FISEMG MOBILIZA COMUNIDADE MINEIRA PARA O RESGATE DE CLUBE EM BH

288_especial_4_1Salvador Ohana, presidente da FISEMG

A Federação Israelita do Estado de Minas Gerais (Fisemg) vem realizando desde 2015 um trabalho de resgate da Associação Israelita Brasileira, um clube sóciorrecreativo que há alguns anos não realiza atividades.

Em entrevista ao boletim da Conib, o presidente da Fisemg, Salvador Ohana, fala sobre o projeto e sobre os motivos que levaram à decadência do clube.


1) O que leva ao afastamento da comunidade de locais de convivência como a AIB?

Comunidades pequenas, como a nossa, sentem o processo assimilatório de perto: gradativamente as pessoas vão se afastando, e nossas entidades deixam de oferecer atividades e atrativos que lhes interessem. Ao realizarmos um trabalho de pesquisa, verificamos também que aproximadamente 70% não colaboram financeiramente para as atividades comunitárias, ficando essa responsabilidade para somente 30%. Chegamos então a um impasse: somente com um número maior de pessoas poderemos investir em atividades e espaços adequados à nossa realidade.

Além disso, não podemos nos permitir que algumas pessoas cheguem aos 90 anos de idade sem ter contribuído para a comunidade, mas querendo usufruir de seus benefícios. Não estamos falando de pessoas carentes, que obviamente fazem parte do nosso trabalho de assistência social.

288_especial_4_2Sede da AIB.

Infelizmente, a AIB, um clube, entrou no processo de se tornar simplesmente um administrador de condomínio, para o funcionamento das outras entidades que pagam um condomínio mensal.

2) Há outras entidades nesta situação?

O alerta vermelho acendeu, já que a tendência é que outras entidades cheguem a esse ponto, pois realmente são poucos os que colaboram.

O Projeto da FISEMG – CCAIB (Centro Comunitário da Associação Israelita Brasileira), tem como objetivo reverter essa situação. Após dois anos de trabalho junto aos conselheiros do clube, conseguimos autorização para passar sua administração para a FISEMG e iniciar a implantação do projeto.

Montamos um cronograma de ações e o apresentamos ao Conselho e a diversos grupos da comunidade, com o trabalho inicial de três comissões paralelas aos diversos departamentos da FISEMG: Captação, Engenheiros e Arquitetos, Jurídica.

3) Quais outras entidades judaicas de Belo Horizonte oferecem atividades de lazer?

Temos aqui a União Israelita de Belo Horizonte, que é um clube sóciorrecreativo e oferece aulas de natação, krav magá, academia de ginástica e outros para manter suas estruturas. É uma instituição, mas pertencente a um número reduzido de sócios-proprietários. Temos algumas propostas para ela, mas devemos antes resolver a questão da propriedade, a exemplo do que já ocorreu em outras comunidades, em que os sócios proprietários reformularam o estatuto e abriram mão do direito de propriedade.

Analisamos também a questão do lazer, que será no futuro uma consequência do bom funcionamento do CCAIB. Infelizmente, temos uma grande concorrência, que são os próprios prédios em que moramos, sítios, casas de campo, etc. Com as transformações físicas, pretendemos dar condições melhores para que as pessoas possam usufruir desse espaço. Encontramos essa sede em péssimas condições de manutenção, e aos poucos estamos colocando a casa em ordem.

4) Quais seriam as funções do novo Centro Comunitário?

Ele desenvolverá diversas atividades, todas ligadas aos diversos departamentos existentes na FISEMG. Temos, por exemplo, no grupo do Núcleo de Assistência Judaica, 15 pessoas trabalhando voluntariamente para organizar e executar o trabalho para as pessoas acima de 50 anos. No grupo de Diplomacia Pública temos mais 15 pessoas, e assim por diante. Notamos que muitas pessoas querem se envolver no trabalho comunitário por causa desse novo projeto.

Alguns eventos já foram realizados, como o bate-papo com o escritor Jacques Fux e o Festival de Purim, em conjunto com a Escola Theodor Herzl, com a presença de 250 pessoas.

5) Qual é a importância do resgate da AIB para a comunidade judaica mineira?

Ele representa uma nova etapa da comunidade, pois agora é o momento de definirmos aqueles que continuarão em nossa comunidade de forma ativa e aqueles que continuarão sua assimilação. Chegamos a um ponto crítico. O que queremos é reformular o pertencimento à comunidade judaica. Sentimos que ficamos muito tempo fazendo as coisas por fazer, sem estabelecer um objetivo a longo prazo. Nosso objetivo hoje é deixar uma comunidade forte para nossos filhos e netos.

Fonte: Boletim CONIB

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