SOBRE A RAIVA – POR AKIM ROHULA NETO

322_saúde_4_1Quem nunca ficou com raiva de alguém ou de alguma situação? O sentimento consta entre um dos mais antigos da humanidade e aparece em vários contos de formação do mundo.

A raiva, em seu aspecto mais comum nos lembra das brigas e ferimentos que as mesmas causam. Destruição, rupturas e sentimentos feridos são as imagens às quais a raiva nos remete. Porém é importante olhar para além disso e compreender algo mais essencial à esta emoção.

Ocorre que dificilmente sentimos raiva “por qualquer coisa”. Em geral, o sentimento está relacionado com algo que é importante para nós. Mesmo que esta importância esteja afastada de nossa consciência, situação muito comum. Portanto, o sentimento tem a ver não apenas com destruição, mas, também com algo que nos é importante.

A raiva, assim sendo, possui também um caráter protetor. Sua necessidade em nosso sistema psíquico se dá para proteger algo. Em geral, uma parte imatura de nossa psique precisa se proteger de alguma maneira do mundo e usa a raiva para fazer isso. Neste sentido usa-se a raiva para criar uma barreira protetora, que afasta qualquer elemento que a pessoa considere capaz de ferir a parte imatura.

Olhar a raiva com profundidade significa olhar para o medo que está por detrás dela. Perceber a ameaça que é sentida pela pessoa que está com raiva é uma atitude muito difícil de se atingir. Em geral levamos a raiva alheia para o lado pessoal e passamos a nos defender dela. Este comportamento defensivo apenas aumenta a certeza que o outro tem de que somos uma ameaça.

Para conseguir perceber no outro aquilo que ele teme, precisamos abrir nosso olhar e perceber o nosso medo. Apenas quando alguém está em sintonia com aquilo que lhe causa medo é capaz de perceber estes sinais no outro sem tomar para o lado pessoal. É quase como se assumisse uma atitude de: “ah, bem, sei como é, também me sinto assim às vezes’. Esta atitude causa empatia pelo medo alheio e isso conforta, mesmo que a pessoa não consiga expressar isso.

Então, na próxima vez que sentir raiva pare para perceber se algo está se sentindo agredido dentro de você. E perceba se isso precisa mesmo sentir-se assim. E aproveite para olhar esse mesmo sentimento nos outros e buscar perceber a mesma coisa. O medo se protege usando a raiva, mas em várias situações podemos perceber que não há necessidade para o medo, em primeiro lugar. E assim podemos nos abrir aos outros.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

akimrohula@gmail.com

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