“SALA VIP”, COM O JORNALISTA SALOMÃO SCHVARTZMAN – POR EVELYN ELMAN‏

Evelyn para o portal Glorinha Cohen 1

“Eu sou apenas um judeu que cumpriu com o seu dever, um judeu que tem a sua origem, a sua meta, que entende como ninguém o sangue judaico. Já briguei muito por isso, já me enrolei em brigas de rua por causa disso e não me arrependo”.


ENTREVISTA COM O JORNALISTA SALOMÃO SCHVARTZMAN

Tarde de sol. Chego no prédio do jornalista Salomão Schvartzman vinte minutos adiantada. Caminho na calçada até me anunciar ao porteiro. Respiro fundo e subo. Entro na linda sala do apartamento e fico aguardando. Ele vem caminhando calmamente e já me avisa, estou chegando aí. Depois de me apresentar, seguimos para sua mesa de trabalho e logo me vejo tranquila e muito animada à frente de um bom homem, muito sábio, de uma cultura riquíssima, sensível e de uma simplicidade que nos faz sentir quase parte da família.

A medida que avança a entrevista, Salomão se empolga, relembra fatos familiares, ri, cantarola, se emociona com as várias conquistas jornalísticas e me encanta com a sua forma de ser, evidenciando que a “perseverança é o caminho do êxito”, como já dizía Charlie Chaplin. Aliás, notei que somos fãs incondicionais desse vagabundo que comoveu o mundo, Carlitos, o poeta abençoado do cinema mudo. E Salomão Schvartzman nos presenteia com Chaplin, ora declamando “Ei! Sorría…” ora “Despertar” e muitas vezes, em seus programas cita frases muito adequadas ao assunto pertinente. Um dos mais queridos e respeitados apresentadores do rádio brasileiro, apresenta crônicas diárias sobre temas que envolvem o imaginário do ser humano, passeando pela política, economia, música, sexo, poesia e hábitos humanos.

Muita honra em entrevistá-lo!

Com vocês, Salomão Schvartzman!

Fotos: Evelyn Elman


262_FC_4.1

Evelyn: Onde o senhor nasceu, quantos irmãos, como foi a sua infância?

Salomão: Nasci em Niterói num longínquo ano de 1934, em 9 de janeiro que é o “Dia do Fico”. Fiquei com o meu irmão mais velho Nathan Schvartzman, violinista e minha irmã mais nova Bela, uma personalidade para mim muito grata. Minha infância foi uma infância normal, de pobre, no bairro de Barreto, um bairro operário de Niterói, onde estudei até passar para um colégio chamado Colégio Brasil, onde realmente me encontrei com o estudo e principalmente com o estudo de português. Estou encantado em conversar com você, porque nem sempre nos sentimos a vontade quando falamos de nós mesmos. Estou pronto para responder suas perguntas e começamos falando do Salomão, o Salomão que aprendeu bem idish com sua mãe e a escrever também como ela dizia, a saudosa Anna Schvartzman: “Salomão, Schloime, como você vai me responder se não entende o que eu vou escrever para você?” Ela sempre viajava aqui pelo Brasil mesmo. E eu aprendi a escrever, fui na escola. Agradeço tanto a ela! Nesses anos todos o que eu falei de idish, o que eu aprendi com o idish… Também, quando estive com Dzigan, não o Szumacher, mas, só o Dzigan nas várias vezes que ele esteve no Brasil e que nós aprendemos a gostar um do outro. Tudo isso é idish. Dzigan, grande comediante da lingua idish, com uma voz extraordinária, tornou-se famoso em todo mundo judaico e em muitas vezes em que ele esteve no Brasil, conseguíamos nos reunir muito bem.

Evelyn: Tem algum fato, alguma recordação que marcou a sua adolescência?

Salomão: Diría que a única coisa que marcou a minha adolescência, foi quando, aos 13 anos de idade, acompanhei o Nathan nas preparativas que ele fazia aos 17 para ir para os Estados Unidos, aonde estudou na famosa Juilliard School of Music, de Nova York e aonde ele se encontrou com ele próprio na música, no violino. Estudou, diplomou-se pela Julliard e foi muito feliz nos concertos que se apresentava tanto em Nova York, como em Londres, como em Lisboa. Enfim, o Nathan foi sempre não só um grande caráter, mas, um grande violinista. E tinha um som no violino que era fantástico! Não, não era o stradivarius, porque às vezes, um stradivarius só é bom quando você consegue extrair o som do instrumento. E quando se consegue extrair o som de um stradivarius, você consegue extrair o som de qualquer instrumento.

