É ENSINANDO QUE SE APRENDE – RAV EFRAIM BIRBOJM

309_historia_4_1A Sra. Thompson era uma professora experiente do sexto ano. Ela tinha o costume de, no primeiro dia de aula, dizer aos alunos que gostava de todos igualmente. No entanto, ela sabia que isto não seria verdade naquele ano, já que na primeira fila estava sentado um garoto chamado Teddy. A professora havia escutado coisas muito negativas sobre ele. Sabia que ele não se dava bem com os colegas de classe e vinha muitas vezes para a escola com roupas sujas e cheirando mal. Teddy provavelmente seria daquele tipo de aluno que ela sentiria até mesmo prazer em lhe dar notas vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos.

Para piorar, no primeiro dia de aula todos os alunos haviam trazido para ela presentes de boas-vindas. Eram presentes simples, mas embrulhados em papéis coloridos e brilhante, exceto o de Teddy, que estava enrolado em um papel marrom de supermercado. Quando a Sra. Thompson abriu o pacote dele e retirou uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade, os outros alunos deram gargalhadas. Para não envergonhá-lo ainda mais, ela agradeceu o presente, pôs a pulseira no braço e passou um pouco do perfume.

No final do dia, quando todos os alunos já tinham saído, a Sra. Thompson começou a ler a ficha escolar de cada um deles. A ficha de Teddy chamou muito sua atenção. A professora do primeiro ano havia escrito que ele era um menino alegre, brilhante e simpático, com trabalhos sempre em ordem e muito caprichoso. Porém, ela leu nos anos seguintes que a mãe de Teddy estava muito doente, o que começou a afetar seu desempenho escolar. Até que ela chegou às anotações do quarto ano, onde estava registrado que a mãe de Teddy havia falecido, um terrível golpe para ele. A partir daí Teddy se tornou distraído e desinteressado, com graves problemas com os outros alunos.

A Sra. Thompson parou de ler, envergonhada. Sentiu-se ainda pior quando se lembrou dos presentes que os alunos haviam dado de manhã. Teddy havia ficado até um pouco mais tarde na escola, somente para dizer a ela: “Você está cheirosa como a mamãe”. Agora ela entendia o que ele quis dizer com aquela frase. Depois que todos os professores já haviam saído, a Sra. Thompson chorou por muito tempo. Em seguida, ela decidiu mudar completamente sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente a Teddy. Com o passar do tempo ela notou que ele só melhorava. Quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava. Ao finalizar o sexto ano, Teddy era o melhor aluno da classe.

Cinco anos depois, a Sra. Thompson recebeu uma carta de Teddy, na qual ele contava que havia concluído o segundo grau como o terceiro melhor aluno da turma e que, apesar de ter conhecido excelentes professores, ela continuava sendo a melhor professora que ele tivera na vida. Mais cinco anos e ela recebeu outra carta de Teddy, dizendo que, apesar das dificuldades, ele estava se formando na faculdade. Mais uma vez ele aproveitou para ressaltar que a Sra. Thompson continuava sendo a melhor professora da sua vida. Depois disto, outros quatro anos se passaram e ela recebeu uma carta, desta vez com Teddy contando sobre seu doutorado e suas pretensões de crescer na carreira. A carta terminava com a afirmação de que ela ainda era a sua melhor professora. Mas agora a assinatura dele era mais longa: Doutor Theodore F. Stoddard.

Na primavera seguinte, Teddy escreveu que havia conhecido uma garota e iria se casar. Explicou que seu pai havia falecido alguns anos atrás e ele queria convidar a Sra. Thompson para entrar com ele na cerimônia e sentar-se no lugar que era reservado para a mãe do noivo. A Sra. Thompson aceitou, lisonjeada, o convite. No grande dia, a Sra. Thompson usou aquela pulseira com algumas pedras faltando e passou um pouco do perfume que Teddy havia lhe dado de presente no sexto ano. Quando os dois se encontraram, choraram por um longo tempo. Teddy então falou:

– Obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando que eu podia fazer a diferença.

A Sra. Thompson, com lágrimas nos olhos, respondeu de volta:

– Teddy, foi você quem me mostrou que eu poderia fazer a diferença. Eu não sabia ensinar até conhecer você.


RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Saiba mais.
Email: efraimbirbojm@gmail.com

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