NOVAS PERSPECTIVAS PARA O TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON

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A doença de Parkinson é definida como um distúrbio do movimento, com início em fases tardias da vida. É caracterizada por alterações na movimentação, comprometimento do intelecto e, às vezes, depressão.


Neste Artigo:
Introdução
O que Causa a Doença de Parkinson?
Sinais e Sintomas da Doença
Formas de Tratamento
Prognóstico e Perspectivas

 

“A doença de Parkinson é um dos distúrbios neurológicos mais comuns entre os idosos. É uma doença progressiva, mas passível de ser controlada com o uso de algumas drogas, porém muitas dessas causam vários efeitos colaterais e perdem sua eficiência rapidamente. Dentro desse contexto torna-se necessária a realização de mais estudos para a avaliação de novas drogas e outras opções de tratamento”.
Introdução
A doença de Parkinson é definida como um distúrbio do movimento, com início em fases tardias da vida. É caracterizada por alterações na movimentação, comprometimento do intelecto e, às vezes, depressão.
Desde a sua descrição em 1817, por James Parkinson, o portador desta moléstia vem recebendo valiosa contribuição da medicina para a melhora de seus sintomas. Atualmente, o paciente tem condições de ser integrado totalmente à sociedade.
Há cerca de 200 novos casos a cada 100.000 indivíduos por ano, sendo que só nos Estados Unidos há mais de um milhão de pacientes com esta moléstia. Há uma ligeira predominância pelo sexo masculino, mas existem autores que acreditam que a doença atinja homens e mulheres igualmente. Esta condição se estabelece mais comumente entre as idades de 55 e 60 anos, mas pode ocorrer em pessoas mais jovens ou mesmo aos 80 anos de idade. Atinge todas as raças. Seu principal fator de risco é o próprio envelhecimento. É uma das principais causas de morte na velhice.

O que Causa a Doença de Parkinson?
A causa da doença, na grande maioria das vezes, é desconhecida, sendo então denominada Doença de Parkinson idiopática. Acredita-se que essa forma tenha seu aparecimento relacionado ao processo de envelhecimento de determinadas células cerebrais somado a uma predisposição genética, o que leva a uma diminuição de uma substância chamada dopamina, a qual é um hormônio que participa das reações químicas dentro do cérebro, que levam à formação da adrenalina.
Os sintomas podem surgir induzida por medicamentos, dentre eles os tranqüilizantes, os antieméticos e vasodilatadores cerebrais. Outras substâncias também podem provocar a doença, com as intoxicações por monóxido de carbono, por manganês, por pesticidas e por outras toxinas. Nestes casos a doença é transitória, desaparecendo com o tratamento da intoxicação.
A doença pode também ser causada por um quadro de encefalite, ou como seqüela de um traumatismo cerebral grave, ou em decorrência de traumatismos de crânio repetitivos, como por exemplo, o mal dos boxeadores. Por fim, a doença de Parkinson pode estar associada a um quadro de múltiplos infartos, devido à ocorrência de doença aterosclerótica.

Sinais e Sintomas da Doença
O sintoma inicial mais comum é o desenvolvimento de tremores, que inicialmente são unilaterais e posteriormente atingem ambos os lados dos membros superiores. Os pacientes apresentam também uma lentidão, com as atividades da vida diária cada vez mais difíceis de serem executadas. Os portadores dessa doença queixam-se que a expressão facial pode ser menos facilmente alcançada, assumindo uma expressão em máscara. Há uma tendência ao arqueamento do corpo e uma dificuldade para andar, com passos curtos e tendência em arrastar os pés. Mais tarde os passos se tornam mais curtos e rápidos e há o desenvolvimento de dificuldade em começar a andar, após ter parado.
A fala pode torna-se rápida e interrompida, de difícil compreensão. O mais comum é uma diminuição do volume da voz. A escrita também pode tornar-se pequena e ilegível.
Algumas vezes pode haver prejuízo das funções intelectuais, com aparecimento de demência, principalmente em fazes tardias da doença, chegando a atingir 50 a 80% dos pacientes. Pode evoluir com depressão, o que também é muito comum.

