BARCELONA. TERRA DE ANTONI GAUDI – FELIPE DAIELLO

FELIPE LUIZ DAIELLO

Barcelona sempre foi diferente das demais, segunda cidade da Espanha, centro de cultura, de indústrias, de bancos e berço de gênios e rebeldes.

Desde a época medieval, pelo comércio, era rival de Veneza e Gênova pelo domínio do Mediterrâneo.

O catalão, língua local, uma mistura de francês, de latim, de português antigo é mais fácil de ser entendido pela escrita do que pela fala. Hoje, em Barcelona, ouve-se mais o catalão que espanhol.

A pujança da Cataluña está presente na modernidade das suas construções, pelo urbanismo de vanguarda e pela amplitude das ruas e avenidas, beleza dos monumentos e pela preservação dos locais e prédios históricos.

As obras executadas para as olimpíadas trouxeram e acrescentaram charme adicional a essa capital da rebeldia e das inovações. A maioria das editoras estão aqui localizadas bem como a maior publicação de literatura, múltiplas línguas são publicadas em Barcelona.

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Mas não podemos esquecer a genialidade de Antoni Gaudi, o arquiteto que revolucionou a arte e o projeto da construção no início do século XX. Um precursor do modernismo catalão.

O mestre, ao observar a queda das folhas, percebe que a menor distância nunca será uma linha reta. As oscilações que variam com o vento, com a forma e a dimensão da folha ao cair, permitirão colocar nos seus projetos algo quase impossível de construir. Partindo do gótico, usando a técnica catalã de usar fragmentos de cerâmica, Antoni Galdi está preparando para revolucionar a arquitetura. O visual de Barcelona é alterado pelos novos conceitos, pela modificação de linhas e de estruturas.

Católico fervoroso, conservador nos princípios, teve a coragem de se expressar no catalão, língua proibida de ser falada, o que lhe valeu perseguições políticas pela opinião.

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É possível efetuar volta turística para conhecer suas obras. Além de conhecer o bairro gótico, a catedral, as obras que renovam o antigo porto — modelo que Porto Alegre tenta copiar —, as ramblas e o Mercat de la Boqueria, não esqueça da Igreja da Santa Família, a obra prima de Gaudi. Iniciada em 1882, até hoje está incompleta, pois além da falta dos recursos necessários não é fácil acompanhar os esboços e rascunhos deixados pelo gênio para a conclusão prevista para 2026 quando se comemorará o centenário de sua morte.

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Outras obras importantes estão espalhadas pelo roteiro de Gaudi. A Casa Batlló, a Casa Milá, o Palácio Güel, a Casa Vicens e o Parque Güel onde estão expostos boa parte dos seus trabalhos. È necessário apreciar as colunas inclinadas, os hiperbolóides e parabolóides desenvolvidas por Gaudi, formas que ele criou ao observar as forças da natureza.

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Antoni Gaudi morreu em 1926, atropelado em via pública, tinha 74 anos e pela surdez ou pela distração usual, vivia em um mundo não real, quando se dirigia para o seu trabalho na Sagrada Família. O mestre da arquitetura de Barcelona desaparecia da cena sem nunca ter casado, envolvido que sempre esteve em função dos seus trabalhos e dos seus objetivos de desenvolver formatos revolucionários.


Felipe Daiello – Autor de “Palavras ao Vento” e “A Viagem dos Bichos”Editora AGE. Saiba mais. 

www.daiello.com.br

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