ANÁLISE ESTRATÉGICA DO ORIENTE MÉDIO E A IMPORTÂNCIA DA DECLARAÇÃO BALFOUR – POR DAVID S. MORAN

301_ESPECIAL_1_1O ex-Ministro da Defesa de Israel, General Moshe Ya’alon, conhecido por Bugui, proferiu uma palestra nesta 2ª Feira(23 de outubro), em Herzeliya, dando uma clara visão do que pensa da realidade local e que foi bem recebida pelo grande público presente. Transcrevo breve resumo das coisas importantes que elaborou:

O Oriente Médio está passando a maior crise desde a época de Maomé, no Sec. VII, com transformações diárias. O relevante hoje, pode ser irrelevante amanhã. Líderes caem, países se desintegram.

Os Ocidentais (Obama?) queriam criar democracias na região, isto foi aproveitado pelos islamistas radicais vencer eleições. O Ocidente não entende bem este mundo.

O que Israel tem a fazer ante este Oriente Médio agitado? Com respeito à Síria, resolvemos não intervir e ao mesmo tempo lhes desenhamos linhas vermelhas para não serem transpassadas : Qualquer tentativa de transferir material bélico do Irã ao Líbano foi abortada, com mais de 100 ataque aéreos certeiros. Mesmo os russos, aliados dos sírios e do Irã, nos combates, não reclamaram. O Irã (que está intervindo na Síria) quis se aproveitar da situação, mas toda tentativa iraniana foi respondida a rigor.Israel tem ótimo Serviço de Inteligência

A guerra civil síria ainda não terminou, mesmo após 600.000 mortos e mais da metade da população local deslocada de suas casas. Verdadeira tragédia.

Sírios-sunitas nos pediram ajuda humanitária e nos lhes esclarecemos que o faremos com 2 condições: Que não permitam a jihadistas chegar próximo de Israel e que não lutem contra os druzos-sírios (que são pró Assad) pois eles tem parentes em Israel e estes são nossos irmãos, leais a Israel e servem no Exército de Defesa de Israel. Há anos, cerca de 200.000 habitantes sírios, sunitas, recebem ajuda humanitária de Israel. Esta inclui toneladas de alimentos, verduras, frutas, roupas e também atendimento médico aos necessitados. Dezenas de caminhões israelenses descarregam diariamente seu material aos sofridos sírios. (Isto a imprensa mundial não divulga).

O Estado Islâmico (Daesh) empenhado na Síria, entendeu e não meteu com Israel.

Gaza. Sabíamos o que tem que fazer. Lá há endereço que é o governo da Hamas. Nos combates da Operação Penhasco Firme, em 2014, contra bombardeamos só casas e edifícios que sabíamos da presença da Hamas. Esta se escondia com seu armamento covardemente em repartições civis. Há 3 anos que temos sossego e calma nesta fronteira. O próprio Hamas fala e ameaça, mas barra as organizações rebeldes.

O Conflito Árabe-Israelense por enquanto não é relevante. Estamos no mesmo barco, com a Arábia Saudita, Emirados Arabes Unidos, o Egito, a Jordania, Sudão, Marrocos e outros que veêm no Irã seu inimigo número 1. A minoria xiita contra a maioria sunita. (Cerca de 15% contra 85%). As 2 correntes do islão estão numa luta pela hegemonia regional.A Irmandade Muçulmana e Erdogan da Turquia querem khalifado islamico.
Irã é um inimigo comum de Israel e dos países árabes sunitas, considerados mais moderados (até o príncipe herdeiro da A.Saudita, disse nestes dias que quer voltar ao islão mais moderado, brando. Isto num país bastante radical, mas que entende que o mundo caminha para frente- DSM). O Irã usa a Hizballah no Líbano, milicias pro iranianas no Iraque (que é xiita) auxiliados por forças do Paquistão contra os curdos. No Yemen, a minoria huti tomou o poder e o Irã tenta agitar no Baharein e Arabia Saudita.

