PALAVRA DO PRESIDENTE AVI GELBERG

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Não é porque se trata da Síria, inimiga de Israel, que podemos fingir que desconhecemos esse massacre de pessoas inocentes e ignorar uma questão humanitária tão dura. Nós que sabemos como é ser ignorados enquanto essa realidade está aí diante de nós, temos a obrigação de nos manifestar e fazer o mundo interferir de forma eficaz em favor do fim desse absurdo.


Um povo de fibra

Retornei ha pouco de Israel. Para ser mais exato de Haifa, minha cidade natal. A mesma Haifa que recentemente esteve cercada pelo fogo, como se a cidade toda fosse incendiar. Por isso, cerca de oitenta mil pessoas nos principais bairros foram evacuadas. Eu cheguei a cidade dias depois, vi as marcas físicas que o fogo deixou e tambem vi e me impressionou que a vida transcorria normalmente: pessoas sorriam, eventos em praças sempre lotados, shows e restaurantes cheios, como se nada tivesse acontecido.

Dai me perguntei de que fibra especial é feito nosso povo que nos dá essa capacidade de recuperação, essa vontade de viver, evoluir sem parar e a capacidade de vencer obstáculos.

Ainda na minha estada em Israel me inteirei um pouco mais a respeito da guerra na Síria, um campo de batalha complexo no qual se digladiam diversos grupos rebeldes sírios de moderados e radicais islâmicos; afiliados da Al Qaeda e do Estado Islâmico; forças sírias e estrangeiras como a milícia xiita libanesa Hezbollah e combatentes estrangeiros que se juntam em nome da jihad (guerra santa). Cada facção com seus objetivos, o que estreita os termos de qualquer acordo de paz possível. E cada uma incentivada a disputar com outros grupos por recursos para lutar e, depois, competir pelas concessões.

Isso basta para que oposições multifacetadas fracassem pois mesmo quando derrubam o governo, acabam se enfrentando em uma nova guerra. Portanto, uma guerra que começou em 2011 e, por enquanto já cobrou o preço absurdo de quatrocentos mil mortos dos quais a maioria de civis já caracteriza um genocídio e nós, judeus no mundo inteiro e por nossa história, não podemos nos calar. Não é porque se trata da Síria, inimiga de Israel, que podemos fingir que desconhecemos esse massacre de pessoas inocentes e ignorar uma questão humanitária tão dura. Nós que sabemos como é ser ignorados enquanto essa realidade está aí, diante de nós, temos a obrigação de nos manifestar e fazer o mundo interferir de forma eficaz em favor do fim desse absurdo.

Ao chegar ao Brasil vindo da região do Carmel em Haifa, para a nossa Hebraica e para o Festival Carmel, vi que as características de lutar, de fazer, de manter acesa a chama do judaísmo está, sem dúvida, no nosso DNA. Um final de semana com o clube cheio de gente, pleno de judaísmo e de vida no maior festival de dança judaica fora de Israel. O espetáculo de encerramento se supera a cada temporada e o ponto culminante deste foi a apresentação em conjunto dos clubes Sírio, Monte Líbano, Pinheiros e a Hebraica, numa ode à paz e um clamor à convivência quando se lembrou a figura de Shimon Peres.

Inauguramos pontos de alimentação no clube para todos os gostos e apetites. Vencemos mais um ano que se encerrou com uma grande festa de Réveillon e as celebrações de Chanuká que relembram os milagres que aconteceram com nosso povo e nossos ancestrais macabeus que derrotaram os gregos selêucidas com essa fibra especial que temos.

Nossa esperança é de que a lembrança e o fulgor das luzes de Chanuká iluminem esse ano de 2017 com muita paz e muito judaismo.

Shalom.

Am Israel chai.

Avi Gelberg


Fonte: Revista da A Hebraica – Janeiro/2017

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