MEDIDA POR MEDIDA – RAV EFRAIM BIRBOJM

304_hebraica_4_1Da mesma maneira que fazemos bondades, assim somos recompensados; e da mesma maneira que erramos, assim D’us chama a nossa atenção, para que possamos entender a mensagem e melhorar nossos atos.


“Há muitos anos, uma senhora idosa faleceu em uma rua da cidade de Bnei Brak. Uma multidão se aglomerou, mas ninguém a conhecia. Encontraram documentos dela e descobriram que era moradora de outra cidade. Entraram em contato com vizinhos, mas eles disseram que ela era muito reservada, vivia sozinha e não tinha parentes.

Os rabinos não queriam que ela fosse levada ao Instituto Médico Legal (IML), pois os médicos de lá, que não eram observantes de Torá e Mitzvót, certamente fariam a autópsia do corpo, descumprindo a Halachá (Lei judaica) de cuidar da santidade do corpo mesmo depois da morte. Portanto, decidiram levar o corpo para dentro de uma sinagoga próxima, para fazer ali o velório e depois levar o corpo diretamente ao cemitério. Porém, quando o chefe da polícia soube que uma pessoa havia falecido no meio da rua, enviou uma viatura ao local. Os policiais disseram que, de acordo com a lei, estavam obrigados a levar o corpo daquela senhora para o IML. Porém, a multidão reunida no local, que aumentava cada vez mais, não permitiu que o corpo da senhora fosse levado. Uma grande confusão se iniciou e a polícia pediu reforços. A notícia se espalhou por Bnei Brak e, em poucos minutos, milhares de pessoas se reuniram ao redor da sinagoga, fazendo uma corrente humana, enquanto dentro da sinagoga centenas de mulheres recitavam Tehilim (Salmos) em volta do corpo.

A polícia, determinada a levar o corpo, começou a usar a força. Porém, as pessoas tentaram convencer o comandante da operação de que desta maneira haveria feridos e a violência poderia sair de controle. Conseguiram convencer os policiais de que o mais sensato seria permitir o enterro e encerrar a discussão. Após alguns minutos de negociação, o comandante cedeu e retirou os policiais.

A população de Bnei Brak pôde então iniciar o enterro daquela senhora, com milhares de pessoas acompanhando. Algo incrível estava acontecendo. Uma mulher desconhecida, sem parentes, saiu de sua cidade e foi para Bnei Brak, onde faleceu no meio da rua. Centenas de pessoas recitaram Tehilim por ela e milhares enfrentaram a polícia para que não fosse feita uma autópsia desrespeitosa em seu corpo. Além disso, aquela senhora sem parentes teve um enterro digno de grandes sábios de Torá, com milhares de pessoas acompanhando. Houveram discursos fúnebres proferidos por rabinos e uma pessoa foi apontada para falar o Kadish durante um ano por aquela senhora.

Finalmente, o motivo de tanta honra acabou vindo à tona. Uma pessoa que a conhecia da época da Segunda Guerra Mundial relatou que ela havia vivido por algum tempo em um gueto e arriscava a vida para enterrar as mulheres que faleciam, para que seus corpos não ficassem expostos e não fossem desprezados”

Esta é uma das características mais marcantes de D’us, o “Midá Kenegued Midá” (medida por medida). Da mesma maneira que fazemos bondades, assim somos recompensados; e da mesma maneira que erramos, assim D’us chama a nossa atenção, para que possamos entender a mensagem e melhorar nossos atos.


RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Saiba mais.

Email: efraimbirbojm@gmail.com

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