LIBERDADE E ONIPOTÊNCIA – POR AKIM ROHULA NETO

288_life_3_1Nossa liberdade, por mais paradoxal que possa soar, se encontra no momento em que aceitamos os limites que temos.


O que é liberdade para você? Quando faço esta pergunta em meu consultório a maior parte das pessoas responde rapidamente: “é fazer o que eu quero”. Algumas, complementam: “quando e como eu quero”. Outras vão um pouco mais além e dizem: “seria ter o poder para fazer tudo o que eu quero”. Entre quais dessas percepções você se posicionaria?

Liberdade tem a ver com escolhas. A liberdade reside no ato de escolher e é distinta da capacidade de tornar a escolha real. Esses dois temas: a escolha e o poder se mesclam quando se fala em liberdade e, por este motivo, temos grandes confusões a respeito de um e de outro.

Quando o foco do conceito de liberdade recai no poder, confunde-se a liberdade com onipotência. O desejo secreto de poder fazer tudo o que desejo (e me ver livre de toda e qualquer consequência) é um conceito que ao contrário de libertar, aprisiona.

O aprisionamento se dá na auto imagem irrealista que a pessoa cria de si e da cobrança que se faz a partir dessa auto imagem. Se ela avalia que deveria poder fazer tudo o que quer, ao perceber-se limitada por questões muito naturais (como idade, recursos, lugar onde vive) poderá se sentir “menor” do que “deveria ser”, achar que está fazendo algo errado com sua vida ou culpar o mundo por não lhe oferecer aquilo que ela deveria ter acesso.

Quando a ênfase, por outro lado, recai na questão da escolha, o tema do poder sofre uma mudança. Entender a escolha que fez e avaliar o seu potencial de realização assumem o lugar do desejo por onipotência. Além de fazer a escolha é importante verificar como atingir aquilo que se escolhe e mais: se o que foi escolhido é realizável pela pessoa.

Livre é, portanto, aquele que é limitado. Quem possui limites precisa optar entre algumas escolhas possíveis de serem realizadas. Aquele que é onipotente não escolhe, pois isso não lhe é necessário. A virtude do onipotente é o impulso, enquanto a do livre é a parcimônia.

Nossa liberdade, por mais paradoxal que possa soar, se encontra no momento em que aceitamos os limites que temos. É a partir deles que podemos estabelecer nossa força verdadeira para buscar aquilo que escolhemos fazer.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

akimrohula@gmail.com

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