O SHABAT REQUER BRAVURA E OUSADIA – POR JAY LIVIN

O Shabat revela um mundo além dos sonhos. Onde outras forças governam. Onde os elefantes sobem através dos olhos das agulhas. É a pausa entre a terra de ninguém, a escuridão da luz, a entrada de fora, a luz da escuridão, o meio-termo.

Isso desafia a própria noção de consistência, de constância. É uma afronta à normalidade. Ameaça a realidade, a sanidade de acordar de manhã para ver o sol nascer todos os dias.

Isso desrespeita o planejamento. Controle do mundo, de acreditar que existe um eu que é nosso Shabat é desconhecido. Isso impede a monotonia do amanhã.

O Shabat revela um mundo além dos sonhos. Onde outras forças governam. Onde os elefantes sobem através dos olhos das agulhas.

É a pausa entre a terra de ninguém, a escuridão da luz, a entrada de fora, a luz da escuridão, o meio-termo.

Shabat é vibração. A prova no resto do movimento sem fim; a vírgula em perpétuo movimento.

O Shabat requer planejamento, preparação para submissão, a entrega ao desconhecido, o irreprimível. Prontidão, da melhor maneira possível, por aquilo que está além, selvagem, nas mãos do Outro.

É uma expedição, com ferramentas de civilização descartadas, de aparelhos e conforto deixados para trás. Ele conduz, com fé, para frente, deixando para trás o ritmo da realidade, tateando sem luz em um mundo que não é criado, ilusões reveladas por um dia, enquanto viajamos para o nada, o mundo se isola para respirar, descansar. Permanecer no vazio.

O Shabat é a prova da Cabalá. O hábito oculto de Deus revelado de recriar a cada momento o mundo de novo. A afirmação do nada e alguma outra força por trás.

O lugar onde os artistas vivem. De onde brota a inspiração. Para onde os sonhos se dirigem.

Deste vazio todas as coisas emergem, e aqueles que gostam de saltar com os olhos fechados e prender a respiração, antecipando seu destino com incerteza e emoção. Esse pulso está sempre lá, em todo lugar.

Mas no Shabat é nosso. Entramos cautelosamente em seu espaço, seu tempo – acolhendo o Outro em nossas vidas. Afirmando o que sabemos profundamente em nós mesmos, mas falta a coragem de substituir com ela a normalidade de nossas vidas, a ilusão de nossa continuidade.

E no final, emergimos, piscando, assustados, curiosos, confusos pelo mundo de novo. O que aconteceu enquanto ficamos longe?

Sem nós, tudo continuou?

Quem dominou o mundo enquanto sonhávamos?

Deus.

Apenas por um momento, por essas poucas horas na eternidade, Ele nos deixou entrar. Nós entramos em Sua realidade. Ele nos permitiu vislumbrar a existência como é quando Ele pisca. Ele nos deixou tocar o lugar do qual nós também nascemos de novo a cada momento, com infinita oportunidade de nos tornar, transformar, descobrir … com coragem e ousadia.


Jay Livin é um médico, que se especializou em tratar crianças vítimas do terror e de Chernobyl e é colaborador do Beith Chabad.

Colaboração: Mendy Tal

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