JERUSALÉM E A PEQUENA DIPLOMACIA BRASILEIRA – POR FLORIANO PESARO

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Há poucas semanas, o Governo de Dilma Roussef resolveu, arbitrariamente, que no passaporte das pessoas brasileiras nascidas em Jerusalém não deve constar mais o país de nascença como sendo Israel.


Jerusalém, Ierushalaim Kedoshá, a cidade sagrada do povo judeu. Parte intrínseca da alma judaica. Cidade que acompanhou o sofrimento de nosso povo.

Jerusalém é citada na Bíblia no Livro de Josué, como lar dos hebreus. Muitos tentaram e alguns conseguiram expulsar nosso povo de Ierushalaim. Os babilônios nos conquistaram e nos levaram à sua terra, mas, desde as margens dos rios da Babilônia, os judeus soluçavam e lembravam-se da cidade sagrada.

Então, quiseram minar nosso povo de outra forma, obrigando a helenização de Ierushalaim, proibindo o estudo da Torá e os rituais judaicos. E os macabeus lutaram para conservá-la como nossa. Até que os romanos, no início do primeiro milênio, expulsaram novamente este povo de sua terra, de sua Jerusalém.

Durante sua longa história, Jerusalém foi destruída pelo menos duas vezes, sitiada 23 vezes, atacada 52 vezes, e capturada e recapturada 44 vezes.

Mas durante quase 2 mil anos de separação de um povo e sua terra, nunca Jerusalém foi esquecida. Sempre foi parte primordial do sonho dos judeus.

Em suas datas religiosas mais significativas, como em Iom Kipur, Ierushalaim foi citada e recitada, dando voz à aspiração de para lá voltar. O movimento sionista tem em seu nome esculpida a palavra Tsion, um dos nomes da cidade sagrada.

Entretanto, mesmo durante o longo exílio, Jerusalém foi a terra de famílias judaicas. Desde sua fundação, sempre existiram judeus vivendo em Ierushalaim.

Finalmente, a partir da fundação do moderno Estado de Israel, nós a reconquistamos. Depois de milhares de anos de luto e de anseios, a alegria chega e a mais sagrada cidade do Judaísmo, Jerusalém, volta a unificar-se. Mais uma vez escuta-se o shofar dentro dos muros da cidade de Davi.

E, em 5 de Dezembro de 1949, o então primeiro-ministro de Israel, David Ben-Gurion, proclama Jerusalém como capital de Israel. Desde então, todas as sedes legislativas, judiciais e executivas lá residem, exceto para o Ministério da defesa, que está localizado na Hakirya em Tel Aviv.

E assim vemos a Jerusalém de hoje, uma cidade que apresenta outra face, o rosto de uma metrópole próspera, moderna, com suas avenidas, edifícios, arranha-céus, hotéis, shoppings, assemelhando-se a outras grandes cidades do mundo.

Jerusalém, Cidade Santa, venerada por seus lugares sagrados não apenas para nós, judeus, mas também por pessoas de distintos credos; onde vivem judeus, católicos, muçulmanos, armênios, druzos e assim por diante. Em cujas ruas misturam-se homens seculares com religiosos, cada um influenciando com seu comportamento a vida do outro.

É um mosaico de culturas e nacionalidades que confluem a partir de diferentes países e histórias; de povos cuja identidade e tradições permanecem intactas ao invés de fundirem-se em um cadinho de amálgama; de bairros que refletem os costumes e estilos de vida de seus habitantes, que vivem e trabalham juntos em uma coexistência rara.

Jerusalém, uma cidade cujas pedras estão vivas e nos falam, onde seus aromas nos fazem viajar no tempo e ao redor do mundo por países onde as comunidades judaicas já existiram ou ainda existem, mas que aqui acabam por se unificarem todas.

Em julho de 1980, Israel aprovou a Lei de Jerusalém como Lei Básica. A lei declara Jerusalém a capital “completa e unida” de Israel. Entretanto, com todo seu passado e presente, certos governos ainda insistem em não considerá-la cidade de Israel, num grave erro de julgamento.

Há poucas semanas, o Governo de Dilma Roussef resolveu, arbitrariamente, que no passaporte das pessoas brasileiras nascidas em Jerusalém não deve constar mais o país de nascença como sendo Israel.

Esta resolução só vem ratificar o viés parcial que o governo brasileiro tem em relação ao Estado de Israel.

Essa ação fundamenta-se na teoria de que Jerusalém ainda está sendo disputada entres os governos israelense e palestino.

Entretanto, independentemente do caminho que se tome para a construção da paz entre os dois povos, certamente Jerusalém continuará a ser parte inseparável de Israel e um cidadão nascido em Jerusalém tem todo o direito de ostentar seu país de nascimento: Israel.
Não se pode ignorar as histórias tão entrelaçadas como a desta cidade e do povo judeu e da terra de Israel.

Podemos e devemos buscar a paz, mas Ierushalaim está e sempre estará encravada no Estado de Israel e na alma de nosso povo.


Floriano Pesaro – Deputado Federal e Secretário de Estado do Desenvolvimento Social de São Paulo.

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