SEMINÁRIO E LANÇAMENTO DE LIVRO MARCAM OS SETE ANOS DA CÁTEDRA DA CULTURA JUDAICA DA PUC-SP

Para marcar os sete anos da Cátedra da Cultura Judaica da PUC-SP, foi realizado o seminário “O mundo depois do Holocausto: direitos humanos e direitos nacionais”. O evento aconteceu no edifício Reitor Bandeira de Mello, da PUC-SP.

No mesmo dia, aconteceu o lançamento do livro “A força da Mentira – a grande farsa de Os Protocolos dos Sábios de Sião” (480 páginas, R$ 81,00, Educ), de Hadassa Ben-Itto, com tradução da jornalista Miriam Sanger, que esteve presente no evento. A instigante obra penetra nos principais julgamentos a respeito desse livro que é o grande clássico da literatura antissemita no mundo.

Sobre a Cátedra da Cultura Judaica

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No final do ano de 2009 surgiu a ideia para a criação de um centro focado em estudos sobre o judaísmo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Esta ideia foi concebida na Pontifícia Academia Scientiarum, uma das Academias Pontificiais, ligada à Cúria Romana, e proposta à Secretaria-Executiva da Fundação São Paulo, que , em conjunto com a Reitoria, assim elegeu membros para que se pudessem iniciar os trabalhos. Durante o ano de 2010, uma comissão trabalhou intensamente para formatar a proposta e, após consulta à Pró Reitoria de Pós-graduação e Pró Reitoria de Graduação (recebendo pareceres favoráveis) no dia 27 de outubro de 2010 o Reitor da PUC-SP apresentou a proposta ao Conselho Universitário (CONSUN) que aprovou por unanimidade a criação da Cátedra da Cultura Judaica da PUC-SP.

Instalada em novembro de 2010, a Cátedra da Cultura Judaica da PUC-SP tem como objetivo a promoção de estudos diversos de relevância da Cultura Judaica, em aspectos como a língua hebraica, judaísmo bíblico e contemporâneo, políticas internacionais e história dos povos antigos. Busca também criar instrumentos para a compreensão e fomento ao diálogo intercultural e fortalecimento do diálogo inter-religioso, assim como identificar e valorizar o papel das comunidades judaicas na formação sociocultural do Brasil, discutir a diversidade cultural, sob a temática da promoção de valores éticos a partir da perspectiva judaico-cristã; apoiar o desenvolvimento de pesquisas de demanda sobre judaísmo-cristianismo e a nacionalidade brasileira; articular ações entre os setores público, privado, universitário e governamental para a utilização de conteúdos de referência no ensino; sugerir a adoção de conteúdos e disciplinas de temáticas pertencentes aos estudos sobre cultura judaica nos cursos de graduação e pós-graduação, produzir a difusão de conhecimentos a respeito de cultura judaica, capacitar professores e alunos de escolas públicas e particulares de Ensino Médio com relação aos diálogos inter-religiosos, identificar e avaliar experiências internacionais e promover debates com dirigentes e sociedade.

“Nesses sete anos de existência, a Cátedra promoveu cursos de História Judaica, Cultura Judaica, Poesia Bíblica, Hebraico Bíblico, seminários nacionais e internacionais sobre variados temas e cursos de direito internacional, entre outras atividades, com a criação em 2017 da “Coleção Cátedra da Cultura Judaica” na Educ – Editora da PUC-SP”, diz José Luiz Goldfarb (foto), coordenador da Cátedra da Cultura Judaica e diretor da Educ.

Sobre o Livro “A Força da Mentira – a grande farsa de Os Protocolos dos Sábios de Sião”

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A Educ (Editora da PUC-SP) lança no Brasil o livro “A Força da Mentira – a grande farsa de Os Protocolos dos Sábios de Sião” (The Lie That Wouldn’t Die), da juíza israelense Hadassa Ben-Itto (foto). Com 480 páginas, preço de R$ 81,00 e excelente tradução da jornalista brasileira, residente em Israel, Miriam Sanger, a instigante obra penetra nos grandes julgamentos a respeito desse livro que é o grande clássico da literatura antissemita no mundo. O livro será vendido nas melhores livrarias do ramo e pelo site da Livraria da Física: www.livrariadafisica.com.br.

