O QUE DEVEMOS A NOSSOS PAIS – RABINO KALMAN PACKOUZ

290_histótia_1_4O que devemos aos nossos pais? Quais são as nossas responsabilidades para com eles? Será que tudo depende de eles serem bons pais?

Recentemente foi publicado um livro esclarecedor e inspirador, My Father, My Mother and Me (Meu pai, minha mãe e eu), escrito pela Rabanit Yehudis Samet. Nele, filhos e filhas relatam sobre a sua devoção, desafios e sucessos em honrar seus pais. O livro claramente define a mitsvá em seus detalhes, incluindo a halachá (lei judaica) relativa a situações específicas. A autora também compartilha 170 histórias verdadeiras que inspiram, informam e motivam, ilustrando soluções práticas para, às vezes, problemas muito difíceis.

Qual a origem do mandamento de honrar os pais? Quando o povo judeu estava frente ao Monte Sinai para entrar em um pacto com o Todo-Poderoso, eles receberam os Dez Mandamentos. O Quinto Mandamento é: “Honre o seu pai e a sua mãe” (Êxodo 20:12).

Os Dez Mandamentos foram dados em duas pedras (sim, não eram tábuas, mas pedras). A primeira ‘tábua’ contém as leis referentes ao relacionamento do ser humano com D’us; a segunda ‘tábua’ contém as leis referentes ao relacionamento entre as pessoas. Sendo assim, é intrigante e fascinante constatar que a mitsvá de honrar os pais está na primeira ‘tábua’! Podemos ver a grande importância que o Todo-Poderoso dá em relação a honrarmos os nossos pais, tanto que Ele a incluiu nos Mandamentos relacionados a honrar e a servir a Ele próprio. O Talmud (Kidushin 30b-31a) nos relata que “há três parceiros na criação do ser humano – D’us, o pai e a mãe”. Ao honrar seus pais, o Todo-Poderoso considera isso como “Eu estou habitando entre eles e eles estão Me honrando”.

A Rabanit Samet escreve: “A mitsvá de honrar os pais é abrangente e inclui os nossos atos, a nossa fala, os nossos pensamentos e os nossos sentimentos. Ela se aplica igualmente a filhos e filhas, solteiros ou casados – com algumas diferenças para uma mulher casada. Não há diferença alguma entre a obrigação em relação ao pai e a obrigação em relação à mãe. Esta mitsvá nunca termina. Enquanto nós estivermos vivos, temos responsabilidade em relação aos nossos pais”.

“Honrar os pais através de atos requer que os filhos cuidem das necessidades físicas dos pais, e isso inclui todos os preparativos necessários para preencher essas necessidades. Quando os pais, jovens ou idosos, não podem cuidar de si, isto é obrigatório. Mesmo quando os pais são autossuficientes, qualquer benefício que o filho ou filha lhes proporcione é uma realização desta mitsvá. Quando nos esforçamos de um modo extraordinário, embelezamos esta mitsvá”. “Os filhos(as) têm a obrigação de sempre procurar agradar. Os pais têm a obrigação de não tornar difícil serem agradados, dando a seu filho(a) uma mão para ajudá-lo(a) a ser bem sucedido”.

Os filhos(as) também têm a mitsvá de reverenciar seus pais. A Torá nos diz: “Toda pessoa – seu pai e sua mãe, vocês reverenciarão …” (Levítico 19:3). “Reverência é abster-se de comportamentos que diminuam a autoestima dos pais, e se origina num sentimento interior de deferência e respeito. Enquanto a honra é expressa através de gestos ativos, a reverência é uma inércia proposital. Tudo o que diminui da honra dos pais também é considerado falta de reverência (Aruch HaShulchan).

Escreveu o Rabino Shimshon Rafael Hirsch (Alemanha 1808-1888): “A deferência que a criança desenvolve por seus pais em seus primeiros anos de vida é a raiz de toda a força futura que terá para governar sobre os seus desejos. Isto lhe dará a capacidade e controle para integrar-se e relacionar-se bem com as outras pessoas. Colocar a vontade de seus pais antes da sua, enquanto criança, é um exercício de humildade e permitir-lhe-á, em sua vida adulta, colocar a vontade do Todo-Poderoso antes da sua própria. Desta forma, a reverência aos pais é a preparação inicial para uma vida elevada”.

Para aqueles que estão pensando: “Tudo isso é muito bonito na teoria, Rabino, mas se você conhecesse os meus pais, você concordaria que nada disso se aplica!”, leiam o capítulo 15 intitulado “Será que devemos amar os nossos pais?”. Há exceções integradas às leis relativas a honrar os pais – e cada um deve consultar uma autoridade de Torá competente sobre orientações e decisões. No entanto, cabe-nos lembrar que as exceções não invalidam a regra de honrar e reverenciar os nossos pais.

Estou limitado pelo espaço em relação a quanta sabedoria, discernimentos e informações consigo compartilhar com vocês sobre esta obra-prima da Rabanit Samet. É por isso que vale a pena adquirir uma cópia de My Father, My Mother and Me (disponível em www.artscroll.com/Books/mfmmh.html) – e, em seguida, lê-la! É uma obra abrangente, inspiradora e edificante. (Clique em “Honoring Parents” em Aish.com para conhecer mais sobre o assunto!).


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

NOTA:- Desejando contribuir para o Meor Hashabat acesse o www.aishdonate.com – Email: meor18@hotmail.com

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