A PERVERSIDADE DAS MULHERES NAZISTAS – POR JAYME VITA ROSO

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Graças à pesquisa séria da professora Wendy Lower, foi desvendado que as mulheres alemãs participaram decisivamente nos campos em que milhões de judeus foram mortos. A surpreendente perversidade é que essas mulheres participaram voluntariamente nos massacres.


O futuro pertence àqueles que terão a memória mais longa” – Baal Shen Tov

Desde que, em 1945, se encerrou a Segunda Guerra Mundial, pouco ou quase nada se divulgou da participação das mulheres na obra conhecida como a “Solução Final” (massacre nos campos de concentração).

Graças à pesquisa séria da professora Wendy Lower, com seu mais recente livro “Hitler’s Furies: German women in the nazi killings fields”, foi desvendado que as mulheres alemãs participaram decisivamente nos campos em que milhões de judeus foram mortos. A surpreendente perversidade é que essas mulheres participaram voluntariamente nos massacres.

Falemos um pouco delas. O recrutamento se deu entre profissionais de carreiras originalmente dedicadas à saúde e a educação, tendo elas optado, todavia, por participar do genocídio. A autora do livro citado escrutinizou a legião das jovens nascidas após a Primeira Guerra Mundial e que cresceram com o nazismo. Wendy Lower anota que “regimes de terror são alimentados por idealismo e energia dos jovens”, ainda esclarecendo que esta foi a última geração disposta a trabalhar para o Reich em países ocupados pelo Leste Europeu (Polônia, Ucrânia, Bielorrússia) e tinham como recompensa roupas elegantes, romance, cheques vultosos e aventuras, antes da chegada nesses países, quando eram preparadas para serem conviventes com o genocídio.

O livro mencionado apresenta extrema dificuldade para ser lido, mas apesar das dezenas de citações e pesquisas das mais variadas e repetidas, deixaram com clareza que a ocorrência da participação das mulheres foi cruel, mas mascaradas em cumprimento do dever.

Wendy Lower conta que houve um recenseamento de 3.000 criminosas deste tipo, todas impregnadas da ideologia nazista; para elas o que importava era o espírito de sacrifício, a disciplina e a lealdade, considerando que o ódio aos judeus era algo nobre.

Prestavam-se a selecionar os doentes mentais e os deficientes aplicando-lhes injeções letais. Além disso ensinavam e doutrinavam as enfermeiras como conduzir-se nas repugnantes execuções, tudo em nome da doutrina que lhes fora sugerida. Tinham no trabalho sinistro e impiedoso um zelo impecável. Jamais se perguntavam por que faziam e participavam desses atos bárbaros.

O fato que merece realce nesta história é como Wendy Lower explora, nos últimos capítulos do livro, como viveram essas mulheres após a guerra. Muitas delas voltaram para vida civil corriqueira, mas somente algumas dessas mulheres foram levadas a juízo e outras poucas foram punidas.

Pergunta e responde a autora: “O que aconteceu com elas? A resposta rápida é que elas se safaram dos assassinatos. ”

Esse livro que relata os fatos narrados, foram trazidos à tona pela autora que se apoiou em artigos abandonados pelos alemães e que esses não conseguiram destruir.

Assim foi desvendado um dos últimos segredos da Segunda Guerra Mundial.

– Wendy Lower (1965) é uma historiadora americana. Entre outras coisas, ela examina o papel das mulheres no Estado nazista (assistentes de Hitler), e do Holocausto.

Consultas

L’Express, p. 40 – 58, nº3341/ julho de 2015, Paris.

Le Magazine Littéraire, p. 66 – 79, nº555/ maio de 2015, Paris.

LOWER, Wendy. Hitler’s Furies: German women in the nazi killings fields. Londres: Vintage Books, 2014.


JAYME VITA ROSO – Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, é especialista em leis antitruste e consultor jurídico de fama internacional, ecologista reconhecido e premiado, “Professor Honorário” da Universidade Inca Garcilaso de La Vega de Lima, Peru e autor de vários livros jurídicos. Saiba mais.

vitaroso@vitaroso.com.br

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