POR QUE O POVO JUDEU É CHAMADO DE YEHUDIM? – RABINO KALMAN PACKOUZ, AISH HATORÁ

300_história_5_1Nossas vidas têm muitas dificuldades, mas também muitas alegrias. Se focarmos no fato que cada segundo é bom, então teremos minutos repletos de bons segundos.


Por que o Povo Judeu é chamado, em hebraico, de ‘Yehudim’?

Quando nossa matriarca Lea deu a luz ao seu quarto filho, ela o chamou de ‘Yehuda’ (que, em hebraico, tem a mesma raiz da palavra ‘agradecimento’), para agradecer ao Todo-Poderoso por ter recebido mais do que era sua porção. Yaacov tinha quatro esposas e havia uma profecia de que ele teria 12 filhos. A lógica diria que cada esposa teria 3 filhos. Lea agradeceu a D’us por ter tido mais do que sua porção, 4 filhos e não apenas 3. Da mesma maneira, o Povo Judeu é agradecido ao Todo-Poderoso pelas bênçãos abundantes que Ele nos propicia.

Alguém poderia perguntar: “Rabino, mas eu não vejo estas bênçãos todas que o senhor está falando?”

Todos nós temos a oportunidade na vida de enxergarmos os fatos conforme nossa própria ótica. Esta ótica depende de experiências que vivenciamos no passado e também da maneira como nos ‘treinamos’ para ver as coisas que nos acontecem. Uma pessoa pode ver um copo d’água meio cheio ou meio vazio – e isto não depende se ela está bebendo ou está enchendo o copo! Existem pessoas que até enxergam o copo como sendo muito grande para a quantidade de água …

A Torá enfatiza muito a importância da característica da gratidão, tanto através dos exemplos de nossos antepassados como pelos mandamentos que nos ordenou a cumprir. Quando os Judeus atravessaram o Mar Vermelho, a primeira coisa que fizeram foi entoar um cântico de agradecimento ao Todo-Poderoso por tê-los salvo dos egípcios. Outro exemplo: os fazendeiros são instruídos a trazerem a Jerusalém as primeiras frutas que suas árvores produziram. (para mais exemplos, por favor, leia a Torá!)

Os Sábios do Talmud instituíram um programa diário prático para desenvolvermos a característica da gratidão: As primeiras palavras que pronunciamos de manhã são: ‘Modê Ani’. O trecho diz o seguinte: “Agradeço-lhe, rei vivo e eterno, por ter retornado, com compaixão, minha alma. Grande é sua dedicação a nós”.

Três vezes ao dia, de manhã, de tarde e à noite, os Judeus interrompem suas atividades para conversar com D’us, agradecer e fazer pedidos. Três vezes ao dia nos treinamos a trazer espiritualidade à maneira como enxergamos a vida. (Talvez você deseje comprar um Sidur em português? Clique em www.sefer.com.br/prodvar.aspx?codigo_produto=4742. Em inglês? www.artscroll.com/Books/sspp.html) .

Nas preces da manhã, começamos nosso ‘diálogo’ com uma série de bênçãos agradecendo a D’us por nossa visão, por podermos nos mover, por termos roupas e calçados, por termos a oportunidade de fazer o que Ele deseja, cumprindo Seus mandamentos para aperfeiçoarmos a nós e ao mundo também.

No Pirkei Avót (Ética dos Pais), um livro de ética Judaica compilado a quase 2.000 atrás, disponível em diversas línguas (inclusive o português), em seu quarto capítulo, no primeiro parágrafo, perguntaram ao grande Sábio Ben Zoma: “Quem é o homem rico?” Respondeu o Rabino: “Aquele que é feliz com o que tem”. Se quisermos ser felizes com nossa porção, precisamos focar naquilo que temos. Façamos uma lista de tudo aquilo pelo qual devemos estar gratos: podemos respirar, enxergar, ouvir, pensar. Partindo destes itens mais básicos, revisemos esta lista periodicamente, acrescentando aquilo que temos, cada um em particular, a agradecer. E agradeçamos!

Tenho um amigo que tem uma enfermidade muito grave. A qualquer momento ele pode morrer (a propósito, todos nós podemos a qualquer momento morrer). Quando lhe pergunto: “Como vai você?”, ele sempre responde com um grande sorriso: “Hoje é um grande dia para se estar vivo. A cada dia que podemos olhar a grama pelo lado de cima, é um grande dia!”

Nossas vidas têm muitas dificuldades, mas também muitas alegrias. Se focarmos no fato que cada segundo é bom, então teremos minutos repletos de bons segundos. E se focarmos no fato de que cada minuto é bom, então teremos horas repletas de bons minutos. E se focarmos nas boas horas, teremos dias repletos de boas horas. No final, teremos uma grande vida!

Quando visitei o Museu do Holocausto, em Washington D.C., fiquei muito comovido por um testemunho gravado em áudio. Um homem falou: “Um dia vi meu amigo Haim rezando. Era muito tarde para a prece da manhã e muito cedo para a prece da tarde. Eu lhe perguntei: ‘Haim, por que você está rezando?’ Ele respondeu: ‘Estou agradecendo a D’us’. Eu então falei: ‘Haim, olhe em volta. Você está num campo de concentração, as pessoas estão sendo torturadas e mortas. O que você poderia ter para agradecer a D’us?’

Haim respondeu: ‘Estou agradecendo a D’us por ser um dos nossos e não um deles’.”

Queridos leitores, está em nossas mãos como enxergar a vida! Escolhamos o copo metade cheio!


Pensamento:“Aprendamos dos erros dos outros. Não temos tempo suficiente para fazer todos eles sozinhos!”


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

NOTA:- Desejando contribuir para o Meor Hashabat acesse o www.aishdonate.com – Email – meor18@hotmail.com

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