COMO TER UM CASAMENTO FELIZ? – RABINO KALMAN PACKOUZ

326_história_4_1O amor tem de transcender o egoísmo para se perceber que a verdadeira e a maior felicidade vem de se beneficiar o cônjuge ao invés de usá-lo(a) como um meio para a sua própria gratificação. Para que isso aconteça, o comprometimento deve ser total.


Qual o segredo para a felicidade no casamento? O meu querido amigo, Dr. Ron Goldstein, tem 3 dicas para os maridos, que irão contribuir para harmonia no casamento. Se a esposa estiver chateada com algo que ele fez, em primeiro lugar ele deve admitir seu erro. E se não tiver certeza, é preferível errar para o lado da prudência e dizer: “Sim, querida.” Não pode haver discussões se a pessoa concorda com o seu cônjuge.

Se não funcionar, o marido deve, então, oferecer seu pedido de desculpas: “Desculpe-me, querida”. Em geral isto ajuda porque toda pessoa acredita que ele ou ela tem razão e quer o reconhecimento dos outros, especialmente de seu cônjuge.

E se sua esposa ainda assim estiver aborrecida, então ele deve explicar: “Eu sou apenas um homem” … na esperança de que isso irá despertar a compaixão natural e o perdão por aqueles que admitem o erro de seus caminhos. Todos nós somos imperfeitos. O marido, ao admitir que não é perfeito e que comete erros, pode atenuar o estado de irritação de sua esposa.

O Rabino Abraham Twerski, entretanto, tem 3 diferentes frases para orientar a atitude da pessoa em relação ao seu cônjuge para um casamento feliz: 1) Obrigado(a), 2) Me desculpe, 3) Eu te admiro.

Na verdade, a felicidade conjugal começa muito antes – em com quem escolhemos para ser nossa(o) futura(o) esposa(o). Nosso Patriarca Avraham enviou seu servo, Eliezer, para sua longínqua cidade-natal de Haran para escolher uma esposa para seu filho, Ytschak. Por quê? Os habitantes de Canaã eram idólatras e o povo de Haran também era adorador de ídolos. O que Avraham estava procurando ao escolher uma nora do povo de Haran?

Avraham sabiam que os habitantes de seu local de origem eram criados com o conceito de respeito pelas pessoas e ensinados a praticar atos de bondade. É verdade, eles podiam ser adoradores de ídolos, mas a educação pode corrigir ideologias errôneas. No entanto, traços de caráter que são impregnados na mente da pessoa em uma idade muito precoce, são muito difíceis de serem mudados depois.

Há um versículo aparentemente estranho na Torá sobre amor e casamento. A Torá nos diz: “Ele (Ytschak) casou-se com Rivka, ela tornou-se sua esposa e ele a amou” (Gênesis 24:67). Não é a ordem ‘natural’ da vida que primeiro se ama uma pessoa e depois se casa com ela ou ele?

A Torá veio nos iluminar com uma brilhante perspectiva e discernimento: o verdadeiro amor se desenvolve depois de se fazer um comprometimento total com seu cônjuge. Amor é o prazer que se tem em focar sobre o que há de bom na outra pessoa. Com um compromisso total, a pessoa seguramente irá enxergar aquelas virtudes.

Todos queremos amor e procuramos alguém que nos fará felizes. Porém, o que se imagina muitas vezes como sendo amor não passa de uma paixão passageira e cega ou, na melhor das hipóteses, um amor egoísta. O que temos são duas pessoas egocêntricas procurando satisfazer a si próprias. Caso não haja um empenho total, se um cônjuge faz coisas que chateiam o outro ou se acha que existe alguém que pode beneficiá-lo(a) mais – pode haver uma ruptura no relacionamento.

O amor tem de transcender o egoísmo para se perceber que a verdadeira e a maior felicidade vem de se beneficiar o cônjuge ao invés de usá-lo(a) como um meio para a sua própria gratificação. Para que isso aconteça, o comprometimento deve ser total.

