EXPOSIÇÃO “CORPO E ANIMA MUNDI” DE REGINA CARMONA

” O físico feminino, com sua criatividade orgânica está no centro do trabalho de Regina Carmona. Enquanto artista multimídia adota linguagens diversas, mas sempre conjugadas segundo um forte alfabeto visionário e matérico, mágico e poético, individual e social. Narra a identidade feminina partindo de raízes culturais dos rituais de defesa para chegar à mulher contemporânea”.

Abertura: 04 de agosto, terça-feira, na Galeria Gravura Brasileira, em SP

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Regina Carmona, Corpo e Anima Mundi – texto de Gaia Bindi

Regina Carmona é uma artista brasileira, que tem no sangue origens italiana e espanhola. Também por isso o mundo é a sua casa e se sente em casa no mundo, onde quer que se encontre. Traz consigo um amplo sentido de comunidade e pertencimento, uma sensibilidade pelos lugares que é feita de empatia e respeito. “O mundo é terra de todos – diz Regina – espaço e lugar para ser e estar, ser incluso, acolher e ser acolhido”. O mundo é para todos uma grande ocasião de encontro e partilha, não apenas como humanos entre os humanos, mas como elementos naturais, partículas infinitamente pequenas de uma perfeita sabedoria universal.

Nasce assim, o testemunho de encontros existenciais, um tema que marca muitos trabalhos desde o final dos anos noventa até hoje, entre eles a atual série Meu Lugar Um Santuário (2015) que retrata a fisionomia pessoal dentro de contextos naturais e sociais cruzados no caminho de uma vida. Um trabalho que guarda registros da evolução física através da interação silenciosa com outras formas de vida. No curso dos anos, os instantes fotográficos auto retratam a artista em parques, templos, reservas naturais, florestas se tornando, sucessivamente, rocha, folha, água, vaca, mobiliário sacro. Trata-se de um longo processo de reconhecimento dos próprios limites, através de uma forma meditativa que tenta superar o conhecimento comum das coisas para atingir àquela ciência do espírito que Rudolf Steiner chama “consciência dos mundos superiores”.

“O artista deve ver a própria obra como uma foto, uma imagem aberta, não acabada.” escrevia Joseph Beuys. Com Meu Lugar Um Santuário, Carmona perturba obstinadamente a própria materialidade em favor dos ritmos e harmonias universais, perseguindo uma mutação que parte da desidentificação para atingir a comunhão total.

O físico feminino, com sua criatividade orgânica – cíclica e lunar – sempre tem sido associada ao ritual propiciatório, está no centro do trabalho de Regina Carmona. Enquanto artista multimídia se exprime adotando linguagens frequentemente diversas, mas sempre conjugadas segundo um forte alfabeto visionário e matérico, mágico e poético, individual e social, que narra a identidade feminina partindo de raízes culturais dos rituais de defesa para chegar à mulher contemporânea, por um horizonte figurativo e ideológico, entendida como potência através da qual penetra a vida.

“Meus trabalhos são lembranças da passagem do tempo, a conexão com o corpo enquanto morada interior, espaço sagrado que exige amor, respeito e alimento”, escreve a artista. Nas suas obras o físico feminino assume o componente carnal, tangível, tátil do corpo humano. Alguns trabalhos de fato nascem modelados em látex sobre o próprio busto ou sobre àqueles de amigos. Esses moldes e registros são posteriormente reelaborados com tatuagens, desenhos e costuras. Perde-se assim qualquer sinal de identidade: são ventres, seios, barrigas, orgãos genitais reconduzidos a formas primarias que parecem partes de animais ou cascas de árvores, que lembram peles ou simulacros de práticas mágicas como ritos de união ou de iniciação. As vezes esses moldes aparecem reproduzidos em tecidos leves, como seda e organza, por meio da gravura digital. Em Primitivo (2015) as telas se assemelham a travesseiros e almofadas, macios, compõem um grande painel de parede que acolhe os olhares. Uma maciez que convida a visão ao contato, que cria intimidade, que dá vontade de se movimentar em um gesto de encontro.


Gaia Bindi

Critica e curadora, docente da Academia de Belas Artes de Carrara, consultora de arte do Parco di Arte Vivente, Turim, Itália.


Regina Carmona – currículo resumido

Sua obra baseia-se em experiências pessoais, no percurso e registro de passagem do tempo, da memória recriando um diálogo efêmero e constante com a natureza, a espiritualidade, o ser, o destino. Artista multidisciplinar, mestre em poéticas visuais pela ECA-USP, trabalha com instalações sensoriais, projetos de arte e cultura de paz. Destaca-se no cenário artístico contemporâneo no final dos anos 90 através do Museu de Arte Contemporânea da USP. Obteve sala especial Brazilien Day na Trienal de Krakow 2000 Polônia, participação em bienais de gravura na Espanha, Porto Rico e Alemanha. Realiza projetos de arte, pesquisa e residências em diversos países como Portugal, Eslováquia, Argentina, Israel e fundações como Sanskriti, Índia; George Enescos, Romênia; Hame, Finlândia; reserva ambiental Flona de Ipanema, Brasil, Casalasco, Itália. Ativista na difusão artística criou projetos itinerantes como Peace Please e Circulando em Outras Dimensões, esse em coautoria com mais de 70 artistas. Individuais: Meu Lugar Um Santuário, Galeria Gravura Brasileira; Inscritos, MAC USP; Profano, CEUMA, Still Life, Centro Cultural Brasil Índia; O Primeiro e o Único, MAC Curitiba; Vulgo, Galeria Consolação; 42, Capela do Morumbi – catalogada na Memória Fotográfica CCSP. Coletivas: Poéticas da Natureza, Territórios, Heranças Contemporâneas, Naturezas Mortas/Still Life org British Council, MAC SP e MAC Niterói; Ocupação Paço das Artes; Do Cordel a Galeria, MASP. Críticos que escrevam sobre a artista e sua obra: Gaia Bindi, Paulo Klein, Annateresa Fabris, Christophe Spoto , Marco de Andrade e Katia Canton na publicação A Novíssima Arte Contemporânea- Geração 90. Obras em acervo MAC SP, MACS, MAC Limeira,Tescani Romenia, Sanskriti Museums, espaço sensorial Caminhas Brancas na Praça da Paz . É autora da instalação PAZ em homenagem ao aniversario do Parque Ibirapuera, palavra escrita nas águas do lago.Vive e trabalha em São Paulo.
www.reginacarmona.com


Abertura: 04 de agosto, terça-feira, 19/22hs
Período expositivo: 04 de agosto a 12 de setembro de 2015

Endereço: Rua Doutor Franco da Rocha, 61, Perdizes – São Paulo
Horário de funcionamento: segunda à sexta- 10/18h e sábado -11/13h
contato@gravurabrasileira.com
Entrada gratuita/ Livre

Gravura Brasileira

rua Doutor Franco da Rocha, 61

Perdizes, São Paulo, SP

f.11.3624.0301 e 3624.9193

www.gravurabrasileira.com

www.facebook.com/Galeria.Gravura.Brasileira

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