QUAL É A MELHOR TÉCNICA PARA ESTUDAR E APRENDER?

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Pesquisadores avaliaram as dez técnicas mais populares de estudar e se preparar para provas. [Imagem: BBC]

Os métodos mais comuns de se preparar para provas escolares podem não ser os que garantem os melhores resultados para os estudantes.

Universidades e escolas sugerem aos estudantes uma grande variedade de formas de ajudá-los a lembrar o conteúdo dos cursos e garantir boas notas nos exames.

Entre elas estão tabelas de revisão, canetas marcadoras, releitura de anotações ou resumos, além do uso de truques mnemônicos ou testar a si mesmo.

Mas segundo o professor John Dunlosky, da Universidade Estadual Kent, em Ohio, nos Estados Unidos, ainda não se sabe o suficiente sobre como a memória funciona e quais as técnicas são mais efetivas.

Para tentar descobrir, ele e seus colegas avaliaram centenas de pesquisas científicas que estudaram dez das estratégias de revisão mais populares, e verificaram que oito delas não funcionam – ou mesmo, em alguns casos, atrapalham o aprendizado.

Por exemplo, muitos estudantes adoram marcar suas anotações com canetas marcadoras.

“Quando os estudantes estão usando um marcador, eles comumente se concentram em um conceito por vez e estão menos propensos a integrar a informação que eles estão lendo em um contexto mais amplo”, diz ele. “Isso pode comprometer a compreensão sobre o material.”

Mas ele não sugere o abandono dos marcadores, por reconhecer que elas são um “cobertor de segurança” para muitos estudantes.

Resumos e mnemônicos

Os professores regularmente sugerem ler as anotações e os ensaios das aulas e fazer resumos.

“Para nossa surpresa, parece que escrever resumos não ajuda em nada,” diz Dunlosky. “Os estudantes que voltam e releem o texto aprendem tanto quanto os estudantes que escrevem um resumo enquanto leem.”

Outros guias para estudo sugerem o uso de truques mnemônicos, técnicas para auxiliar a memorização de palavras, fórmulas ou conceitos.

Dunlosky afirma que eles podem funcionar bem para lembrar de pontos específicos, como “Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, Seno A Cosseno B, Seno B Cosseno A” – para lembrar a fórmula matemática do seno da soma de dois ângulos: sen (a + b) = sena.cosb + senb.cosa.

Mas ele adverte que eles não devem ser aplicados para outros tipos de materiais: “Eles não vão te ajudar a aprender grandes conceitos de matemática ou física”.

O que funciona?

Então, quais técnicas realmente funcionam?

Somente duas das dez técnicas avaliadas se mostraram efetivas – testar-se a si mesmo e espalhar a revisão em um período de tempo mais longo.

 

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A melhor estratégia é uma técnica chamada “prática distribuída”, de planejar antecipadamente e estudar em espaços de tempo espalhados. [Imagem: Diário da Saúde]

A melhor estratégia é uma técnica chamada “prática distribuída”, de planejar antecipadamente e estudar em espaços de tempo espalhados. [Imagem: Diário da Saúde]

“Estudantes que testam a si mesmos ou tentam recuperar o material de sua memória vão aprender melhor aquele material no longo prazo”, diz Dunlosky.

“Comece lendo o livro-texto e então faça cartões de estudo com os principais conceitos e teste a si mesmo. Um século de pesquisas mostra que a repetição de testes funciona”, recomenda o pesquisador.

 

Isso aconteceria porque o estudante fica mais envolvido com o tema e menos propenso a devaneios da mente.

“Testar a si mesmo quando você tem a resposta certa parece produzir um rastro de memória mais elaborado conectado com seus conhecimentos anteriores, então você vai construir (o conhecimento) sobre o que já sabe”, diz o pesquisador.

Prática distribuída

Porém, a melhor estratégia é uma técnica chamada “prática distribuída”, de planejar antecipadamente e estudar em espaços de tempo espalhados – evitando, assim, deixar para estudar de uma vez só na véspera do teste.

Dunlosky diz que essa é a estratégia “mais poderosa”.

“Em qualquer outro contexto, os estudantes já usam essa técnica. Se você vai fazer um recital de dança, não vai começar a praticar uma hora antes, mas ainda assim os estudantes fazem isso para estudar para exames”, observa.

“Os estudantes que concentram o estudo podem passar nos exames, mas não retêm o material”, diz. “Uma boa dose de estudo concentrado após bastante prática distribuída é o melhor caminho.”

Então, técnicas diferentes funcionam para indivíduos diferentes? Dunlosky afirma que não, que as melhores técnicas funcionam para todos.

Motivação e hábitos de estudo importam mais que QI

 

Fonte: www.diariodasaude.com.br – com informações da BBC

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