tem sido a função da liderança judaica: pedir a D-us por benções para o Povo Judeu e lembrar a todos nós que nós temos uma grande poder espiritual (1).

Este foi o papel de Mordechai, durante os agitados tempos comemorados em Purim. Muitos judeus que viviam no vasto império persa estavam profundamente assimilados. Entretanto, Mordechai foi capaz de despertá-los para enfrentar a ameaça imposta por Haman e de lutarem por serem judeus. Eles tiveram a chance de escapar convertendo-se à religião de Haman, curvando-se a ele e adorando-o. Mordechai, cuidando de cada judeu, foi capaz de inspirar a todos. Ele os fez reconhecerem que, não importa o quão afastados eles às vezes pudessem se sentir, a verdadeira realidade interior de cada pessoa é uma porção de D-us dentro dela. Este reconhecimento despertou a resposta Divina descrita no Livro de Ester, a milagrosa reviravolta na qual o Povo Judeu foi salvo.

Referências

Baseado no Likkutei Sichot do Lubavitcher Rebbe, vol. 21, p 188


DR. TALI LOEWENTHAL, conferencista em Espiritualidade Judaica na University College London, diretor do Chabad Research Unit, autor do livro “Communicating the Infinite: The Emergence of the Chabad School” e um frequente contribuidor da seção de leituras semanais de Torá do site Chabad.org.

Tradutor: Moishe (a.k.a. Maurício) Klajnberg

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