PREOCUPAÇÃO COM O PRÓXIMO – RAV EFRAIM BIRBOJM

352_história_3_1Não levaremos daqui nada do que acumulamos. Se usarmos o dinheiro para fins significativos, obteremos méritos que serão preciosos em nossa jornada espiritual eterna.


Reinaldo era um milionário. Certo dia, quando estava em uma longa viagem de carro, decidiu escutar um CD com aulas de Torá que havia pego na sinagoga. A aula era sobre o uso desequilibrado dos nossos bens materiais. O rabino estava explicando que a maioria das pessoas vive correndo atrás do dinheiro e fazendo de tudo para obtê-lo, mesmo sabendo que não poderão levá-lo depois da morte.

Reinaldo ficou muito irritado com o discurso do rabino. Pensou consigo mesmo que o rabino falava daquela maneira apenas por não ter condições de ter uma vida de luxo e conforto como a sua. Porém, aquelas palavras ficaram na cabeça dele e, naquela noite, ele não conseguiu dormir.

Na manhã seguinte, Reinaldo juntou todos os funcionários de sua empresa no refeitório. Todos acharam que ele faria algum comunicado importante. Porém, Reinaldo pediu para que alguém sugerisse uma forma de como levar as riquezas depois da morte. Os funcionários pensaram que Reinaldo tinha enlouquecido. Ele pôde escutar as risadinhas e os cochichos dos funcionários. Dias se passaram e ninguém veio trazer uma resposta a ele. Reinaldo começou a se sentir angustiado. Será que o rabino estava realmente certo?

Certo dia, um senhor religioso, com uma longa barba branca, veio ao escritório de Reinaldo. Ele informou que tinha ouvido a pergunta que ele fez aos funcionários e que tinha uma resposta para ela. Reinaldo estava ansioso para ouvir o que aquele senhor, que parecia ser muito sábio, tinha para falar. Mas, ao invés de responder diretamente a pergunta, o senhor perguntou se Reinaldo já havia viajado para o exterior. Reinaldo disse que havia visitado quase todos os países do mundo. Então, o senhor perguntou como ele havia feito para fazer compras nos Estados Unidos. Reinaldo, sem entender aonde aquele senhor queria chegar com suas perguntas, pacientemente explicou que, antes da viagem, havia convertido seus reais em dólares americanos. O senhor perguntou o que ele havia feito quando foi para a Inglaterra, e Reinaldo novamente explicou que havia convertido seus reais em euros. O sábio então questionou o motivo de ele não ter levado reais em suas viagens. Reinaldo riu da pergunta aparentemente tola, mas respondeu que os reais não tinham valor nos Estados Unidos e nem na Inglaterra. O sábio então concordou com ele e disse:

– Você quer ir para o Mundo Celestial após a sua morte, certo? Bom, no Mundo Celestial não aceitam reais e nem dólares. O nome da moeda de lá é “Mitzvót”. Portanto, antes da sua “viagem”, você precisa converter todo o dinheiro que você deseja utilizar em Mitzvót. Somente assim você poderá utilizar seu dinheiro lá.

Reinaldo ficou impressionado com a resposta daquele homem sábio. Realmente ele usava seu dinheiro de uma maneira egoísta e materialista, sempre pensando nos prazeres momentâneos. A partir daquele dia, Reinaldo mudou. Ele começou a prestar mais atenção às pessoas necessitadas e passou a ajudar os outros sem esperar nada em troca. Em outras palavras, Reinaldo começou a converter seu dinheiro em Mitzvót para que, quando saísse deste mundo, pudesse levar com ele uma grande fortuna.”

Precisamos de dinheiro para sobreviver e ter uma vida confortável neste mundo. No entanto, também podemos usar nosso dinheiro para ajudar os outros. Não levaremos daqui nada do que acumulamos. Se usarmos o dinheiro para fins significativos, obteremos méritos que serão preciosos em nossa jornada espiritual eterna.


RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Saiba mais.

efraimbirbojm@gmail.com

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