QUANDO O HOMEM NÃO PRODUZ ESPERMATOZOIDES…- DR. SIDNEY GLINA

291_especial_1_1Quando o espermograma não mostra espermatozóides, se dá o nome de azoospermia. Esta condição pode ocorrer porque os testículos não recebem hormônios suficientes para estimular a produção, situação bastante rara.


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Na última consulta da sexta-feira passada, atendi o Cláudio, rapaz de 24 anos que chegou muito sério, quase triste. Contou-me que estava casado havia um ano e que sua esposa, Fátima, já havia parado de tomar pílula anticoncepcional há dez meses. Como não conseguiram engravidar, foram ao ginecologista da Fátima.

Os exames realizados por sua esposa deram como resultados normais, mas os dois espermogramas, que Cláudio fizera, mostraram ausência de espermatozoides. Tentando brincar, ele dissera: -“ Não havia unzinho para contar história!”.

Quando o espermograma não mostra espermatozóides, se dá o nome de azoospermia. Esta condição pode ocorrer porque os testículos não recebem hormônios suficientes para estimular a produção, situação bastante rara. Outra causa é um problema testicular, como, por exemplo, nos pacientes que tem inflamação do testículo, orquite, depois da caxumba, onde existe uma lesão que diminui ou abole a produção de espermatozóides. Esta situação crônica se chama azoospermia secretória ou não obstrutiva. Quando os testículos produzem espermatozóides, mas estes não conseguem ser eliminados devido a uma obstrução nos canais, o melhor exemplo é a vasectomia, o nome dado é azoospermia obstrutiva.

Dificilmente se consegue corrigir a azoospermia secretória. Até 1992, a única forma que estes homens tinham para ter filhos era por meio da adoção ou por inseminação com sêmen de doador. Naquele ano, foi descrito pela primeira vez a injeção intracitoplasmática de espermatozóides, cuja sigla em inglês é ICSI, e que possibilitou a gestação se injetando um único espermatozóide no óvulo. Mais tarde, descobriu-se que os homens que têm azoospermia secretória possuem alguns poucos espermatozóides nos testículos. E que esta possibilidade varia de 20-75%, de acordo com o tipo de alteração no tecido testicular do paciente.

Atualmente, se retira tecido do testículo, por meio de uma biopsia e em laboratórios altamente especializados, este material é meticulosamente examinado procurando-se espermatozóides. No último caso, no qual eu fizera uma biópsia, nós achamos cinco espermatozóides vivos. Estes, após serem injetados nos óvulos de sua esposa, geraram três embriões, que foram recolocados no útero. Há uma semana, tivemos a confirmação de que a esposa daquele paciente estava grávida.

Obviamente, Claudio ficou muito interessado e quis saber se era garantido que encontraríamos espermatozóides ou se seria possível fazer algum exame que comprovasse que eles existiriam no testículo. Informei-lhe que alguns exames, como a dosagem do FSH, hormônio que no homem estimula a produção espermática e testes para avaliar a integridade genética, poderiam dar uma pista, mas a comprovação definitiva só acontece na realização da biópsia.

Pedi estes exames para o paciente, que ficou de pensar e voltar com a Fátima, para discutirmos melhor as opções. Na despedida, Cláudio já estava um pouco mais esperançoso. Afinal, algumas vezes a tecnologia pode mostrar algumas saídas para situações muito difíceis.


Dr. Sidney Glina – urologista, diretor do Projeto ALFA, Aliança de Laboratórios de Fertilização Assistida.

Fonte: www.projetoalfa.com.br

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