Irã está determinada a ter armas nucleares. As críticas sôbre o acordo são justas e há provas de que o Irã viola os acordos do Conselho de Segurança da ONU e dos Direitos Humanos.

O Conflito com os palestinos. O ex Ministro, Yaálon disse que foi a favor dos Acordos de Oslo, “prefiro o adam al haádama”.( em hebraico há palavras que saem da mesma raíz: adom (vermelho- de sangue),adam (ser humano) e adamá (terra)- DSM). Ya’alon: “prefiro o ser humano ao solo… Estou doido de ter a paz. O uso do poder militar é o último recurso. Ehud Barak, o na época de Oslo, Comandante do Exercito, disse em 1994, “que o Acordo de Oslo tem mais furos que um queijo suiço”. No lado palestino, ainda não apareceu uma liderança que esteja disposta a reconciliação sobre a terra. Para êles a ocupação começou em 1948( e não em 1967). Ya’alon, quando chefe do Serviço de Inteligência, disse ao premier Itzhak Rabin que Arafat não está preparando seu povo para a paz. Os livros ecolares palestinos estão repletos de ódio aos judeus e a fazer o jihad (guerra santa).

Israel fez e faz tentativas de chegar a paz, o outro lado rejeita.Infelizmente, entre nos criamos a política de “mea culpa”. O General Ya’alon, nãoi vê acordo num futuro próximo.

A Autoridade Palestina incentiva o terror ao pagar as familias de terroristas presos ou mortos em atentados contra israelenses 12.500 shekel (cerca de 3.500 dolares), mensalmente, uma soma fabulosa. Tem que párar com isso e mudar os livros escolares que espalham o ódio.
Israel e os palestinos são conectados como gêmeos siameses. Atualmente 130 mil palestinos trabalham em Israel e ou com israelenses:70 mil com permissão e 60 mil em companhias israelenses na Cisjordânia ou em Israel ilegalmente. Produtos têxteis israelenses são fabricados na China ou na Cisjordânia. O boicote incentivado pela BDS contra ompanhias israelenses prejudica mais os palestinos. Êstes trabalham perto de casa e recebem salarios muito maiores que seus pares empregados em companhias palestinas. Na área da segurança, as forças de segurança palestinas agem contra terroristas e forças de Israel os complementam.

Até quando teremos que pegar em armas, pergunta Ya’alon e responde: até que nossos inimigos entendam que estamos aqui para sempre. O que está em prova é a potência da sociedade israelense. No nosso 70° aniversário de Independência, do ponto de vista militar, temos em quem confiar. O exército é de qualidade, tecnologico, eficiente. Diante dos inimigos, mesmo o Irã, saberemos como agir.

O que lhe preocupa é o que acontece internamente. Divisão por politicagem, incitação, isto nos enfraquece. Por isso se demitiu do gabinete em 2016. Pela radicalização do Likud,que foi seu partido, Ya’alon diz que hoje nem Jabotinsky ou Begin passariam pelas primárias do partido. Primeiro Ministro na 3ª gestão sob inqueritos policias de possíveis corrupções, não pode exigir lei que 1° Ministro no cargo, não seja investigado.

Contudo, o General Moshe “Bugui” Ya’alon está otimista e acredita que deverá vir uma mudança. Ele não quis entrar em assuntos políticos, mas está se preparando para quando indicada data de eleições pular na piscina e quer nadar longe.


MOSHE “BUGUI” YA’ALON. Nasceu em 1950, ingressou no exército em 1968. Foi paraquedista e também serviu em unidades de comando. Terminou seu serviço militar em 1971 na patente de Primeiro Sargento. Voltou ao exército como reservista na Guerra do Yom Kipur, em 1973, e lutou na Brigada dos Paraquedistas, que foram os primeiros a atravessar o Canal de Suez e passar à África. Depois da guerra, foi a curso de oficiais militares que terminou com distinção. Soldado e comandante feroz, lutou em inúmeros combates e foi ferido algumas vezes, inclusive numa perseguição a terroristas no Líbano. Recuperado, estudou na Escola Superior de Guerra na Inglaterra. Foi depois nomeado comandante da Sayeret Matcal, unidade de elite de comando que sob seu comando recebeu 4 medalhas de distinção, sigilosas. Uma delas certamente pela operação na longicua Tunísia, onde fecharam conta com o comandante militar da OLP, Abu Jihad, responsável por inúmeras mortes de israelenses. Ya’alon foi comandante do Serviço de Inteligência e em julho de 2002 nomeado Chefe do Estado Maior do Exército.

