FINALMENTE DESCOBRIMOS O QUE CAUSA O ALZHEIMER?

329_saúde_3_1Quando a equipe introduziu a P. gingivalis nos camundongos, eles desenvolveram infecção cerebral, produção de amiloide, emaranhados de proteína tau e danos neurais nas regiões e nervos normalmente afetados pela doença de Alzheimer. [Imagem: Stephen S. Dominy et al. – 10.1126/sciadv.aau3333]


Qual é a causa do Alzheimer?

Podemos finalmente ter encontrado a causa da doença de Alzheimer: a Porphyromonas gingivalis, a principal bactéria causadora da doença gengival crônica, ou periodontite, aquela que geralmente faz sua gengiva sangrar quando você escova os dentes.

Pode não parecer uma boa notícia, já que essa doença da gengiva afeta cerca de um terço da população. Mas o que é realmente positivo é que uma droga que bloqueia as principais toxinas da P. gingivalis está entrando em teste clínico este ano, e uma pesquisa publicada hoje mostra que esse fármaco pode estabilizar e até reverter a doença de Alzheimer.

Pode ser possível até mesmo fabricar uma vacina contra a demência.

A doença de Alzheimer é um dos maiores mistérios da medicina, frequentemente envolvendo o acúmulo de proteínas chamadas beta-amiloides e tau no cérebro. A principal hipótese é que a doença surge de defeitos dessas duas proteínas, mas todos os candidatos a medicamentos seguindo essa linha falharam, e pesquisas recentes revelaram que as pessoas podem ter placas amiloides sem ter a demência. Mesmo a perda de neurônios no início do Alzheimer pode ser uma defesa do cérebro.

Além disso, contrariamente à chamada “hipótese amiloide”, há evidências de que a função das proteínas amiloides pode ser uma defesa contra as bactérias, levando a uma série de estudos recentes que analisam bactérias associadas com a doença de Alzheimer, particularmente aquelas que causam doenças nas gengivas, já conhecidas como um importante fator de risco para a condição.

Bactéria da gengiva e Alzheimer

Bactérias envolvidas na doença da gengiva e outras doenças foram encontradas no cérebro de pessoas que morreram com Alzheimer, mas até agora não havia ficado claro se essas bactérias causaram a doença ou simplesmente se aproveitaram dela para se infiltrar no cérebro.

Várias equipes têm investigado a P. gingivalis, e até agora descobriram que ela invade e inflama as regiões do cérebro afetadas pela doença de Alzheimer; que as infecções da gengiva podem piorar os sintomas em ratos geneticamente modificados para ter Alzheimer; e que ela pode causar inflamação do cérebro semelhante à doença de Alzheimer, dano neural e placas amiloides em camundongos saudáveis.

Agora, pesquisadores da Cortexyme, uma empresa farmacêutica de São Francisco, na Califórnia, relataram ter encontrado as enzimas tóxicas – chamadas gengivinas – que a P. gingivalis usa para se alimentar de tecido humano em 96% das 54 amostras de cérebro de Alzheimer que eles analisaram, além de encontrar as próprias bactérias em todos os três cérebros de Alzheimer cujo DNA foi examinado.

As bactérias e suas enzimas foram encontradas em níveis mais elevados naqueles que sofreram pior declínio cognitivo e tinham mais acumulações de amiloide e tau. A equipe também encontrou as bactérias no líquido espinhal de pessoas vivas com doença de Alzheimer, sugerindo que essa técnica pode fornecer um método para diagnosticar a doença.

329_saúde_3_2As pesquisas envolvendo Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas também levantaram suspeitas sobre a microglia, mas pesquisas mostram que as células apontadas como responsáveis por Alzheimer são agentes de limpeza. [Imagem: Universidade de Southampton]

Cura e vacina contra Alzheimer?

A Cortexyme já havia desenvolvido moléculas que bloqueiam as gengivinas. A administração de algumas delas a camundongos reduziu suas infecções, interrompeu a produção de amiloide, diminuiu a inflamação cerebral e até resgatou neurônios danificados.

A equipe descobriu que antibióticos que matam a P. gingivalis têm o mesmo efeito, mas com menor eficácia, e as bactérias rapidamente desenvolveram resistência. Elas não resistiram aos bloqueadores da gengivina.

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Diário da Saúde – Com informações da New Scientist

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