O QUE DOZE MENINOS NUMA CAVERNA NOS ENSINARAM? – RABINO ARIEH RAICHMAN
Hoje, nós podemos não ter uma equipe de 100 pessoas nos dizendo para mover ou fazer certas coisas, mas quando cumprimos os mandamentos sabemos que estamos sendo dirigidos por D’us, onde quer que estejamos.
Por mais de duas semanas, um time de futebol de 12 pessoas, junto com seu técnico, ficou preso em uma caverna na Tailândia. Houve grandes desafios para tirá-los, pois a caverna estava cheia de água. Enquanto a equipe de resgate trabalhava para salvá-los, eles escreveram cartas para os pais e encorajaram um ao outro a permanecerem fortes.
Por que D’us faria um evento tão perigoso ocorrer e qual é a lição para nós?
A porção da Torá desta semana é Massei, que significa ‘jornadas’. Nela lista todos os lugares por onde a nação judaica viajou no deserto, como diz: “Moisés registrou seus pontos de partida para suas jornadas de acordo com a palavra do Senhor.” A palavra usada para ‘ponto de partida’ em hebraico é Motzieihem, que também pode significar ‘tirar’. Em cada jornada, havia uma centelha espiritual para a nação judaica refinar e elevar. Alguns locais exigiam um maior refinamento, de modo que sua permanência ali era mais longa. Durante os 40 anos no deserto, a nação viajou apenas onde D’us os havia orientado a ir.
Lições Divinas
A história do time de futebol tailandês e a jornada da nação judaica nos ensinam várias lições. Gostaria de destacar duas delas.
1) Durante o tempo em que os meninos estavam na caverna, houve um grande esforço para não atrasar o resgate, pois as águas estavam subindo por causa das chuvas de monção. Na verdade, os socorristas estavam bombeando água para diminuir o perigo do aumento das águas. No entanto, uma vez que os meninos foram salvos a bomba teve um mau funcionamento e a água começou a voltar em vez de sair. A equipe de resgate ainda não havia recuperado todos os seus equipamentos e decidiu deixar mais de 30 tanques de oxigênio na caverna.
Quando a nação judaica viajava, a nuvem a direcionava para o lugar exato onde eles deveriam viajar. É verdade que hoje não temos uma nuvem sobre nós, mas sabemos que onde quer que nos encontremos é a localização exata que devemos estar. Há (apenas) uma possível razão pela qual D’us faria esses garotos ficarem na caverna por tanto tempo. A caverna exigia um refinamento espiritual. Quando, espiritualmente, terminaram de elevar a localização, a caverna encheu-se de água novamente. Devemos reconhecer que quaisquer “atrasos” ou “acaso” que ocorre, é intencional e serve para fazermos algo espiritual naquele local.
2) Havia mais de 100 pessoas para cada missão de resgate. As pessoas estavam empolgadas e esforçaram-se para salvar cada rapaz. No entanto, imagine o medo do garoto quando vieram salvá-lo. Ele provavelmente estava com medo de mergulhar, se acostumara com a caverna e não sabia o que aconteceria com ele. No entanto, o simples fato de que ele não estava por conta própria, e havia centenas de pessoas trabalhando para tirá-lo aliviou seus medos.
Para onde quer que a nação judaica fosse, ela poderia ter medo do desconhecido, já que se acostumava com sua localização anterior. No entanto, quando ela percebia que D’us estava guiando-a e que Ele estava lhe dizendo para seguir em frente, os judeus se moveram sem medo. Hoje, nós podemos não ter uma equipe de 100 pessoas nos dizendo para mover ou fazer certas coisas, mas quando cumprimos os mandamentos sabemos que estamos sendo dirigidos por D’us, onde quer que estejamos.
Shalom.
Rabino Arieh Raichman – Nasceu em Houston, Texas, e estudou em várias Yeshivot da Argentina, Brasil e Estados Unidos. Recebeu sua Smicha- Certificado de Rabino da Rabbinical College of America, e também é formado em Mohel. Desde 2009, juntamente com sua esposa e quatro filhos, é o emissário de Chabad em Manaus, Amazonas.
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