A ARTE DE SER JUDEU – RABINO LORD JONATHAN SACKS

338_história_2_1Nunca se envergonhe de ser judeu. Nosso povo sobreviveu tanto tempo e contribuiu tanto, que você deveria ver sua condição de judeu como uma honra.


Quando rezarmos, vamos refletir cuidadosamente sobre o significado das palavras. Lembremo-nos também de que, ao sermos ouvidos, somos parte de um coral sinfônico de quatro mil anos de idade, composto das vozes de todos os judeus em todos os países, em todos os séculos que disseram essas mesmas palavras. Alguns disseram essas orações em meio ao sofrimento; outros enquanto enfrentavam exílio e expulsão; outros até as disseram nos campos de concentração. São palavras santificadas por incontáveis lágrimas, mas agora as estamos dizendo em meio à liberdade. As orações de nossos ancestrais se tornaram realidade para nós. Portanto, nossas orações os honram tão bem quanto a Deus, pois sem eles nós não seríamos hoje judeus, e sem que continuássemos a tradição, suas esperanças teriam sido frustradas.

Nunca se envergonhe de ser judeu. Nosso povo sobreviveu tanto tempo e contribuiu tanto, que você deveria ver sua condição de judeu como uma honra.

Nunca comprometa seus princípios por causa dos outros. Não comprometa a kashrut ou qualquer outra prática judaica porque você se encontra entre não-judeus ou não-religiosos. Os não-judeus respeitam os judeus que respeitam o judaísmo. Eles se incomodam com os judeus que estão constrangidos pelo judaísmo.

Nunca pense que ser judeu significa menosprezar os gentios. Não é.

Nunca pense que ser um judeu religioso lhe dá o direito de desprezar os judeus não religiosos.

Nunca confunda justiça com presunção. Os justos vêem o bem nas pessoas; os presunçosos vêem o mal. Os justos fazem você se sentir maior; os presunçosos fazem você se sentir pequeno. Os justos são generosos; o presunçoso, relutante e crítico.

Nunca seja impaciente com os detalhes da vida judaica. Deus vive nos detalhes. O judaísmo é sobre a poesia do comum, as coisas que de outra forma daríamos como garantidas. A lei judaica é a coreografia sagrada da vida cotidiana.

Sempre que você fizer uma mitzvá, pare e esteja atento. Toda mitzvá está lá para nos ensinar algo, e faz toda a diferença fazer uma pausa e lembrar o porquê. O judaísmo sem mente não é bom para a alma.

Sempre esteja disposto a compartilhar seu judaísmo. No Shabat ou nos festivais, convide pessoas para a sua casa. Uma vez por semana, aprenda com aqueles que sabem menos que você. A diferença entre bens materiais e espirituais é esta: com coisas materiais – como riqueza ou poder – quanto mais você compartilha, menos você tem. Com as coisas espirituais – como conhecimento, amizade ou celebração – quanto mais você compartilha, mais você tem.

Deus vive no espaço que fazemos para Ele. Cada mitzvá que fazemos, cada oração que dizemos, cada ato de aprendizado que empreendemos, é uma forma de abrir espaço para Deus.


JONATHAN HENRY SACKS, Barão Sacks, Kt (nascido em 08 março de 1948), título que lhe foi concedido pela Rainha da Inglaterra, é um rabino e estudioso do judaísmo. Ele foi o Rabino-Chefe das Congregações Hebraicas Unidas da Commonwealth, Londres. Seu nome hebraico é Yaakov Zvi. É fundador e diretor do Meaningful Life Center (Centro para uma Vida Significativa).

Nota: tradução e interpretação por Mendy Tal

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