LANÇAMENTO DO LIVRO “JUDEUS ILUSTRES DE PORTUGAL” DE MIRIAM ASSOR‏

223_Fique_1.1


223_Fique_1.2

A Esfera dos Livros publicou recentemente o livro Judeus Ilustres de Portugal da Jornalista Miriam Assor. Uma obra que nos leva a conhecer as vidas de 14 homens e mulheres ilustres da nossa História. Estes judeus ilustres, de forma variada, nas mais diversas áreas – Medicina, Ciência, Literatura- contribuíram para dignificar e honrar Portugal, marcando o universo histórico-nacional e além-fronteiras.

Entre os ilustres, renascem nesta obra três figuras cujo destino os levou e os uniu ao Brasil. Os corajosos irmãos gémeos Samuel Sequerra e Joel Sequerra, Rio de Janeiro; e o ímpar rabino Isaac Aboab da Fonseca, Recife.


Samuel Sequerra e Joel Sequerra

Fruto do trabalho abnegado, audaz e extraordinariamente organizado pelos irmãos Samuel Sequerra e Joel Sequerra, foi salvo um número significativo de refugiados do nazismo, na dúbia Espanha comandada pelo generalíssimo que, embora tivesse optado pela neutralidade oficial durante a Segunda Guerra Mundial, não se acanhava em patentear a simpatia que alimentava pelo Terceiro Reich.

Os gémeos Sequerra desempenharam em louvável sintonia um serviço crucial na edificação de um clima benigno junto das autoridades espanholas, para assim conseguirem impedir que a morte seguisse ao ritmo dos comboios. Nascidos em Portugal na cidade de Faro no ano de 1919, eram voluntários da Cruz Vermelha Portuguesa e funcionários da American Jewish Joint Distribution Committee (Organização judaica de ajuda mundial, sediada em Nova Iorque, criada em 1914 pelo filantropo Jacob Schiff) em Espanha. Chegaram a Barcelona vindos de Lisboa, em 1942, com missões definidas. Ao Samuel, o delegado da American Jewish Joint cabia a missão de contactar e de incrementar laços de amizade com embaixadores, ministros, chefes da polícia, directores de hospitais e de prisões. Joel, um assistente social convertido num operacional de gabarito, executava o trabalho de terreno: ia aos postos de fronteira, prisões, esquadras e aos campos de prisioneiros para libertar e socorrer os fugitivos da barbárie nacional-socialista.

A intensa actividade dos gémeos não passou despercebida à Gestapo que, aproveitando-se da sua cumplicidade com Franco, operava em Espanha com perfeita liberdade, chegando a raptar para a Alemanha ou a assassinar opositores do nazismo. Os Sequerra resistiram a dois atentados. Em um deles, com todas as possibilidades de ter tido consequências graves, o automóvel de Samuel detonou em frente do escritório da JDC, o qual desde 1943, devido ao enorme aglomerado de refugiados, deixara de estar sediado no Hotel Bristol para ser transferido para um apartamento no Paseo de Gracia.

Entre os anos de 1942 e 1945, salvaram cerca de 1000 pessoas, entre os quais o Barão de Rothschild, que, como tantos foragidos do terror nazi, cruzara a pé os Pirineus com a família. Com o final da Segunda Guerra Mundial, Samuel e Joel regressam a Lisboa, continuam as suas actividades comunitárias, e nos finais dos anos 50 emigram para o Rio de Janeiro. Profissionalmente, Samuel dedicou-se à iniciativa privada ligada a finanças, manteve o seu estimado estado civil de solteiro e foi eleito e reeleito presidente do Cemitério Comunal Israelita, no Rio de Janeiro, cargo que exerceu com ciclópea competência e dedicação. À entrada dessa necrópole, no bairro do Caju, uma placa em bronze presta uma merecida distinção ao herói anónimo falecido em 1992, que se encontra sepultado na própria entidade que dirigiu com extremo zelo. Joel deu assistência aos refugiados que tiveram de abandonar o Egipto de Nasser; igualmente para os que saíram da Hungria, Roménia e Bulgária. Em 1979, após um acidente de viação, na Avenida da Marginal, em Lisboa, que ceifou a filha Theia, a notável e arrojada jornalista da revista brasileira Manchete, o casal Joel e Simy Sequerra vai viver para Haifa, Israel, onde a morte foi buscá-lo em 1987.

223_Fique_1.3

Joel Sequerra com um grupo de refugiados, estação do Rossio, Portugal, 1944.


SOBRE A AUTORA

223_Fique_1.4

Miriam Assor nasceu em Lisboa, em 13 de Junho de 1966, no seio de uma família judaica ortodoxa de origem marroquina (Tânger) e brasileira (Manaus). Uma visita aos campos de concentração nazis, em 1985, fá-la trocar o curso de Psicologia Aplicada e a cidade pela vida comunitária dos kibutzim e pelo voluntariado, em Israel. Regressa após dois anos e meio e licencia-se. Simultaneamente cursa Comunicação no Instituto de Aperfeiçoamento Acelerado. Prefere não exercer nenhum dos diplomas e ingressa na companhia aérea El Al, onde trabalha durante uma década. Enquanto a rotina assentava no verbo viajar, publica, em 1997, “Libi”, um livro de poemas. Doze meses volvidos, a escrita voa muito mais alto que os aviões. Torna-se cronista da grande escola de humanismo que foi o semanário O Independente. Desde esse passo, a escrita teima e insiste, e em 1999 edita “Sentidos”. Coordena, em 2001, “Luz”, em homenagem póstuma ao seu pai, Abraham Assor, Rabino da Comunidade Israelita de Lisboa durante cinquenta anos. Em 2003 coordena a obra “Gueto de Varsóvia” e na sequência deste tema é comissária de duas exposições, coincidindo a última, em 2005, com a exposição documental alusiva à vida de Aristides de Sousa Mendes, “Registos para a Liberdade”, na Casa do Registo, em Lisboa. “Crónicas de Táxis” (2008) é uma compilação de crónicas publicadas na revista Domingo (Correio da Manhã), publicada pela CSantos VP (concessionário Mercedes). Em Abril de 2009 escreveu Aristides de Sousa Mendes, “Um Justo Contra a Corrente”, editado pela Guerra e Paz Editores, que marcou indelevelmente a investigação sobre uma das mais generosas personalidades do século XX português. Para a Presselivre escreveu, entre outras obras, “Sá Carneiro” e “Viagem aos Segredos da Maçonaria” – obras distribuídas pelo jornal Correio da Manhã. Publicou, em 2013, “Jorge Jesus, o Treinador que Mantém a Chama Imensa“ pela editora Livros D’hoje, Grupo Leya. Em ´Janeiro de 2014 lançou o livro “Judeus Ilustres de Portugal, pela Esfera dos Livros. Actualmente é jornalista freelancer.

Livros editados

“Libi”- Edição de autor, 1997, Poesia

“Sentidos” – Edições Minerva, 1999, Poesia

“Luz”- Âncora Editora, 2001

“Gueto de Varsóvia”- – Âncora Editora, 2003

“Crónicas de Táxi” – C. Santos VP (concessionário Mercedes), 2008

“Aristides de Sousa Mendes, Um Justo Contra a Corrente” – Guerra e Paz Editores, 2009

“Viagem aos Segredos da Maçonaria” Presslivre, 2011

“Sá Carneiro” – Presslivre, 2010

“Viagem aos Segredos da Maçonaria” – Presslivre, 2012

“Jorge Jesus, O Treinador que Mantém a Chama Imensa”- Livros D’hoje, 2013

“Judeus Ilustres de Portugal”- Esfera do Livros, 2014

20
20