NO DIA DO HOLOCAUSTO, CONIB E GOVERNO ABORDAM AÇÕES CONTRA A INTOLERÂNCIA ULTIMO‏

“Poucas décadas depois do Holocausto, judeus na Europa estão novamente com medo de sair às ruas e, mais uma vez, percebendo que poucos dão a devida importância aos ataques antissemitas praticamente cotidianos”, afirmou o presidente da Conib, Fernando Lottenberg, durante a cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, em 27 de janeiro na sede da OAB em Brasília, com organização da Conib e da Associação Cultural Israelita de Brasília.

Saudando a OAB, na pessoa do Presidente Marcus Vinicius, símbolo no Brasil de resistência e de liberdade, a Casa dos Advogados, “a minha casa, que nos cedeu este nobre espaço”, Lottenberg relembrou as figuras de Moyses Kauffman e Benno Milnitsky, ex-presidentes da Conib e advogados, que a conduziram em tempos difíceis.

“No ano passado, quando lembramos no Rio de Janeiro os 70 anos da libertação do campo de extermínio nazista de Auschwitz e o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, ressaltei que os atentados bárbaros ocorridos em Paris, naquele mês, contra um jornal satírico e um supermercado judaico eram em si terríveis – porém, mais do que isso, representavam alertas de que a intolerância estava em marcha pela Europa e pelo mundo, devendo ser enfrentada com mais vigor. Um ano depois, estamos novamente reunidos neste 27 de janeiro para lembrar, aqui no Brasil, o genocídio da população judaica europeia – e mais uma vez é necessário fazer novo alerta. Os extremistas islâmicos voltaram a atacar em Paris, matando e ferindo”, afirmou Lottenberg.

Ele prosseguiu: “No Brasil, felizmente ainda estamos distantes desse tipo de radicalismo e ações violentas. Presenciamos, no entanto, ataques contra praticantes de religiões de matriz africana e homossexuais. A comunidade judaica brasileira com eles se solidariza, publicamente. A atualização do antissemitismo de outrora vem na forma do antissionismo”.

Foram homenageados na noite os seis milhões de judeus mortos no Holocausto e também vítimas da intolerância no Brasil. Ben Abraham e Aleksander Laks, sobreviventes do Holocausto falecidos em 2015, foram especialmente lembrados. A sede da OAB abrigou uma exposição com fotos e obras de ambos. A menina Kayllane Campos, praticante do candomblé atacada com pedras em 2015, acendeu uma das velas da solenidade.

A presidente Dilma Rousseff enviou uma mensagem ao presidente da Conib, lida pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, da qual destacamos um trecho: “Ao mantermos viva a memória do Holocausto, alertamos as gerações do presente e do futuro para o abismo moral em que nos precipitamos quando o preconceito torna-se a norma e a intolerância, a prática”.

Wagner pediu a todos um “compromisso pessoal e individual de evitar a intolerância”.

Estiveram presentes à cerimônia sobreviventes do Holocausto, representantes de outras comunidades vítimas do nazismo e de perseguições; ministros Aloizio Mercadante e Gilberto Kassab, senador José Serra; Lior Ben Dor, ministro da Embaixada de Israel; Ibrahim Alzaben, embaixador da Autoridade Palestina; embaixadores de Áustria, Canadá, Polônia, Rússia, diplomatas da Alemanha, Estados Unidos, França e União Europeia; autoridades federais, estaduais e municipais, presidentes de federações israelitas de diversos Estados brasileiros, líderes comunitários e religiosos. Também compareceram à cerimônia o presidente do Hospital ex-presidente da Conib, Claudio Lottenberg; o babalaô Ivanir dos Santos, presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.

Ibrahim Alzaben, embaixador palestino, foi pela primeira vez à cerimônia. “Fiz questão de vir. Esta é uma data que precisa ser relembrada”, disse ele, em conversa com a diretoria da Conib.

ANTISSEMITISMO E NEGACIONISMO

“O Holocausto ecoa em outras tantas barbaridades que persistem sob diversas formas e em diversos lugares até hoje, sempre fundamentadas no antissemitismo. E, como se sabe, o antissemitismo baseia-se em mitos sobre o povo judeu. Hoje, o genocídio perpetrado encontra-se entre a memória e a negação. O negacionismo, além de uma abominação, é uma ameaça ao mundo inteiro. Se todas as revelações sobre a Shoá não foram suficientes, é porque o mal possui raízes mais profundas”, afirmou o presidente da ACIB, Hermano Wrobel.

OAB: “ESSE MOMENTO HISTÓRICO AFIRMA O APOIO DO BRASIL À COMUNIDADE JUDAICA”

Em seu pronunciamento, Marcus Vinicius, presidente da OAB, disse que a pluralidade e a liberdade devem ser os valores maiores a orientar a comunidade global. “É preciso que a memória que hoje se registra seja efetivada em ações concretas. É necessário avançar no marco legal. A OAB, por seu compromisso com a Carta Magna, nos leva a pregar sempre a convivência pacífica das controvérsias.

