QUANDO A HUMILDADE VIRA PECADO – POR AKIM ROHULA NETO

290_life_1_1

Oi querido leitor! Você já parou para pensar que a humildade pode se tornar uma forma de pecado? Embora a humildade seja uma virtude importante, a maneira de reagir à ela pode torná-la um vício ao invés de uma virtude.

Ser humilde é reconhecer as coisas tal como são, dizer que algo bem-feito é bem-feito não é falta de humildade, mas sim uma expressão dela. A soberba, por outro lado significa vangloriar-se de maneira irreal, associando à si virtudes que não são adequadas e, muitas vezes, falsas.

A humildade, quando vista de maneira estética e funcional pode se tornar soberba, mas o que são estas formas de ver? A estética, quando relacionada às virtudes morais se reflete num conjunto de padrões de comportamento estabelecidos como expressões dignas da virtude. Um exemplo clássico (e falso) é não dizer: “eu faço isso bem”. Entende-se que a pessoa que diz aquela frase está necessariamente “se achando” e, portanto, não é humilde. A atitude esteticamente aceitável seria dizer “não, nem é tão bom assim, mas que bom que você gostou”.

Já o efeito funcional se dá quando pensa-se na virtude como meio para um fim, o que é simplesmente absurdo, visto que a virtude precisa ser causa de comportamento. Nesse caso, por exemplo, preciso ser humilde para que as pessoas me vejam como alguém de bem. Ora, se eu me faço humilde para atingir este fim, posso não ser humilde de fato e estar apenas fingindo, esperando os louros que virão a partir do meu comportamento.

A junção destes destas duas formas de ver as virtudes cria uma atitude que é baseada em regras externas, ou seja, a estética que a sociedade do momento dá à determinada virtude com a esperança de se posicionar como virtuoso perante estas pessoas. Isso, obviamente, executado para atingir as graças que devem vir para aquele que é humilde. É típico deste tipo de atitude o sentimento de inveja quando pessoas atingem, por outros meios, aquilo que o falso virtuoso pretende. Nesse caso, temos um soberbo que se usa da estética comportamental para se sentir superior.

A humildade, assim como outras virtudes, não possui um padrão de comportamento exclusivo, visto que a humildade é padrão de motivação e não de expressão. A maneira de expressar humildade pode variar, desde que a sua essência permaneça. A virtude não age para, mas sim porque, então quem é humilde para mostrar algo com isso, começa errado. Agimos de maneira virtuosa porque entendemos que é assim que se age, no fundo a única “recompensa” é a sua integridade.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Saiba mais.
akimrohula@gmail.com

20
20