O TERRORISMO DE NOSSOS DIAS – POR FLORIANO PESARO

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A verdade é que este terrorismo disseminado é muito mais difícil de detectar e de evitar. Ficamos sujeitos a conviver com este tipo de tragédia em nosso cotidiano.


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É muito triste. Estamos com uma nova catástrofe que se alastra no mundo. É muito triste. Estamos ficando acostumados a conviver com este desastre.

A cada dia, ou a cada parte do dia abrimos os sites de notícias para ver qual o atentado que aconteceu. Sem falar nas dezenas ou centenas de ataques que são evitados pelas forças de segurança no mundo todo.

É muito triste. Parece que há atentados mais importantes do que outros atentados. Sofremos e nos indignamos quando o terror atinge pessoas e lugares que conhecemos bem. É uma grande injustiça, mas faz parte da natureza humana.

O terrorismo tem história mais longa do que imaginamos, mas um dos mais importantes lemas do terror vem do famoso anarquista Michael Bakunin que afirmou: “Devemos espalhar nossos princípios, não com palavras, mas com ações, pois esta é a forma mais popular, a mais potente e a mais irresistível de propaganda”. Usava-se até uma expressão francesa que dizia “propagande par le fait” ou seja propaganda pelos atos.

Nos Estados Unidos, após a Guerra Civil, foi criada a organização terrorista Ku Klux Klan, que praticava assassinatos, linchamentos e atos de intimidação para defender princípios extremamente racistas. Até hoje ela tem um grande peso na violência que o país sofre.

Na segunda metade do século XX começamos a ver o florescimento de grupos bem organizados de terroristas. Eram organizações separatistas ou de caráter político revolucionário. Foi uma época complicada com bombas e sequestros de pessoas e aviões. Entidades como o IRA (da Irlanda) o ETA (da Espanha), o Baader Meinhof (da Alemanha), os Tupamaros (do Uruguai), as FARC (da Colômbia), a Irmandade Muçulmana (países árabes) além de outras organizações menores e mais locais, perpetraram atentados famosos e chocantes pelo mundo afora. Havia até um garoto propaganda do terrorismo, com suas ações ousadas e sua imagem de invencível. Era Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como Carlos, o Chacal. Fizeram até filmes sobre sua pessoa.

No Oriente Médio, organizações como a OLP Organização para a Libertação da Palestina, o Hezbolah, o Setembro Negro e o Hamas já praticavam atos com o objetivo explícito de eliminar Israel da face da Terra. Os atentados ignóbeis contra o povo de Israel eram constantes.

Hoje, o flagelo do terrorismo mudou seu modus operandi. Depois do famoso e desprezível ataque às Torres Gêmeas em Setembro de 2011 e o consequente fortalecimento das medidas contra terroristas, os assassinos encontraram modos mais criativos e inesperados para atingir o maior número de inocentes.

Com a expansão da mídia e o surgimento e explosão das redes sociais, os terroristas descobriram o campo perfeito para aliciar soldados para sua guerra infame.

As promessas de uma vida mais estruturada e compensadora através do fundamentalismo religioso e a possibilidade de se tornar um mártir atraem jovens isolados e sem perspectivas que encontram então objetivo em suas vidas.

O engajamento destes personagens acontece basicamente pela propaganda virtual ou por discursos inflamados de outros elementos já convertidos. O treinamento então destes terroristas em potencial acontece no Iraque e na Síria, sob o manto do Estado Islâmico, ou ISIS. Estes jovens chegam ao Ocidente catequisados e preparados para atacar inocentes.

Os atentados assim passam a ser cometidos por indivíduos, chamados Lobos Solitários, ou por pequenos grupos de pessoas, que se lançam contra a população de inocentes em lugares famosos e repletos de pessoas.

O efeito é tão imediato quanto chocante. Corpos dilacerados, feridos ou mortos começam a aparecer em centenas de meios de comunicação e testemunhas boquiabertas explicam a sensação de serem vítimas destas ações. Com este grau de cobertura, sentimo-nos todos violentados.

Em Israel, o povo judeu já vem sendo atacado por ações terroristas menores, mas não menos desoladoras, desde a Primeira Intifada.

Infelizmente, a mídia ocidental tendenciosa e incapaz de analisar corretamente o conflito palestino-israelense, tem o costume de desprezar a dor do povo judeu e de amenizar a culpa dos terroristas.

Parece que se esquecem que o objetivo desses assassinos é conseguir a destruição completa do Estado de Israel. Não percebem que as escolas e os programas de animação infantil estimulam as crianças para que peguem em armas e destruam todo e qualquer israelense.

A verdade é que este terrorismo disseminado é muito mais difícil de detectar e de evitar. Ficamos sujeitos a conviver com este tipo de tragédia em nosso cotidiano. Um tresloucado terrorista com uma faca pode de repente sair esfaqueando o maior número de pessoas que conseguir. Um motorista pode acelerar e jogar seu carro na calçada, atropelando inúmeros inocentes.

Ainda é difícil ver a luz no fim do túnel.

Nossa única resposta é vivermos nossas vidas como sempre vivemos e não deixar que o terror alcance um dos seus maiores objetivos, o de espalhar o medo.

É muito triste, mas felizmente nossas vidas continuam como sempre, sem dar espaço àqueles que querem nos dominar pela dor.

Floriano Pesaro é Secretário de Estado do Desenvolvimento Social e Deputado Federal

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