Diversas crenças, diversos grupos são perseguidos ainda hoje pelo fato de serem diferentes. Cada discriminação fere a luta pela igualdade. Percebemos que pessoas são julgadas por um autoritarismo e um extremismo que andam sempre juntos. O Brasil segue o caminho do respeito e do amor pela divergência, somos a pátria da liberdade. Esse momento histórico afirma o apoio do Brasil à comunidade judaica”.

A CHAMA DA MEMÓRIA

O rabino Michel Schlesinger rezou o Salmo 23, em lembrança às vítimas do Holocausto. Em seguida, o rabino Yossi Schildkraut rezou o Kadish, oração para os falecidos.

Posteriormente, foram acesas seis velas em homenagem aos seis milhões de judeus mortos.

Acender a primeira vela coube aos representantes de vítimas de perseguição, discriminação e preconceito: Kayllane Campos, praticante do candomblé; Babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa; José Zuchwisky, do Movimento LGBT; Lulu Landwehr e Anna Kurchbaum Futer, sobreviventes do Holocausto, residentes em Brasília.

A segunda vela foi acesa por Lior Ben Dor, ministro de Israel no Brasil; conselheira Marie Koenning, representando o embaixador da Alemanha no Brasil; Ricardo Savone, embaixador do Canadá; Marianne Feldmann, embaixadora da Áustria; Andrzej Braiter, embaixador da Polônia; Miriam Necrycz, viúva do sr. Ben Abraham.

A terceira, por Aloizio Mercadante, ministro da Educação; Gilberto Kassab, ministro das Cidades; senador José Serra; Raymond Frajmund e Nahum Reiman, sobreviventes do Holocausto, ambos de Brasília

A quarta vela, por lideranças religiosas: Hoeck Miranda, representando a comunidade Bahá’i; Rafael Moreira, da Federação de Umbanda e Candomblé do Distrito Federal e entorno; rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista; rabino Yossi Schildkraut, do Beit Chabad; Jerson Laks, filho de Aleksander, sobrevivente do Holocausto falecido em 2015, do Rio de Janeiro.

A quinta vela, por Hermano Wrobel, presidente da Associação Cultural Israelita de Brasília, Gael de Maisonneuve, ministro conselheiro da Embaixada da França, Richa Bhala, representando a embaixadora dos Estados Unidos da América; João Gomes Cravinho, chefe da delegação da União Europeia no Brasil; Nanette Konig, colega de classe de Anne Frank e sobrevivente do Holocausto, de São Paulo.

O ministro Jaques Wagner acendeu a sexta vela, acompanhado de Fernando Lottenberg, presidente da Conib; Julio Gartner, sobrevivente do Holocausto, de São Paulo; jovens Michel Fligentaub Lemos e Rivka Markel Loyola Diniz Rodrigues, representando a juventude judaica local.

Crédito Fotográfico – Edgar Marra

FOTOS

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Fernando Lottenberg, Jaques Wagner, Julio Gartner e George Legmann acendem a sexta vela

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Gilberto Kassab, Fernando Lottenberg, Claudio Lottenberg e Aloizio Mercadante

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Ibrahim Alzeben, embaixador da Autoridade Palestina, e Fernando Lottenberg.

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Johan e Nanette Konig, Nahum Reiman e Fernando Lottenberg

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 Milton Seligman, Claudio Lottenberg, José Serra, Fernando Lottenberg, Gilberto Kassab e Paulo Maltz

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Marcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente da OAB, Jaques Wagner, Fernando Lottenberg, Lior Ben Dor, ministro da Embaixada de Israel e Hermano Wrobel, presidente da ACIB.

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 Kayllane Campos, Babalaô Ivanir dos Santos, José Zuchwisky, Lulu Landwehr e Anna Kurchbaum Futer

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Lior Ben Dor, ministro de Israel no Brasil; conselheira Marie Koenning, representando o embaixador da Alemanha no Brasil; Ricardo Savone, embaixador do Canadá; Marianne Feldmann, embaixadora da Áustria; Andrzej Braiter, embaixador da Polônia; Miriam Necrycz, viúva do sr. Ben Abraham.

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 Aloizio Mercadante, Gilberto Kassab, senador José Serra; Raymond Frajmund e Nahum Reiman.

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 Hoeck Miranda, Rafael Moreira, rabino Michel Schlesinger, rabino Yossi Schildkraut, Jerson Laks

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Fernando Lottenberg, babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Kayllane Campos, praticante do candomblé e George Legmann, sobrevivente do Holocausto

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Rabinos Michel Schlesinger e Yossi Schildkraut rezam o Kadish.

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Hermano Wrobel, Lior Ben Dor, Fernando Lottenberg e Jaques Wagner.

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Ricardo Berkiensztat, Gilberto Kassab e rabino Michel Schlesinger.

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