AUTO-SABOTAGEM – POR AKIM ROHULA NETO

327_saúde_3_1Auto sabotagem. O termo sugere que somos capazes de sabotar nosso próprio desenvolvimento e vida. O que pode nos levar à fazer isso? Que motivações podemos ter para sabotar nossa própria vida?

Particularmente prefiro compreender que a auto sabotagem, tal como a entendemos, não existe. Dito de outra forma, o ato que cometemos não pode ser classificado como “sabotagem”, mas sim, como falta de auto conhecimento. É isso o que, no final, nos faz cometer um erro.

O fato é que quando se trata a “auto sabotagem”, sempre compreendemos que o “ato sabotador” estava buscando satisfazer alguma parte nossa. A culpa que um filho sente em crescer e deixar a casa dos pais pode fazê-lo sabotar sua ascensão profissional, o medo que alguém tem de se expôr tal como é o faz sabotar seus relacionamentos íntimos, a necessidade de olhar para si sabota os projetos sem fim nos quais um jovem quer entrar para “se tornar grande”.

Os exemplo são inúmeros, porém sempre existe uma constante: o ato sabotador está sempre conectado à algo na pessoa que não está claro para ela. Este algo, porém, não é um “sádico sabotador” cujo propósito é ver a nossa desgraça e dor. Pelo contrário, estas “partes” nossas, constituem muito de nossa personalidade, limites, emoções, mas é algo que não gostamos de olhar e, portanto, queremos deixar longe de nossa vista, fingir que isso não existe.

Porém, existe. E por este motivo, podemos dizer que o verdadeiro ato de auto sabotagem não vem desta parte inconsciente que não permitimos vir à tona, mas, sim de nossa parte consciente que não quer ver essa outra. E posso dizer isso, porque todos nós, mais ou menos, sabemos aquilo que negamos sobre nós, percebemos nossos limites e fraquezas, porém quando dizemos “não” para essas percepções somos nós os responsáveis pelos danos que isso vai nos trazer.

Fazendo uma metáfora, é como se ao realizar uma construção, fosse constatado que o solo é arenoso demais para erguer o prédio. Mas resolvemos não olhar para isso, dizemos, com negligência: “ah, vai aguentar, do chão não passa”. E, quando as rachaduras começam a aparecer, dizemos: “droga o chão está nos sabotando”.

Talvez a nossa maior arma contra a “auto sabotagem” esteja na humildade e aceitação. Estas duas características munidas da intenção de viver a vida de forma consciente podem ser a solução mais forte contra a auto sabotagem. Pois, no fundo, não nos sabotamos, apenas temos ferramentas que agem de maneira truculenta, quando necessário, para serem ouvidas. E o motivo dessa necessidade em serem ouvidas é a manutenção de nossa integridade.

O ego deseja coisas de uma forma que, muitas vezes, não leva em conta nossa realidade subjetiva. Nestes momentos, podemos nos sabotar. Porém a humildade pode nos ajudar a perceber isso. Ao vermos quando estamos querendo passar por cima de nossos limites e aceitar isso com lucidez é quando podemos, também, criar mecanismos para realmente lidar com isso. Levando em consideração aquilo que não tem tanta força em nós é que conseguimos nos tornar fortes de verdade e assim não precisamos nos sabotar.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

akimrohula@gmail.com

20
20