The Lie That Wouldn’t Die foi publicado pela primeira vez, com grande repercussão, em alemão e hebraico, em 1998. Foram três edições em cada idioma. Depois, foi traduzido também para o inglês (duas edições), russo, holandês, espanhol, húngaro, búlgaro, romeno, árabe, parsi e, agora, português. Escrito em inglês, o livro foi traduzido pela própria autora para o hebraico.

Em “A Força da Mentira – a grande farsa de Os Protocolos dos Sábios de Sião”, a juíza conta, em linguagem agradável e tom de romance, seu primeiro contato com o infame Os Protocolos dos Sábios de Sião, sua busca pelas origens do texto, sua entrevista com os envolvidos em sua redação e publicação, sua investigação em diversos países e os dois julgamentos públicos da obra, realizados na África do Sul e na Suíça.

Como relata a autora, “de todos os libelos que já serviram como meio de incitação contra os judeus e como justificativa intelectual para o antissemitismo, o mito da assim chamada ‘conspiração judaica de dominação mundial’ – que foi materializado na farsa expressa em Os Protocolos dos Sábios de Sião – é provavelmente o mais capcioso e, a longo prazo, o mais perigoso entre todos”.

A Força da Mentira traz a história daqueles que forjaram esse texto, que o utilizaram e o distribuíram pelo mundo. Ao mesmo tempo, presta homenagem àqueles que o expuseram e o contestaram. No decorrer do último século, essa farsa foi publicada e disseminada em praticamente todos os idiomas conhecidos nos países civilizados. “Por outro lado, tem sido repetidamente, por muitas décadas, desafiada e exposta em países democráticos, por jornalistas honestos, historiadores eruditos, políticos e diplomatas, líderes religiosos, ex-agentes policiais e, acima de tudo, por juízes corajosos, responsáveis e irrepreensíveis em países democráticos. A própria história atroz do século 20 refuta essa terrível mentira”, escreve a autora.

A obra de Hadassa Ben-Itto traz elogiosos prefácios de Lord Harry Woolf, chefe do Supremo Tribunal da Inglaterra, e do juiz Edward R. Korman, desembargador do Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Leste de Nova York.

Nascida na Polônia em 1926, Hadassa Ben-Itto é advogada especializada em lei criminal. Atuou por 31 anos como juíza (desde 1970) e aposentou-se precocemente, em 1991 de seu posto na Suprema Corte de Israel, comprometida com a investigação e a publicação do livro (The Lie That Wouldn’t Die). Atuou como membro da delegação israelense na ONU em 1965 e 1975. Representou Israel nos mais importantes eventos internacionais, como a Conferência de Direitos Humanos da Unesco, em Paris em 1982. Foi presidente da Associação Internacional de Advogados e Juristas Judeus (IAJLJ) de 1988 a 2004; nesse ano foi eleita como Presidente Honorária e coordenadora do comitê de combate do antissemitismo. Hadassa Ben-Itto dedicou-se por seis anos à pesquisa e redação dessa magnífica obra.

Sobre Miriam Sanger

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Jornalista e tradutora, 48 anos, Miriam Sanger vive em Israel desde 2012. Escreve artigos, como freelancer, para vários veículos do País. Já publicou cinco livros. “A Força da Mentira – a grande farsa de Os Protocolos dos Sábios de Sião”, é sua primeira tradução.

