ABRIR-SE À EXPERIÊNCIA – UMA ATITUDE PARA A VIDA – POR AKIM ROHULA NETO

312_saúde_2_1“Encontrar-se” com a experiência é algo que nos leva adiante. Nos leva além da tradicional pergunta: o que eu faço com isso?.


O ser humano tem muitas dúvidas. Existir é, por sua “natureza”, uma atividade destinada ao paradoxo e inconsistência. A “angústia existencial” é sentida por todos nós em algum momento da vida. Queremos resposta, não as encontramos. Pensamos. Achamos algo, serve durante um tempo e logo se esvai novamente. Você já sentiu isso?

Foi como disse antes: todos já passamos por isso. Na verdade, seria mais preciso dizer que sentimos isso sempre, ao longo de toda a vida. Porém, esta frase pode soar de forma muito negativa para muitas pessoas. “Mas e a´, fica sem resposta então? Vale tudo ou nada existe?”. A revolta é válida, pois angústia é muito grande. Porém, que tal olhar para este problema de outra maneira?

O “problema” é que, “não há problema”. Ao descrevemos a natureza inconsistente da vida, não a destituímos de sentido, pelo contrário é justamente nesta acepção que ela encontra o seu jeito de ser. O “problema”, de fato, reside em abrir mão de uma atitude que é definir como a vida deve ser. Enquanto buscamos – onde quer que seja – uma maneira “real” de como viver a vida, deixamos de lado a sua experiência que é sempre maior do que nossas explicações sobre ela.

Porém abrir mão dessa forma de pensar o mundo é complicado, pois a usamos desde tenra idade. Há outra atitude que também temos desde tenra idade, mas que, ao longo dos anos, abandonamos. Estar aberto. Nesta perspectiva, não criamos uma resposta antes da experiência. Não criamos respostas, pois não formulamos perguntas. Apenas nos abrimos a experiência da maneira pela qual ela ocorre.

Isso se trata de uma atitude diante da vida. Sua base é a aceitação. Aceitar significa dizer “sim” para aquilo que é percebido tal como é percebido. É uma atitude que exige muita coragem, pois nem sempre “gostamos” do que vemos ou sentimos. Em outros casos julgamos e também é difícil aceitar o que há nessas situações. Porém, a atitude nos leva de encontro.

“Encontrar-se” com a experiência é algo que nos leva adiante. Nos leva além da tradicional pergunta: o que eu faço com isso? Transcende-se essa questão não pelo fato de sua relevância, mas sim, pois, ao entrar em contato com “mais” experiência perceber-se que a atitude diante do que existe não precisa de pergunta para se evidenciar, ela se faz ao tomar a existência para si.

Esta “tomada da existência” é o que “visa” a atitude de “estar aberto”. A abertura, em si, no entanto, não visa nada, ou seja, ela por si só não quer “chegar em algum lugar”. Isso é algo difícil para nós Ocidentais. Ela chega em si, ou seja, o seu ponto de chegada é a experiência na qual já estamos. Ela não traz um significado para a experiência, mas, sim, um sentido.

Abrir-se, então, é experienciar um sentido. Ele não se cria, já está acontecendo. Esse é o fato pelo qual esta atitude é tão difícil para nós: queremos controlar e saber o que fazer, quando, na verdade, algo já está acontecendo. Nossa “tarefa”, por assim dizer, consiste, então, não em determinar algo, pois isso já está determinado, mas, sim, em tomar parte do sentido que já ocorre e suportar essa experiência em sua plenitude.

Então surgem respostas, não porque “aprendemos algo” intelectualmente falando, mas porque vimos o sentido do movimento e o tomamos para nós. Aceitamos um “destino” por assim dizer. E nisso é que podemos fazer algo. É como o surfista: ele não faz a onda, apenas a toma para si e surfa.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

akimrohula@gmail.com

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