Formas de Tratamento
O tratamento deve ser contínuo e ser iniciado assim que é feito o diagnóstico. Deve incluir a fisioterapia (com a estimulação da atividade física), o suporte psicológico, a terapia ocupacional, o uso de drogas específicas e mais raramente a intervenção cirúrgica.
O tratamento medicamentoso é necessário quando existem sintomas importantes, como os tremores, a dificuldade para se movimentar e a lentidão dos movimentos.
A introdução da levodopa há quase três décadas, alterou completamente as perspectivas para o paciente com doença de Parkinson. Ela é ainda a droga de escolha. A sua administração leva ao aumento da dopamina no cérebro com consequente diminuição dos sintomas da doença.
Alguns autores acreditam que a levodopa possui um período relativamente curto de eficiência, variando de 5 a 7 anos. O seu uso parece facilitar o aparecimento dos fenômenos “off” “on”, que se caracterizam pela piora acentuada dos sintomas durante os períodos que se seguem à não utilização da medicação, principalmente durante a noite (período off) e presença de movimentos anormais nos períodos de utilização da medicação (períodos on). Outra complicação do uso em longo prazo da levodopa é a ocorrência de discinesia, que se caracteriza pela presença de movimentos bruscos, involuntários e anormais. Há relatos também de desenvolvimento de instabilidade postural, com quedas frequentes.
A levodopa é encontrada comercialmente, em geral, associada a uma substância que aumenta o seu aproveitamento, denominada cardiodopa. Esta forma associada é a que traz os melhores resultados, pois permite a utilização de uma dose menor com maior eficiência.
Existem inúmeras outras substâncias antiparkisonianas disponíveis, que em geral são utilizadas associadas à levodopa ou isoladas, ou nos casos de intolerância à levodopa. Estas drogas são os anti-histaminicos (antialérgicos), sendo a difenidrina a mais utilizada; os antidepressivos, sendo a imipramina e a amitriptilina as mais usadas; os antivirais e, por fim, os derivados do Ergot, que apresentam efeitos semelhantes ao da dopamina, dentre eles a bromocriptina e a pergolida.
Recentemente vem sendo usado o Pramipexole que é uma droga com efeitos semelhantes ao da dopamina. O pramipexole vem se mostrando efetivo no controle dos sintomas da doença, mas também apresentam alguns efeitos colaterais como o desenvolvimento de movimentos bruscos e incoordenados (discinesia), desmaios, alucinações, distúrbios do sono e fraqueza, dentre outros.
Um estudo randomizado, duplo-cego do medicamento amantadina em pacientes com doença de Parkinson e discinesia mostrou uma redução de 45 por cento na discinesia com o uso de amantadina, em comparação com placebo. No entanto, o benefício durou menos de oito meses, e a retirada de amantadina causou um aumento rebote de 10 a 20 por cento em a discinesia.
Depressão, demência, psicose e problemas psiquiátricos são comuns, associados com a doença de Parkinson. Pacientes com depressão recebendo levodopa e que estão experimentando o efeito on-off são geralmente tratados com um inibidor da recaptação da serotonina.
Há também a possibilidade do tratamento cirúrgico, que fica quase exclusivamente reservado para os pacientes jovens com doença de Parkinson que apresentam tremor unilateral como principal sintoma. A cirurgia, atualmente usada, consiste na retirada de uma região específica do cérebro, o tálamo.

Prognóstico e Perspectivas
A doença de Parkinson é progressiva. Não é possível prever o quão rapidamente a doença progredirá. Mas com a progressão, todos os sintomas se tornam acentuados.
Aqueles pacientes com piora aguda dos sintomas devem ser avaliados cuidadosamente, uma vez que a maioria das causas é uma alteração da medicação, a interrupção dos medicamentos, o desenvolvimento de uma doença concomitante ou depressão. O quadro depressivo aumenta consideravelmente todos os sintomas, devendo este ser reconhecido e tratado adequadamente.
Geralmente, os pacientes desfrutam de cerca de 10 a 15 anos de boa função neurológica com o tratamento correto. Este deve ser instituído logo, pois há evidências de que aqueles pacientes que iniciaram o uso cedo tiveram uma expectativa de vida maior. Mas o tratamento só deve ser instituído na presença de alguma incapacidade.
Outras drogas vêm sendo analisadas para o controle das discinesias associado a levodopa, dentre elas está o propanolol, a fluoxetina, a clozapina a buspirona e os antagonistas do glutamato. E mais recentemente o exenatide vem sendo estudado.
Em relação à cirurgia, o autotransplante de medula adrenal para o cérebro foi abandonado por absoluta falta de resultados. Atualmente, está em estudo o transplante de mesencéfalo fetal, com resultados promissores. Mas o procedimento exige no mínimo três fetos e há as questões éticas que devem ser consideradas.
A terapia genética, em fase de estudo, em animais, é a grande esperança dos portadores da doença de Parkinson.
Fontes: JAMA. 2000; 284:1931-1938; Am Fam Physician. 2006 Dec 15;74(12):2046-54; Alzheimers Dement. 2014 Feb;10(1S):S38-S46.
Copyright © Bibliomed, Inc. 4 de abril de 2014.


Fonte: www.boasaude.com.br

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