DISFUNÇÃO ERÉTIL – POR DR. DAVID JACQUES COHEN

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Apesar de ser uma doença benigna acarreta grande desconforto físico e psicológico que afeta intensamente a qualidade de vida do paciente e sua parceira. É a disfunção sexual mais comum nos homens a partir da quinta década de vida. E aqui você vai saber tudo sobre ela, tais como causas, tratamento, próteses penianas, etc.


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Introdução

Disfunção erétil se define como a incapacidade de obter ou manter uma ereção peniana suficiente para permitir um desempenho sexual satisfatório, que ocorre de forma recorrente. Apesar de ser uma doença benigna acarreta grande desconforto físico e psicológico que afeta intensamente a qualidade de vida do paciente e sua parceira. É a disfunção sexual mais comum nos homens a partir da quinta década de vida.

Estudo clássico conhecido como Massachussets Male Aging Study1 demonstrou que cerca de 52% dos homens entre 40 e 70 anos apresentavam algum grau de disfunção erétil nos EUA. No Brasil, esses números são semelhantes com uma incidência de 48%, segundo trabalho de Moreira et al2. Estes mesmos estudos demonstraram uma incidência de 26 novos casos de DE para cada 1000 homens anualmente nos EUA, comparados a 65 novos casos para cada mil homens no Brasil. Essa diferença pode ser explicada pelas diferentes metodologias empregadas, nível sócio econômico e idade da população estudada.

Até a década de 90 pouco se conhecia sobre a fisiologia da ereção e sendo assim poucos tratamentos mostravam eficácia. No final da década de 90 com a descoberta dos inibidores da fosfodiesterase, houve uma revolução no campo da disfunção erétil que beneficiaram milhares de pacientes. Além disso, o aumento da longevidade da população mundial associado ao conceito de qualidade de vida estabeleceram a disfunção erétil como uma doença de alta prevalência e resolução.

Causas

As causas da disfunção erétil é multifatorial e para fins didáticos pode ser dividida em:

  • Vasculogênica
  • Neurogênica
  • Hormonal
  • Medicamentosa
  • Psicogênica

Habitualmente a forma mais comum é a mista, em que um ou mais fatores etiológicos estão associados. Em cerca de 70% dos casos existe algum grau de fator psicogênico que pode ter iniciado o processo ou ser consequência de outros fatores. Diversos fatores de risco para o aparecimento da disfunção erétil são bem estabelecidos como:

  • Tabagismo
  • Sedentarismo
  • Obesidade
  • Dislipidemia
  • Hipertensão arterial

Diagnóstico

Após o aparecimento dos IFDE-5 para o tratamento da DE, os médicos de forma geral, perderam o “interesse” em realizar o diagnóstico etiológico da DE, pois estes medicamentos são bastante efetivos para o tratamento da grande maioria dos casos. No entanto, mesmo na era das drogas via oral, este esforço para identificar a exata etiologia da doença deve ser feito, pois proporciona tranqüilidade ao paciente e além disso pode identificar doenças adjacentes importantes (doenças cardiovasculares, diabetes, distúrbios hormonais e etc). A DE pode ser a primeira manifestação de uma doença cardiovascular adjacente 11.

Tudo se inicia com uma boa conversa em que se estabelece uma relação de confiança entre médico e paciente. Nesta etapa deve-se estabelecer a queixa principal como sendo a disfunção erétil e diferenciar de outros distúrbios sexuais, como os ejaculatórios e de desejo sexual. A pesquisa de doenças associadas, uso de medicamentos e/ ou drogas recreacionais, tabagismo, etilismo, cirurgias ( principalmente pélvicas e urológicas), radio ou quimioterapia prévia e história de trauma genito- perineal deve ser realizada.

Anamnese e exame físico bem feitos direcionam de forma adequada o restante dos exames complementares. Os exames laboratoriais básicos que devem ser solicitados são: glicemia de jejum, perfil lipidêmico e dosagem de testosterona total pela manhã. Outros exames complementares só devem ser solicitados em casos específicos e se agregarem algum valor na terapêutica a ser adotada:

Teste de ereção fármaco induzida: exame invasivo. Atualmente realizado apenas em pacientes com indicação de terapia intracavernosa ou nos casos de Doença de Peyronie para visibilizar a curvatura peniana12. Ultrassonografia doppler de artérias cavernosas(US): indicado em casos de suspeita de lesão arterial ( traumas pélvico – genitais) ou pós radioterapia pélvica com suspeita de fístula arterio-venosa.

