POR QUE AS PESSOAS COLECIONAM? – RABINO KALMAN PACKOUZ

Postado em 4 de junho de 2016 Por admin HISTÓRIAS RABÍNICAS

Há algo intrinsecamente significativo em colecionar, em tentar completar a coleção e em ter uma coleção completa. No entanto, às vezes, depois de completar a coleção, ainda permanece uma angústia existencial de que algo ainda está faltando.

Quando eu tinha doze anos de idade, voltei do acampamento de verão para descobrir que a minha coleção das 300 primeiras edições de revistas em quadrinhos havia sido jogada fora. Para evitar que o fato se repetisse, comprei uma caixa de arquivo de aço com trava e chave para manter seguras as minhas futuras aquisições de revistas em quadrinhos. Eu calculei que a caixa não seria arrombada para jogar fora as minhas revistas nem seria a própria caixa jogada fora.

Cinquenta e dois anos mais tarde a história surgiu em uma conversa com meus filhos à nossa mesa de jantar. Um filho me perguntou: “O que aconteceu com a caixa de aço?” e “Quais revistas estavam nela?” Eu respondi que guardei a caixa no meu closet e sinceramente não tinha ideia do que tinha nela uma vez que não a abri há mais de quarenta anos. A pedido deles, eu trouxe a caixa para a mesa, limpei o pó e a abri. No interior havia 80 revistas em quadrinhos perfeitamente preservadas… a primeira edição do X-Men, do Homem-Aranha… e muito mais! Meus filhos estavam mais do que animados enquanto ligavam o computador e verificavam os preços no Ebay.

Por que razão colecionei estas revistas em quadrinhos e as guardei todos esses anos? Por que muitas, talvez a maioria das pessoas, têm o que parece ser um desejo/necessidade de colecionar?

Eu acho que colecionei as revistas em quadrinhos porque gostava delas e tinha prazer em possuí-las. Por que razão as primeiras edições? Quando eu era criança li um artigo sobre pessoas reclamando sobre o preço dos imóveis. O autor opinou que as pessoas sempre reclamam dos preços dos imóveis e lamentam não terem comprado quando eram jovens e o preço estava barato. Ele escreveu que se comprassem quando eram jovens e as tivessem mantido, estariam colhendo os benefícios e não reclamando. Já que comprar uma casa não era algo que eu poderia fazer com minha semanada de 25 cents, optei por primeiras edições.

As pessoas geralmente adquirem algo que tem valor funcional, estético ou monetário. Há algo intrinsecamente significativo em colecionar, em tentar completar a coleção e em ter uma coleção completa. No entanto, às vezes, depois de completar a coleção, ainda permanece uma angústia existencial de que algo ainda está faltando. A pessoa pode comprar aquele Homem-Aranha No. 1, mas não lhe trará de volta a alegria e a emoção que teve quando o leu pela primeira vez quando tinha 8 anos de idade.

Talvez a razão seja que nós nos esforçamos para preencher uma necessidade espiritual com coisas físicas. Porém, nenhuma quantidade de itens materiais pode preencher uma lacuna espiritual.

Então me ocorreu que talvez o Todo-Poderoso tenha nos ‘programado’ para sermos colecionadores para nos motivar a completar a mais moderna e atualizada e verdadeiramente significativa coleção espiritual — as mitsvót, os Seus mandamentos. As mitsvót tocam em todos os aspectos da vida e da sociedade e são o meio pelo qual adquirimos a nossa parte no Mundo Vindouro! Elas são o nosso guia não só para a nossa própria vida, mas para trazer sanidade e ordem ao mundo.

A Torá ensina que cada membro do Povo Judeu precisa cumprir 613 mandamentos (até meus 22 anos de idade, eu pensava que só havia 10 Mandamentos…). Cada uma das mitsvót é uma oportunidade para aperfeiçoarmos o nosso caráter, elevarmos a nossa espiritualidade e conectarmo-nos ao Todo-Poderoso. Quando o homem submete-se à vontade Divina, ele começa a tocar e a conectar-se com o infinito.

Existem benefícios que por vezes podemos ver ao cumprir as mitsvót, mas nós as fazemos porque são a vontade do Criador, que Ele ordenou visando o nosso bem. Similar a quando se vai a um médico com uma doença e ele prescreve um medicamento. Sabendo que o médico tem o conhecimento e a experiência e o nosso interesse em mente, nós confiamos nele e seguimos as suas instruções, apesar de não compreendermos as interações dos processos químicos.

Para saber mais sobre os 613 Mandamentos — para iniciar ou expandir a sua coleção — visite a Aish.com… ou adquira The Mitzvot:The Commandments and Their Rationale escrito pelo Rabino Abraham Chill.

Pensamento: “Por cada minuto que ficamos nervosos, perdemos 60 segundos de felicidades!”

RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.