Evelyn: Na juventude o senhor era mais estudioso, mais esportista…

Salomão: Sempre estudei muito e minha mãe nunca precisou perguntar: você fez a lição? Isto era uma coisa íntima…Eu estudei muito…


Eu tenho uma bagagem com 82 anos de idade, você pode imaginar o que vivi e o que ainda vivo, porque procuro viver o momento, e a música me ajudou muito, muito.


Evelyn: De onde vem a sua influência que propiciou e despertou todo esse gosto pela música, pela leitura e pela escrita?

Salomão: Quando tinha 10 anos de idade, calça curta, Nathan me preparou para um vestibular na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, que tinha um grande prédio na Lapa, no Rio. Me lembro de ter feito os exames, tirei a média 5 e entrei. Realmente eu era o único de calça curta naquela sala de mulheres noivas, casadas, gente bem mais velha e cheguei para o meu pai que tinha uma alfaiataria e disse: pai, preciso de uma calça comprida, porque não posso ficar com as pernas de fora. E comecei a usá-las naquela época de 10 anos de idade. Aos 13 anos, quando terminei o curso e me formei, quem me levou para o diploma não foi só o Nathan, como a minha mãe. Mamãe é um capítulo especial. Culta, lía muito, me perguntava “Vus lenst di”? – o que você está lendo? Eu respondia: Machado de Assis… E ela, “ver iz”? – quem é esse cara? Dizia quem era Machado de Assis , o que ele escrevia, suas histórias e me sentia muito bem com ela, eu falava muito só em idish. Fez uma sacanagem quando morreu, não devía ter feito isto. Até hoje, gostaria que estivesse aqui. Estaría com 100 anos de idade, mas, com a cabeça que Deus deu a ela, estaría jovem. O nome dela era Anna Schvartzman.

Evelyn: O senhor é advogado, sociólogo e jornalista. O jornalismo sempre teve um peso maior ou foi questão de oportunidade desde cedo?

Salomão: Sempre namorei o jornalismo, embora estivesse estudando sociologia. Me lembro que participei de um jornal na sala de aula, que se enquadrava dentro dos limites do jornalismo que eu procurava, realmente me enfeitiçou e nunca mais deixei isso. As histórias de jornalismo são muito interessantes, não sei se eu tinha 18 ou 19 ou 17 – você pode imaginar que isso faz tempo, fui procurar emprego com o Globo que era o melhor jornal da época e continua sendo um dos três melhores do Brasil. O Globo era o Última Hora. Samuel Vainer e a redação, fizeram uma brincadeira comigo no início e me propuseram: -“Se você conseguir uma entrevista com Ana Maria Thompson, que era a garota propaganda da época, você tem um emprego aqui”. Fui, consegui o endereço no Rio e bati na porta. Ela mesma abre, disse o que eu queria e A.M.T. me respondeu: “Não faça isso, não vou lhe dar entrevista nenhuma, porque se eu der você será despedido na hora, porque o meu noivo, etc…”. E eu só ouvia. Evidentemente voltei para a redação, escrevi tudo e foi publicado. E fui demitido no dia seguinte, risos…

Evelyn: Aonde busca inspiração para escrever suas crônicas diárias?

Salomão: Eu tenho uma bagagem com 82 anos de idade, você pode imaginar o que vivi e o que ainda vivo. Procuro viver o momento e a música me ajudou muito, muito. Acompanhei muitas obras clássicas de perto com o Nathan e realmente me tornei um violinista por tradição. Não tocava, mas, entendia tudo. Me divertia muito quando Nathan, depois de 5 anos nos Estados Unidos, me ensinava e contava coisas enquanto passava férias no Brasil. Confesso a você, Evelyn, que eu tinha um talento para o piano. Comecei a tocar, a estudar e bem. Falavam que eu deveria acompanhar o Nathan no exterior, nos Estados Unidos. Minha mãe olhou para mim e só fez um sinal: – “Não quero um segundo filho fora”. E realmente fiquei aqui, mas, não me arrependo, valeu a pena ficar com ela.

262_FC_4.2

Evelyn: O senhor tem um conhecimento multidisciplinar e uma maneira muito autêntica de analisar a notícia. É uma forma de imprimir a marca Schvartzman ou é a inquietude mesmo que se manifesta em relação aos fatos diários?