O meu mestre, o Rabino Noah Weinberg, de abençoada memória, costumava comparar o compromisso com um cônjuge ao compromisso que a pessoa tem com a sua própria mão. Ninguém corta fora sua mão porque ela o desagradou. No entanto, há um momento em que terá que amputá-la – quando ela estiver com gangrena e ameaçando a sua vida.

Temos de compreender que o casamento é um meio e não um fim. Uma pessoa deprimida, desmotivada e isolada provavelmente será em seu casamento uma pessoa deprimida, desmotivada e isolada casada. A Torá nos ensina que Adão, o primeiro homem, completou-se ao casar com Eva: “O homem … deve se unir à sua esposa e os dois serão um só corpo” (Genesis. 2:25).

Todos precisam descobrir o que valorizam em suas vidas, o que querem da vida – e, em seguida, procurar alguém que tenha as características corretas de bondade e verdade, e também os seus mesmos valores.

Segundo a Torá, o propósito de um casamento é a criação de uma entidade que irá desenvolver seu relacionamento e proximidade com o Todo-Poderoso – e para ter criar crianças a quem poderão transmitir o legado de um estilo de vida conforme a Torá.

Seja qual for sua meta, a pessoa deve escolher um cônjuge com bom caráter que tenha os seus mesmos valores e objetivos. Em seguida, com um empenho e comprometimento totais, existe reais esperanças para uma grande felicidade!


Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin

A Torá declara: “E Ytschak tinha quarenta anos quando desposou Rivka, a filha de Betuel o Aramita (de Padan Aram) e irmã de Lavan o Aramita, como esposa” (Gênesis 25:20).

A Torá já havia informado (na Porção Semanal da semana passada) que Rivka era filha de Betuel, irmã de Lavan e que eram de Padan Aram. O que podemos aprender com esta informação aparentemente supérflua?

Rashi, o Rabino Shelomo Yitzchaki (que viveu na França no século XI), considerado um dos maiores comentaristas bíblicos, fez esta pergunta e respondeu que a Torá está aqui enfatizando os louvores de Rivka. Ela era filha de uma pessoa perversa, irmã de uma pessoa ruim e vivia em uma comunidade de pessoas más. No entanto, ela não aprendeu de seus comportamentos!

Muitas pessoas tentam justificar seus erros culpando os outros como a causa de seu comportamento. “Não é minha culpa que eu tenho este mau caráter; eu aprendi de meu pai e de minha mãe”. “Eu não sou culpada por esse mau hábito já que todos os meus irmãos e irmãs fazem o mesmo”. “Todo mundo no meu bairro faz isso ou não faz aquilo. Sendo assim, como eu poderia ser diferente?”. Estas pessoas usam esses argumentos como uma racionalização para não terem que fazer um esforço para melhorar.

Aprendemos de Rivka que, independentemente do comportamento incorreto que possa existir ao nosso arredor, temos a capacidade de sermos pessoas mais elevadas. Naturalmente, é preciso coragem e um grande esforço para ser diferente. Uma pessoa justa pode ser considerada inconformista e até mesmo rebelde por aqueles em seu ambiente cujo padrão de valores está abaixo do seu nível. No entanto, um dos princípios básicos da Torá é que somos responsáveis por nossas ações. Apontar para outros que são piores do que nós não é uma justificativa válida para não nos comportarmos adequadamente.

Se alguma vez nos pegarmos dizendo: “Não é minha culpa que eu fiz isso. É por causa da forma como fui criado(a) ou porque aprendi isso de tal e tal pessoa”, mudemos o nosso foco para: “Vou fazer um esforço especial para melhorar nesta área, para superar a tendência de seguir nos passos dos outros”.

Culpar os outros por nossos defeitos e dizer que não podemos fazer nada para mudá-los é uma garantia de que eles permanecerão conosco. Façamos uma lista dos traços negativos que adquirimos em nosso ambiente e desenvolvamos um plano de ação para melhorarmos nessas áreas!


Pensamento: Cuidemos para que nossas palavras sejam sempre doces e suaves. Nunca se sabe quando teremos que engoli-las de volta.


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

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