OLIMPÍADAS: DAS MEDALHAS AO PRECONCEITO – POR DANIELA KRESCH, DIRETO DE ISRAEL

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TEL AVIV – Sempre que se trata de Jogos Olímpicos, Israel se divide entre a esperança por medalhas e o temor de que aconteça algum episódio desagradável entre seus atletas e treinadores e as delegações de países com os quais não tem relacionamento diplomático. Dessa vez, começou cedo, antes mesmo da cerimônia de abertura dos Jogos do Rio.

Primeiro, o estranho caso dos uniformes palestinos desaparecidos. Confesso que não sei dos detalhes, mas claramente a delegação palestina fez tudo o que pôde para acusar Israel publicamente – algo que tem se tornado corriqueiro, nos últimos anos, desde que a liderança palestina decidiu transferir para o campo diplomático internacional suas frustrações com Israel.

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Depois, foi a vez da delegação libanesa ter barrado a entrada de atletas israelenses ao ônibus que os levaria ao Maracanã para a cerimônia de abertura (perdão ao meu amigo Guga Chacra, não é nada pessoal nem contra todos os libaneses). Segundo divulgou no Facebook o treinador de vela Udi Gal, assim que os atletas do Líbano perceberam que iriam no mesmo ônibus que israelenses, mandaram o motorista fechar a porta. Quando os organizadores pediram para que ela fosse aberta, o diretor da delegação libanesa bloqueou a passagem dos israelenses com seu próprio corpo.

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271_especial_2_ 4No final das contas, os israelenses tiveram que ir ao Maracanã de outra forma. A organização dos Jogos se curvou ao invés de: 1) assegurar que os atletas de Israel fossem no ônibus programado; 2) dizer para os libaneses que, se não estivessem satisfeitos com o transporte oficial, que eles saíssem do ônibus.

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Em vez disso, quiseram evitar um “incidente diplomático”. Foi o mesmo que o Comitê Olímpico Internacional disse aos parentes dos 11 israelenses assassinados por terroristas palestinos nos Jogos de Munique, em 1972: que as Olimpíadas iriam continuar e não haveria nem sequer um minuto de silêncio em lembrança aos mortos para não melindrar os países árabes competindo (se isso não é algo político, não sei o que é). A resposta foi repetida por 44 anos, até que, finalmente, nas Olimpíadas do Rio, o COI decidiu fazer homenagens oficiais às vitimas.

Ah, mais uma: li no jornal Haaretz que o Facebook omitiu a bandeira israelense da lista de países participantes nos Jogos do Rio numa página que criou recentemente. O Comitê Olímpico de Israel teve que mandar uma carta reclamando da ausência. Algumas horas depois, a bandeira foi incluída na página. Não sei se foi proposital.

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Confesso que isso tudo é irritante. Quase 70 anos depois da criação de Israel, sua própria existência é discutida por muitos e rejeitada por outros tantos. Não vejo ninguém discutindo se o Paquistão deveria existir (também criado em 1947 e também repleto de conflitos internos e externos).

Um bom número de países ditatoriais, com sérios problemas de direitos-humanos, envolvidos em guerras civis e outros conflitos, que discriminam minorias e mulheres, desfilaram no Maracanã, no dia 5 de agosto.

Pelo menos foi bom escutar pela TV que, quando o nome da delegação de Israel foi anunciado, na abertura das Olimpíadas, o público do Maracanã aplaudiu bastante. Também aplaudiu a delegação palestina. Parabéns ao público brasileiro. Os Jogos Olímpicos deveriam ser livres de preconceito. Ouso dizer que a vida fora dos jogos também deveria ser assim.

Fonte: www.ruajudaica.com

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