Salomão: Não, não… Tenho a sensação, e isso me exprime para você, em ter uma opção, uma versão de fatos depois da leitura que você fez nesses anos todos em que a verdade é sua, é o que prevalece. Você sente, forja, entra dentro das verdades que distribuem pelo mundo e divulga essa verdade como ela é para você. Último é, por exemplo, do Gran Mufti de Jerusalém, Netanyahu disse que foi Hussein quem incitou e aconselhou Hitler a exterminar os judeus, mas, não é verdade. Em 1947, nos discursos que eu acompanhava, apesar da minha idade, ele apenas disse:“árabe, escolha o teu judeu”. Significava que naquela época se os judeus saíssem, como não sairam, os árabes sairiam e daí a formação dos nomes dos imigrantes, dos refugiados, porque eles não puderam mais voltar. Os judeus não foram exterminados, não foram vencidos, se transformaram num grande país como Israel e num grande problema para todo mundo, inclusive para eles próprios. E estão ai, dizendo a verdade que realmente Deus deu a esse povo.

Evelyn: O senhor participou indiretamente da cobertura do julgamento do nazista Adolph Eichman em 1961. Qual foi a sensação pessoal frente ao fato, por ser judeu e saber que perdeu entes queridos na Segunda Guerra Mundial?

Salomão: Não estive pessoalmente em Jerusalém. Me lembro de ter ido ao dono do Globo aonde já trabalhava, lá fiquei por 6 anos e falei para o Dr. Roberto Marinho: – O senhor me dá os teletipos e meia hora na Radio Globo, num programa diário… Sobre isso afio os detalhes que dei para ele e que me respondeu: “pode começar hoje”. E realmente começei numa audiência fantástica, quando ele próprio depois de 2 ou 3 semanas me chamou e disse: “Não é mais meia hora, você agora tem uma hora”. Uma hora diária, recebendo mi kol Israel as fitas do julgamento! Quando Adolph Eichman foi dizer “Ich bin nisht shildik”, “eu não sou o culpado”, a Radio Globo colocou no ar como uma grande manchete e realmente foi uma reportagem grandiosa que eu acompanhei durante três meses. Nesse tempo, ouvi isso e entrevistei pessoas que estiveram em Jerusalém. Quem foi pessoalmente pela revista Manchete na época, foi um grande amigo meu, chamado Zeev Ghivelder, que me contava e me mandava coisas exclusivas de lá também.


Toda a censura é equivocada, não admito isto. Falo sobre isto com o próprio jornal, com a própria rede de notícias e estranho, me sinto mal quando eu vejo alguém ser cortado ou alguém ser punido por ter falado a verdade.


Evelyn: O senhor costuma ler todos os emails que recebe? Aceita criticas, opiniões, conselhos?

Salomão: Confesso que não leio todos os emails que recebo. Aceito críticas, mas, não sou muito aberto, muito democrata. A crítica quando é construtiva, ela me ajuda. Quando é destrutiva, como no tempo de Eichman que me chamavam de assassino, de perverso, de nazista, não ligava porque eu compreendia que quem escrevía isto, eram antissemitas. Ao mesmo tempo, pessoas de bem escreviam cartas, telefonemas, mensagens, em que me diziam que eu devía ter mais, que ainda bem que existe o Salomão… Para eles! Não sei se é verdade isso, risos… Eu não sou muito de aceitar conselhos, gostaria de favorecer essas pessoas que me dessem conselhos.

Evelyn: Salomão Schvartzman começou como repórter no jornal O Globo e na Rádio Globo, Rio de Janeiro. Em seguida na revista e tv Manchete. Com o fim da Manchete, transferiu-se para a tv Cultura e rádios Cultura AM e FM. Na Rádio Cultura FM, apresentou o programa Diário da Manhã. Depois seguiu para a Rádio Scalla FM, de São Paulo, aonde continuou apresentando o Diário da Manhã. Com a saída da emissora da cidade de São Paulo, passou a atuar na Rádio BandNews FM, como colunista e cronista, conduzindo também o programa de televisão Salomão Dois Pontos no canal BandNews. Voltou a apresentar o Diário da Manhã na Rádio Cultura FM, além de continuar com seus programas nas rádios BandNews FM e Bandeirantes e no canal de tv BandNews. Qual desses lugares teve mais gosto e facilidade em trabalhar e quais são os seus programas hoje?