Em 2008 iniciou carreira política, ingressando no Likud. Foi vice Primeiro Ministro e Ministro de Assuntos Estrategicos. Em 2013 nomeado Ministro da Defesa até sua renúncia em 2016, por divergências com Netanyahu.


A IMPORTÂNCIA DA DECLARAÇÃO BALFOUR – 100 ANOS

No último dia 2 de novembro foi comemorado o centenário da Declaração Balfour, que é um marco de suma importância para Israel e para os judeus na era moderna.

Depois de 1800 anos de dispersão, expulsos pelos romanos que conquistaram a Judeia e Jerusalem, no dia 2/11/1917, o Ministro do Exterior inglês, Lord Arthur James Balfour escreveu um documento que reconhece o direito legal do povo judeu a um Lar Nacional na Terra de Israel. Após a conquista do Império Otomano e devotos conhecedores do antigo testamento, o Primeiro Ministro inglês, David Lloyd George e seu Ministro do Exterior, Lord Balfour, não tiveram dúvidas. A área que se chamava Palestina, era desde os primórdios a Terra de Israel (Eretz Israel). Na presidência da Federação Sionista estava o químico Dr. Chaim Weizmann, que por seu prestígio profissional,tinha acesso direto ao governo inglês. Tinha que lutar muito contra oponentes no governo, mas no final para a felicidade geral foi emitida esta importante declaração que dá legitimidade a criação do Estado de Israel. Judeus do mundo todo vibraram, no 1° aniversário da declaração, ouviu-se a canção Hava Naguila, que se tornou muito famosa no mundo e significa “Vamos nos Alegrar”.

O Lord Balfour não teve filhos e seu título passou aos filhos do seu irmão. Recentemente seu sobrinho-neto, Lord Rudy Balfour deu entrevista ao jornal Israel Hayom. Entre outras ele diz: “não entendo o choro árabe palestino. Eles viveram naquela terra da Palestina e não a desenvolveram e nem se ajudaram…a Inglaterra apoiou a criação de um Lar Nacional Judeu em área arruinada, cheia de pântanos e desabitada. Quem acreditaria que os israelenses criariam um estado tão glorioso. Secaram os pântanos e fundaram kibutzim. Os árabes podiam fazer o mesmo e não o fizeram. Israel tornou-se uma nação agrícola, tecnológica e de economia próspera. Uma coisa que entristeceria o Lord James Balfour é o contínuo conflito entre os palestinos e israelenses”.Isto entristece também o Lord Rudy, que tem muita simpatia por Israel e o vê em contínua luta para chegar a um acordo de paz e continuando progredir,

Mahmoud (Abu Mazen) Abbas e os palestinos exigiu da Inglaterra que se desculpe por emitir a Declaração Balfour,“que trouxe desastre aos palestinos e a tomada de suas terras”. Theresa May, atual 1ª Ministra da Inglaterra e talvez a mais pro israelense a morar no Downing 10, recusou terminantemente. Não só que não se desculpou, disse que se orgulha do papel que a Inglaterra desempenhou no estabelecimento do Estado de Israel. Já em dezembro de 2016, May declarou a Associação dos Amigos de Israel do Partido Conservador que:”a declaração Balfour é uma das mais importantes da história”.


DAVID S. MORAN – Mora em Israel, é formado em Relações Internacionais pela Universidade Hebraica de Jerusalém e Major da reserva do exército israelense.

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