Tratamento

O paciente com disfunção erétil deve ser tratado de forma global e não focalizar a terapêutica na resolução apenas da DE como um sintoma isolado. Desta maneira, como visto anteriormente, modificações no estilo de vida, identificação e tratamento de comorbidades e escolha adequada do uso de medicações devem ser realizadas concomitantemente ao tratamento especifico para a disfunção erétil. Diversos estudos demonstram que atividade física regular, abstinência de tabagismo e etilismo, perda de peso e controle de diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial otimizam o tratamento com inibidores de fosfodiesterase13.

Psicoterapia

Na área psicológica, os tratamentos não são invasivos e existem há muitos anos. No entanto, ainda ocorre grande resistência por parte dos médicos e dos próprios pacientes em indicar e procurar um psicólogo para o tratamento psicoterapêutico. Pode ser realizada de forma individual ou em conjunto com a parceira (demonstra melhores resultados) por equipe de profissionais especializados. Nos casos de DE com predominância psicogênica, resultados satisfatórios variam entre 90 -96%14. No entanto, a aceitação e aderência dos pacientes se situa entre 50-60%14. Mesmo nos casos de DE orgânica, sabe-se que raramente não há um componente psicogênico envolvido e a associação de tratamento medicamentoso associado a psicoterapia pode ser benéfico ao paciente.

Medicações Via oral

Desde o final da década de 90 com o advento dos IFDE5, as drogas vias orais se tornaram a primeira linha de tratamento da disfunção erétil.Os quatro principais representantes são a Sildenafila, Tadalafila , Vardenafila e Lodenafila.

Terapia Intracavernosa

Nos pacientes refratários à medicação VO a escolha terapêutica são as injeções intracavernosas. Antes do aparecimento dos IFDE5 era o tratamento mais freqüente para DE. Apresenta eficácia de até 85%, no entanto com taxas de desistência de uso de até 50%, que ocorrem geralmente nos 2-3 primeiros meses.

Próteses Penianas

Em casos refratários a outras terapias ou por escolha do paciente, pode-se utilizar o implante de próteses penianas como tratamento da DE de origem orgânica. O uso em pacientes com disfunção erétil de causa psicológica deve ser visto com grande reserva e após avaliação de profissional da área psicológica.

Há dois tipos de próteses penianas: as semirígidas (maleáveis) e as infláveis, que se subdividem em próteses de 2 e 3 peças. As próteses infláveis possibilitam ao paciente a possibilidade de transformar o pênis do estado flácido para o ereto. As mais complexas, e que permitem melhor enchimento peniano, são as de três componentes: os dois cilindros intracavernosos, o reservatório que fica no espaço retropúbico e a bomba colocada na parede do escroto. Quando o paciente pretende uma ereção, comprime a bomba escrotal e o líquido que está no reservatório é transferido para os cilindros penianos. Quando quiser retornar ao estado flácido, deve comprimir a bomba novamente e o líquido percorre o sentido inverso. Para pacientes mais idosos e com menor freqüência sexual as próteses semi-rígida são uma boa opção. Estas próteses são constituídas de dois cilindros de silicones maleáveis que são colocados em cada corpo cavernoso e diminuem em certo grau a ereção peniana. A grande vantagem e de não apresentarem as complicações mecânicas inerentes as próteses infláveis.


DR. DAVID JACQUES COHEN – Formado em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, realizou residência médica em cirurgia geral no Hospital e Maternidade Santa Marcelina e, em seguida, residência médica em Urologia no hospital Centro médico de Campinas por três anos. Em 2013 realizou fellowship na Cornell University, no Presbiterian Hospital de Nova Iorque, sob supervisão do Prof. Ash Tewari, referência em cirurgia robótica. Atualmente, é médico urologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Membro da equipe do check-up do homem do grupo Fleury de São Paulo e assistente da disciplina de urologia do Instituto do Homem.

Fonte: www.drdavidcohen.com.brcontato@drdavidcohen.com.br

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