Salomão: Não posso esquecer dos 6 anos do jornal O Globo e de um chefe de redação chamado Alves Pinheiro, que não gostava do meu nome Salomão. Achava um nome muito feio e me chamava de Sebastião. Acho que durante 6, 7 meses, eu era chamado SEBASTIÃO! E ía cabisbaixo até ele que me dava uma tarefa da reportagem, até um dia que ele me chamou: – “SEBASTIÃO”? Eu dei uma porrada na mesa, comecei a chorar e gritava, meu nome é Salomão, é feio, mas, é meu. Nunca vou esquecer isso e como um passe de mágica, Alves Pinheiro imediatamente começou a me chamar de Salomão, Salomão vem cá e não aconteceu nada com relação a Sebastião. Ele não falava mais esse nome, me senti vitorioso, assim como já me sentia bem dentro da equipe do jornal O Globo. Isso eu não vou esquecer.

Desses programas hoje, o principal é quando eu me levanto às 5 da manhã para fazer o “Diário da Manhã”, na Cultura FM. Um programa diário que mexe com quem ouve, e só você ouvindo é que pode qualificá-lo, entremeado por músicas boas, muito ligadas ao que está acontecendo e à crônica do meu dia a dia. Depois, faço um programa na própria BandNews, chamado “Salomão Dois Pontos”, às terças feiras, no qual entrevisto pessoas, personalidades brasileiras que são notáveis. Isto também é uma espécie de um “diversement”, que você faz, melhora e se integra, vale a pena.

Evelyn: O que acha da censura ao jornalismo que está tendo no Brasil? Me refiro à notícia sobre o possível afastamento de um jornalista, devido a um comentário negativo sobre um partido eleitoral brasileiro em rede nacional?

Salomão: Toda censura é equivocada, não admito isto. Falo sobre isto com o próprio jornal, com a própria rede de notícias e estranha, me sinto mal quando eu vejo alguém ser cortado ou alguém ser punido por ter falado a verdade.

Evelyn: Rui Barbosa, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, já dizia: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. Trazendo o texto para o nosso contexto, mudou alguma coisa na nossa política?

Salomão: Muito interessante que você fala um trecho do discurso de Rui Barbosa. Falei sobre isso anteontem, da nojeira que é a política que estamos vivendo. Estou acabrunhado, pessimista e desesperançado, acredito que todos nós, homens de bem, homens que vêem nesse Brasil um momento de lucidez que está sendo tapado pela ignorância das falas incultas dos deputados, dos parlamentares. Você sabe que tem parlamentar, que é “para lamentar”.

262_FC_4.3

Evelyn: Não existem pessoas atuantes divulgando a música clássica como o senhor. Como despertar o gosto musical do jovem num mundo como hoje, aonde tudo é veloz, os gêneros musicais mudam rápido e de acordo com as exigências do mercado? Digamos que hoje sai na frente o que se vende mais e não necessariamente o que se escuta mais ou o que é melhor…

Salomão: Tive um preparo, fiz o vestibular para mim mesmo com o meu irmão Nathan e hoje por exemplo eu tenho uma imensa facilidade, um imenso gosto de ouvir qualquer coisa que seja clássico, pode ser uma sinfonia de Mahler, como pode ser também uma Berceuse de Chopin. Tudo já está dentro de mim, me sinto bem, acho isso uma felicidade. Vivíamos uma outra época. O interesse pela música clássica é uma coisa que ficou e o jovem só pode perceber isso se ele ficar ouvindo. Se ouve um dia, um mês, um ano, a música em si e vai percebendo… Muitas pessoas já falam comigo sobre o que ouvir, mas, o que é ouvir? Isto é uma arte, a arte de ouvir, de saber ouvir. Você diz como ouvir por exemplo, um concerto para violino de Tchaikovsky, que é um dos mais bonitos, é uma jóia, como também é o concerto de Mendelssohn, já eleito o mais belo concerto para violino. Mas, Tchaikovsky… ( Evelyn: E nesse momento, o Sr. Salomão cantarola um trechinho com a afinação perfeita e entusiasmado ). Tudo isso você faz com gosto, com uma vontade danada. Agora ouça esse tema, ouça de novo o tema, veja no terceiro movimento as dificuldades fantásticas que o violinista tem e com o Jascha Heifetz. Ele morreu sim, acho que foi em 82, mas, quem ouviu não consegue esquecê-lo.

Evelyn: Tem também contato com a música judaica?

