IDENTIDADE JUDAICA – RAV EFRAIM BIRBOJM

288_histotia_4_1“Senti que aquela vela que brilhava também acendia dentro de mim a minha alma, que estava há tantos anos apagada. Desde então voltei a respeitar o Shabat, a dar Tzedaká (caridade) aos necessitados e a cumprir outras Mitzvót, o que faz me sentir mais íntegro e a ter ainda mais sucesso em todos meus negócios”.


“O Rav Shmuel Grinblat (nome fictício) viajou de Jerusalém para a Itália com o intuito de arrecadar fundos para as suas instituições de caridade. Lá ele conheceu o Sr. Mandelbaum (nome fictício), um dos milionários mais generosos da comunidade, que o recebeu muito bem e o convidou a conhecer sua casa. Mas não era uma simples casa, era uma incrível mansão, certamente a mais bonita que o Rav Shmuel já havia visto em sua vida. Enquanto contemplava a riqueza e o luxo daquela mansão, algo chamou sua atenção. Em uma das prateleiras, junto com outros enfeites, havia uma garrafa de vidro quebrada, velha e suja de óleo. O Sr. Mandelbaum, percebendo a surpresa do seu convidado, disse:

– Eu sei que você está estranhando ver cacos de vidro sujos expostos na prateleira. Certamente não é um enfeite encontrado em qualquer casa. Mas fique sabendo que tudo o que eu tenho hoje em dia eu devo a estes cacos de vidro…

Então o Sr. Mandelbaum começou a relatar ao rabino sua fascinante história:

– Eu vim de uma família religiosa. Desde criança estudei em uma escola judaica na Holanda. Meu avô era um grande comerciante aqui na Itália e, como eu era o mais velho dos netos, ele me pediu para que eu viajasse à Itália para ajudá-lo com sua loja. Ele já estava velhinho e estava muito pesado para tomar conta dos negócios sozinho. Ao chegar aqui na Itália, ainda muito jovem, eu descobri que tinha um tino comercial e rapidamente me tornei um vendedor bem sucedido. Pouco depois meu avô faleceu, deixando-me como o único responsável por todo o negócio. Porém, conforme eu crescia nos negócios, pouco a pouco ia me afastando do judaísmo. Parei de rezar, fui abandonando as Mitzvót e no final acabei me assimilando completamente.

– Muitos anos depois, já casado e com filhos, estava caminhando na rua quando vi algumas crianças judias brincando – continuou o Sr. Mandelbaum, visivelmente emocionado – Uma das crianças chorava sem parar e gritava: “O que eu vou dizer ao meu pai? O que eu vou explicar para ele?”. Me aproximei e perguntei o que havia acontecido. O garoto apontou para uma garrafa de óleo toda quebrada e uma poça de óleo escorrendo pelo chão da rua. Ele me explicou, chorando muito, que seu pai havia passado meses economizando dinheiro para comprar óleo para acender as velas de Chánuca. Ele havia pedido ao filho para que fosse ao mercado comprar uma garrafa de óleo. No caminho de volta, a criança havia parado para brincar com seus amigos e acabou deixando a garrafa quebrar, derramando todo o precioso óleo. Agora ele estava desesperado de pensar em como contaria ao pai. Ao ouvir o que havia acontecido, fui até a loja e lhe comprei uma garrafa nova. O menino ficou muito feliz e eu também, pois depois de tantos anos senti que havia feito uma grande Mitzvá. No entanto, a frase daquele menino ficou gravada na minha memória: “O que vou dizer ao meu pai?”. Naquele dia, voltando para casa, eu comecei a perguntar a mim mesmo: “Quando chegar a minha hora, o que vou dizer ao meu Pai Celestial? Como vou acertar as minhas contas?”. Então, voltei ao local em que havia encontrado o garoto e recolhi os cacos da garrafa quebrada. Naquela noite eu fiz algo que há muitos anos não tinha feito: acendi uma vela de Chanucá. Senti que aquela vela que brilhava também acendia dentro de mim a minha alma, que estava há tantos anos apagada. Desde então voltei a respeitar o Shabat, a dar Tzedaká (caridade) aos necessitados e a cumprir outras Mitzvót, o que faz me sentir mais íntegro e a ter ainda mais sucesso em todos meus negócios.

Com os olhos cheios de lágrimas, o Sr. Mandelbaum olhou para o Rav Shmuel e disse:

– Agora você entende por que esta garrafa de óleo que eu guardo, a mesma garrafa quebrada do menino, é tão especial para mim?” (História Real).


RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Saiba mais.

Email: efraimbirbojm@gmail.com

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