FEINMANN, O CONTROVERTIDO INTELECTUAL ARGENTINO – POR JAYME VITA ROSO

293_especial_3_1Não é fácil encontrar quem seja como ele, pois Feinmann, tempos atrás, em uma entrevista, se autodenominou “intelectual independente e não pertencente a nenhum partido político”.


Nesta oportunidade, abordarei um personagem importante da atualidade argentina, que porta o nome de família Feinmann: José Pablo.

Com este tão importante sobrenome, o mundo judaico já teve o físico norte-americano Richard Philips Feynman (nascido em Nova York em 11 de maio de 1918, falecido em Los Angeles em 15 de fevereiro de 1988;foi um dos pioneiros da eletrodinâmica quântica e Nobel de Física em 1965. É irmão mais velho da astrofísica Joan Feynman).O argentino Feinmann também porta um currículo respeitável, nascido em Buenos Aires em 29 de março de 1943, é filósofo, docente, escritor, ensaísta, roteirista e locutor de rádio e televisão, tendo livros traduzidos em francês, alemão, holandês e italiano.

Estivemos recentemente em Buenos Aires e, pesquisando nos meios acadêmicos, entre outras fontes, como tem sido visto o roteiro profissional de José Pablo e fomos conduzidos até o Grupo Editorial Planeta, eleito por esse autor para publicar vários títulos de sua invejável carreira.

E lá encontramos “La Filosofia y el Barro de La Historia”, “Peronismo – filosofia política de una persistencia argentina”, “Filosofia Política del Poder Mediático” e a obra provocativa da qual me ocuparei neste importante veículo “Crítica del Neo Liberalismo – porun país soberano yunpuebloconhistoria” (Planeta, 1ª Ed., novembro de 2016).

A obra foi impressa com 377 páginas e enfeixa escritos de Feinmann a partir de 16 de abril de 2006, quando publicou “Sobre Jesus de Nazaré” (pg. 346-350), escrito bastante contundente. A propósito, José Pablo é filho de Abraham, médico de religião judia, e de Elena, sua mãe brasileira de religião católica. Foi criado nos dois cultos. Atualmente é ateu.

O livro objeto deste escrito, portando tão problemático título, cuida de 90 temas diferentes. Impressiona quem o maneja, ainda que brevemente,a variedade dos temas e a impressionante cultura sedimentada do autor. O livro é apresentado pelo reputado escritor, roteirista e jornalista Guillermo Saccomanno (1948, Buenos Aires). Dele, transcrevo: “Estes textos deveriam ser lidos como diagnóstico sensível de um recorte histórico e advertência de seu futuro. No momento da sua escrita, desde seu passado recente, estas páginas estão hoje advertindo. Explicam, nem mais nem menos, como foi que chegamos a este debacle social. O que torna ainda mais amargo o diagnóstico é o humor implacável que, nas suas interpretações da conjuntura, com sua ironia, induz à reflexão dolorosa”.

Não há como discordar de Saccomanno pois, no arco de tempo de 10 anos, entre a publicação “Sobre Jesus de Nazaré” e “O Outro Demoníaco”, de 28 de fevereiro de 2016, o autor cuidou de temas assimétricos e até de ideias contrapostas para mostrar como caminha o mundo contemporâneo, na esteira da sua obra prima sobre o poder midiático da filosofia política. Neste livro, com o DNA daquele, Feinmann capta com rara sensibilidade uma época pontuada por zonas cinzentas. É um intelectual, vestido de escritor, que dá testemunho de sua experiência, materializada em nove dezenas de artigos dos quais me chamaram a atenção os escritos cronologicamente enumerados: “Guerra y verdad”, “Obligacionesyderechos”, “Parque de la memoria”, “Sobre laviolencia”, “Lesa humanidad”, “Fundamentosdel liberalismo económico”, “Occidente non leeelCorán”, “Kissinger y elonce de septiembre”, “Los muros contra labarbarie”, “Mapa del mundo”, “Soberania y poder”, “El genocídio contra losarmenios”, “El poder mediático en USA”, “Munch y ‘Psicosis’, los dos gritos”, “Octubre de 1492, sangre, lodo y capitalismo”, “Hannah Arendt en Jerusalém”, “Marilyn Monroe y laniña vietnamita que el napalm quemó”, “Dios y Job”, “Pink Floyd, revisitado”, “Conquista, hambre y antropofagia”, “Kafka enlos tumultos del presente” e “El pensamiento político de los Estados Unidos. Esclavosblancos y esclavos negros”.

Não é fácil encontrar quem seja como ele, pois Feinmann, tempos atrás, em uma entrevista, se autodenominou “intelectual independente e não pertencente a nenhum partido político”. Não está agremiado e nem recebe quaisquer benefícios materiais de partidos. Centra-se e concentra-se, hoje, em seus trabalhos, tentando ajudar a refundação da esquerda para combater e vencer o perigo populista que avança pelo mundo ocidental.


JAYME VITA ROSO – Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, é especialista em leis antitruste e consultor jurídico de fama internacional, ecologista reconhecido e premiado, “Professor Honorário” da Universidade Inca Garcilaso de La Vega de Lima, Peru e autor de vários livros jurídicos. Saiba mais.
vitaroso@vitaroso.com.br

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