Salomão: Tenho muito. Engraçado que eu ouvía os discos que comprávamos aqui, muitos eram trazidos de fora. Ouvia com minha mãe a tarde, depois do almoço, um, dois, três, seis, sete discos e ela cantava junto, tudo em idish. Me lembro agora falando com você, como era feliz aquele momento em que a vía cantando. Mamãe não falava bem o português e quando falava, era uma coisa errada e que nós, eu e ela, ríamos juntos dos próprios erros. Ela não podía deixar de falar, como de me insistir na apreciaçao da língua. O idish foi uma espécie de um adendo à cultura, não só para mim, mas, para todas as pessoas que falavam a lingua, que cantavam o idish como Sholem Asch, Mendele Mocher Sforim, Sholem Aleichem e suas traduções das histórias cômicas. Isto me completou, confesso a você que tive uma sorte tremenda sabendo idish e dando valor à língua.


Eu sou apenas um judeu que cumpriu com o seu dever, um judeu que tem a sua origem, a sua meta, que entende como ninguém o sangue judaico.

Já briguei muito por isso, já me enrolei em brigas de rua por causa disso e não me arrependo.


Evelyn: Qual a sua opinião sobre os investimentos atuais que são feitos em relação a concertos, em relação a apresentações de maestros, na Sala São Paulo, por exemplo?

Salomão: Por exemplo Roberto Minczuk deixou a direção da Orquestra Sinfônica Brasileira, a OSB. Não sei quem vai ser o substituto, mas, isso atemoriza um pouco quem acompanha. Você vê um hiato de dificuldades e desconhecimento e de uma falta de preparo para quem faz e para quem ouve. Tenho medo que não consigamos estar à altura de uma nova era da regência na OSB.

Evelyn: De todas as atividades que exerceu, empreendorismo, música, escrever crônicas, enfim, o multifacetado Salomão Schvartzman só faría o quê hoje?

Salomão: Eu tenho um talento fantástico para ser um vagabundo, gosto muito de ser um vagabundo de tudo, um vagabundo que possa ler muito, que possa ouvir música e muito, mas, sem responsabilidade… De poder dizer para Anna*, olha, tenho um presente para você, um presente que eu possa dar e que eu dou a ela é o meu amor. *(Anna Schvartzman, esposa de Salomão, que coincidentemente tem o mesmo nome de sua mãe).

Evelyn: O senhor é extremamente elegante. O que considera ser elegante? Quais são os seus valores e como exercer isto nos dias de hoje, aonde os valores são tão superficiais?

Salomão: Acho que a elegância significa inteligência. Sendo inteligente, você já é elegante. Não precisa de uma frase para você dominar o ambiente, basta você olhar, dizer uma propriedade. Pode ser até um monossilabo e você completa o raciocinio, não precisa ser de uma maioria, mas, de pessoas de bom gosto. A grande elegância é a inteligência.

Evelyn: O senhor gostaría de comentar mais alguma coisa sobre a sua carreira?

Salomão: Você veio aqui, veio em casa, me faz perguntas como se eu fosse uma celebridade, eu não sou. Sou apenas um judeu que cumpriu com o seu dever, um judeu que tem a sua origem, a sua meta, que entende como ninguém o sangue judaico. Já briguei muito por isso, já me enrolei em brigas de rua por causa disso e não me arrependo. Vou repetir, eu sou um judeu que cumpriu com a sua obrigação.

Evelyn: Uma leitura ou um livro?

Salomão: Os filhos dos Dias, Eduardo Galiano

Evelyn: Um filme?

Salomão: A Lista de Schindler.

Evelyn: Um idolo?

Salomão: Charlie Chaplin.

Evelyn: Um cantor?

Salomão: Luciano Pavarotti.

Evelyn: Uma ária ou uma ópera?

Salomão: Turandot, de Puccini.

Evelyn: Um hobby?

Salomão: Ser vagabundo.

Evelyn: Uma mídia?

Salomão: “O Globo”.

Evelyn: Um sonho? Pode ser pessoal ou para o mundo…

Salomão: Viver num mundo sem injustiças.

Evelyn: Nas horas vagas?

Salomão: Gosto de ficar com a Anna, o que é verdade.

Evelyn: “Salomão dois pontos”?

Salomão: Uma projeção aonde eu respeito o ouvinte.

Evelyn: Sr. Salomão, obrigada por essa entrevista muito, mas, muito especial! Vou tomar a liberdade de finalizá-la agora, desejando em dobro o que o senhor diariamente deseja a todos os seus ouvintes generosamente e que é a sua marca, seja feliz…

Salomão: Seja feliz, mais do que a verdade meu Deus, como quero que todos sejam felizes, como eu quero ser feliz, sempre. Muito obrigado, Evelyn, acho que eu falei demais…


EVELYN ELMAN – Publicitária e atriz/cantora – evelyneventos@gmail.com

20
20