PAZ OU CRITICISMO? – RABINO RUBEN STERNSCHEIN

238_história_4

Mas, afinal de contas valorizamos a paz e a tranqüilidade, ou a queixa, a crítica e o não conformismo? Que possamos ter a tranquilidade e a alegria da gratidão e da paz junto ao inconformismo inesgotável que sempre procura o melhor.


Uma piada conhecida conta que entrevistaram o milionésimo imigrante russo a entrar em Israel e perguntaram :

– Como era a economia no seu país de origem?

– Não posso me queixar – respondeu.

– E a comida?

– Não posso me queixar.

– E a liberdade?

– Não posso me queixar.

– E os direitos dos judeus?

– Não posso me queixar.

– E então por que veio para Israel?

– Porque aqui, sim, posso me queixar.

Shimon Peres costuma dizer que uma das características de maior valor do povo judeu em geral e do israelense em particular é estar sempre reclamando. O não se conformar e não aceitar é o que o empurra para frente.

Da mesma maneira, no judaísmo a paz é um valor supremo. O próprio Deus se chama “ossê shalom bimromáv” (quem faz a paz nas alturas), o salmo 34 manda buscar sempre a paz, e a saudação bíblica resgatada pelo hebraico moderno pergunta pelo estado da paz da pessoa. Como se a paz nem fosse um ideal, mas uma natureza, uma essência, que apenas deve ser cuidada e revisitada de vez em quando.

Mas, afinal de contas valorizamos a paz e a tranqüilidade, ou a queixa, a crítica e o não conformismo?

A parashá detalha, entre os diversos tipos de oferendas, um muito especial chamado “zevach hashlamim”. Esse korbán se diferenciava de todos os outros porque não expressava pedidos nem desculpas. Era a oferenda da gratidão.

Os sábios brincavam com as palavras e diziam que se chamava “shlamim” porque vinha da palavra “shalom”, pois a gratidão traz paz. A quem expressa a gratidão e a quem a recebe como reconhecimento.

A paz como ideal e meta nunca alcançados e ao mesmo tempo nunca desistidos, como natureza em constante mudança, permite expressar gratidão e, ao mesmo tempo, não se conformar.

Que possamos ter a tranquilidade e a alegria da gratidão e da paz junto ao inconformismo inesgotável que sempre procura o melhor.

Shalom.


Fonte: www.cip.org.br

20
20