A NECESSIDADE DO “NÃO” – POR AKIM ROHULA NETO

299_life_1_1Hoje em dia, as pessoas mais ousadas são aquelas que, simplesmente, têm a coragem de ser quem são, tal como são.


Olá leitor! Você já se pegou em uma situação em que deveria ter dito “não”, mas disse “sim” e ficou muito arrependido? Pois é, muitos de nós fazem isso, mas por que?

O ser humano é social por natureza, temos necessidade de criar e manter vínculos. Culturalmente passamos a crer que dizer “não” à alguém é um sinônimo de criar distância. Assim, ao pensar em dizer não já cria-se a imagem do afastamento e freamos nossa língua. Por outro lado, porque será que dizemos “não”?

Gosto de dizer que existe o “não” imaturo e o maduro. O primeiro é fruto de caprichos e leva sempre em conta o humor do momento. Em outras palavras, a pessoa diz não, porque resolveu dizê-lo, mas não há um compromisso com a negativa. O “não” maduro é fruto de reflexão pessoal e leva em conta necessidades, capacidades e objetivos que a pessoa tem. Ao contrário do primeiro, o segundo tipo de não é um compromisso, uma regra.

Dizemos não para estabelecer os limites dentro dos quais conseguimos manter nossas relações de forma saudável. Paradoxal não é? Tememos dizer não porque achamos que isso deteriora a relação, porém é justamente o contrário disso que nos motiva dizê-lo. Boa parte de nós, no entanto, sabe disso, o que nos falta é coragem para assumir.

Porque deveríamos criar esta coragem? Pelo simples fato de ao dizer o “não maduro”, estabelecemos relações mais saudáveis e realistas. Retiramos de nós e dos outros pesos que não precisamos carregar e focamos no essencial de nossas relações. Logo a coragem para dizer o não é necessária para que as relações se tornem mais maduras.

Obviamente, existem situações nas quais dizer “não” afasta a outra pessoa ou até mesmo possibilidades de negócios. É importante fazer uma análise da perda. Existem situações nas quais dizer “sim” ao invés de “não”, mantém a relação, porém, qual o custo disso? Acompanho em meu consultório centenas de casos nos quais a manutenção da relação se tornou impossível e o temido “não” apareceu tempos depois.

O paradoxo do “sim” é que ele muitas vezes mantém a relação ao custo de acabar com ela mais tarde. Quando o custo da manutenção é insustentável a longo prazo, de nada adianta tentar dizer “sim”. Porém, para isso é necessária a humildade para reconhecer nossos limites reais e nossos desejos mais fundamentais. Não abrir mão deles é a tarefa mais importante.

O que a realidade tem me mostrado em minha vida prática e nos atendimentos que realizo é que quando as pessoas dizem não de maneira madura, elas ganham respeito. Os ouros podem não gostar dos limites, mas reconhecem neles algo importante e, por este motivo, respeitam que os dá. É uma realidade: admiramos as pessoas que tem a coragem (e a ousadia) de viverem de acordo com suas regras e convicções.

Quando digo isso, não me refiro à pessoas excêntricas e extravagantes. As regras são simplesmente para manter nosso bem-estar. Hoje em dia, as pessoas mais ousadas são aquelas que, simplesmente, têm a coragem de ser quem são, tal como são.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

akimrohula@gmail.com

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