Prefácio do livro, pelo Dr. Carlos Roberto Schlesinger, presidente da Associação de Advogados e Juristas Brasil-Israel

No meio do caminho havia uma pedra. Havia uma pedra no meio do caminho da carreira de Hadassa Ben-Itto. A experiente juíza israelense se deparou com ela em 1965, quando, ao representar o Estado de Israel na 20ª sessão da Assembleia Geral da ONU, foi apontada como a “delegada dos sábios de Sião” por representantes de vários países que não reconheciam – e ainda não o fazem hoje – o Estado de Israel. Sequer mencionavam o nome do país, como conta a autora nesta obra, agora lançada em português.

Ao identificar um cidadão israelense com o terrível conceito descrito em Os Protocolos dos Sábios de Sião, desqualifica-se o próprio Estado de Israel. Afinal, se o nome da nação pode ser substituído por essa expressão mentirosa, atribui-se a ele os mesmos princípios defendidos naquela que já foi comprovada ser a maior farsa literária do século 20: a de que o país foi criado visando à dominação mundial, à eliminação do cristianismo e à soberania econômica por meio da especulação e da trapaça.

Nos diferentes “encontros” entre Hadassa e Os Protocolos, como ela descreve logo no primeiro capítulo de seu livro, fica evidente sua indagação perene quase ingênua, explicitada por sua dificuldade em compreender que o mundo de fato conferiu a eles um dia, e ainda confere, credibilidade. Uma farsa criada com o propósito de acirrar os ânimos de russos, alemães, europeus e não judeus do mundo todo contra uma “arrogante, criminosa e assassina associação secreta”, que, acusam, não teria nem ao menos escrúpulos em documentar e sistematizar seus planos.

Hadassa indigna-se, repito, com comovedora inocência, contra o texto apócrifo:

“Quem poderia acreditar que havia uma conspiração judaica com o objetivo de dominar o mundo? Tudo o que nós queríamos, eu refleti naquele momento, era sermos aceitos como iguais. Sempre, em todas as sociedades em que vivemos, tentamos nos misturar, ser admitidos em suas escolas e em seus clubes, convidados em suas casas…. Buscamos a excelência, claro, mas isso significava dominar e governar os demais?”

A autora aposentou-se da Corte Suprema de Israel para se dedicar à fantástica incursão na história dos julgamentos sobre os Protocolos, da qual nos dá conta a obra A Força da Mentira. A abordagem inusitada – examinar as questões judiciárias em lugar de preparar um libelo contra o livro – é significativamente atual. Vivemos tempos assustadores, de discursos extremistas e de sua veiculação por diferentes meios, em especial pela internet. As massas ignaras se apresentam despudoradamente para explicitar seus conceitos racistas, excludentes e que têm temperado historicamente o caldo do qual os Protocolos são o veículo excipiente.

A discussão em todos os foros possíveis dos discursos de ódio contra judeus – e que atingirá, no final, a todos – é uma urgência. Neste cenário, A Força da Mentira surge na impecável tradução de Miriam Sanger para aparelhar esta interminável luta. A edição brasileira dos Protocolos dos Sábios de Sião, traduzida e apostilada por Gustavo Barroso, líder integralista e considerado por muitos o mais antissemita intelectual brasileiro, é vendida a 1 real pela internet. Outras versões podem ser baixadas livremente.

Edições da Editora Revisão, Edições Júpiter e outras circulam no Brasil e jamais foram questionadas. É uma questão complexa, a da liberdade de informação versus a veiculação de discurso incitador de ódio racial, étnico ou de qualquer forma sectário. Talvez a leitura de A Força da Mentira possa nos auxiliar a lidar com essas ferramentas de contenção e sua forma de utilização para eliminação de discursos insidiosos como o dos Protocolos, o da perfídia incrustada na voz da vítima, como se fosse ela sua autora.

Um discurso que não será ultrapassado se não for enfrentado e destruído pelo expurgo catártico da análise de seus métodos e pela análise dialética que Hadassa Ben-Itto teve em seu heroico empenho de aprofundar, na faina da procura e do encontro de fontes primárias a espessar sua obra. O caminho de Hadassa Ben-Itto está livre, por ter afastado com força atlântica aquela pedra que se atravessou no seu caminho. Agora é nossa vez de agir.

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