NATALIE PORTMAN FILMA A AUTOBIOGRAFIA DE AMÓS OZ

266_fique_3_ 1Ao lado de Natalie Portman, Amós Oz recebe prêmio da UCLA – Younes and Soraya Nazarian Center for Israel Studies, em Los Angeles, em maio de 2015. Foto: Divulgação.

“De Amor e Trevas”, autobiografia do escritor israelense Amós Oz, foi o livro mais vendido na história em Israel. Nascido em 1939 em Jerusalém, Oz relata sua infância e adolescência, na época da criação do Estado de Israel. O livro foi transformado em filme homônimo, escrito, dirigido e estrelado pela atriz israelense Natalie Portman, que faz o papel da mãe do escritor.

O olhar de um menino é o fio condutor da história. Confrontado com o suicídio da mãe aos doze anos, três anos depois Oz declara sua independência e volta as costas para o mundo intelectual de seu pai para assumir uma nova identidade num novo lugar: o kibutz Hulda.

Autobiografia escrita como romance, “De amor e trevas” recria os caminhos percorridos por Israel no século 20, da diáspora à fundação de uma nação e de uma língua: o hebraico moderno. É também uma reflexão sobre a história do sionismo e a criação de Israel como necessidade histórica de um povo confrontado com a ameaça de extinção.

Quando estava escrevendo esse livro, me senti muitas vezes como aquele carteiro, com uma carta de meus pais para meus filhos, de meus avós para meus netos, dos que nos antecederam aos que talvez ainda não tenham nascido, e no envelope escrevia coisas de minha vida, minhas ideias e meus avisos sobre as pombas. Não é um ensaio dissimulado, não é um livro polêmico: é uma história que o mundo está prestes a esquecer. Os europeus a estão esquecendo. Os israelenses a estão esquecendo. E os palestinos nunca a escutaram. Eu tinha necessidade de contá-la”, disse Oz à revista Entrelivros, em 2005.

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O livro mostra também a perseguição do povo judeu pela história dos avós do escritor: “O que esse livro tem de novo é o terrível amor dos judeus pela Europa. Meus pais e meus avós esconderam isso de mim. Ninguém gosta de contar para seus filhos sobre a amante que os rejeitou. Tive de adivinhar até que ponto eles gostavam da Europa. Tiveram muita sorte, porque se a Europa não os tivesse expulsado nos anos 30, os teria matado nos anos 40. Mas a dor e o insulto estavam ali. Os judeus dos países árabes também foram expulsos. É preciso contar essa história não para demonstrar que os palestinos não têm razão, pois têm, eles têm sólidos argumentos a seu favor”.

Natalie Portman contou sua reação ao ler o livro: “Muitas das histórias me pareceram familiares. Eu cresci ouvindo muitas histórias sobre meus avôs e sua relação com os livros, o aprendizado, a linguagem e o deslocamento entre Israel e a Europa. De algum modo, fiquei interessada em explorar isso“.

Ela descreve dessa forma a história: “É sobre o nascimento de um escritor, que acontece por causa do vazio deixado por sua mãe, e que ele preenche com palavras. Existe uma tensão entre Amós e a mãe: ela incentiva o filho a criar, ao mesmo tempo em que lhe dá, ao abandoná-lo o espaço de que necessita. É devastador. Mas é também uma oportunidade, e ela lhe proporciona as ferramentas que utilizará ao longo de seu caminho”.

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