CRESCENDO NAS MITZVÓT – RAV EFRAIM BIRBOJM

357_História_2_1Um judeu está disposto a ficar 2 dias sem comida para que outro judeu não quebre o Shabat. Este é o nível incrível que podemos chegar no nosso amor pelas Mitzvót.

“O rabino Yona Emanuel sobreviveu aos horrores do Holocausto. Quando criança, ele passou pelo Campo de Concentração de Bergen Belzen, com sua mãe e sua irmãzinha de 4 anos de idade. No dia de Tishá Be Av, 10 meses antes da libertação do Campo, todos os prisioneiros judeus receberam uma dura punição coletiva, um dia inteiro sem comida, pois um dos prisioneiros havia colocado fogo em um colchão. Desesperada, a Sra. Emanuel conseguiu um pouco de comida para a filha, que já estava desnutrida e com o peso de uma criança de 1 ano de idade. Como precisava cozinhar, ela fez uma pequena fogueira com palha. Infelizmente ela foi descoberta por um soldado nazista e foi levada à julgamento, na véspera do Shabat.

Os julgamentos no Campo de Concentração eram feitos pelos próprios prisioneiros judeus. Três judeus eram juízes e precisavam julgar de acordo com as leis do Campo. Além disso, outros judeus participavam do julgamento, um como advogado de acusação, outro como advogado de defesa e um como escrivão. Os nazistas vinham assistir o julgamento para se divertir, pois caso a pena fosse muito leve, os juízes e o advogado de acusação eram castigados. Por isso, os julgamentos costumavam demorar muitas horas. Além disso, o acusado tinha “direito” de pedir clemência no final e, dependendo do humor dos nazistas, podia ter sua pena reduzida.

Porém, o julgamento da Sra. Emanuel foi muito rápido, diferente do que normalmente acontecia. Seu filho quis saber qual havia sido o veredicto. Com tristeza, ela disse que havia sido condenada a ficar dois dias sem receber comida. Ele então questionou o motivo pelo qual o julgamento havia sido tão rápido. A mãe respondeu que quase não havia argumentado e que não havia pedido misericórdia no final. O filho ficou desesperado com o que escutou. Se ela tivesse pedido misericórdia, talvez teriam diminuído sua pena! Seu “crime” havia sido cozinhar para uma criança de 4 anos subnutrida! Por que não havia feito isto? Ela então explicou:

– Filho, quando o julgamento terminou, o Shabat já tinha começado. O escrivão era judeu. Se eu pedisse misericórdia, o julgamento recomeçaria e ele precisaria escrever cada palavra que eu dissesse. Por isso, fiquei em silêncio, para que o julgamento acabasse rapidamente e ele pudesse parar de escrever.”

Um judeu está disposto a ficar 2 dias sem comida para que outro judeu não quebre o Shabat. Este é o nível incrível que podemos chegar no nosso amor pelas Mitzvót.


RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Saiba mais.

Email: efraimbirbojm@gmail.com

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