A ARTE DA AJUDA E SEU SENTIDO ESPIRITUAL – POR AKIM ROHULA NETO

293_life_4_1Ajudar não significa “dar” algo à alguém, mas sim, estar presente, junto com a pessoa, enquanto a mesma passa por uma dificuldade. É o ato de comprometer parte do seu tempo e da sua energia para acompanhar alguém em um aprendizado sobre si mesma a fim de se tornar um ser melhor e mais completo no futuro.


Ajudar alguém pode ser uma experiência renovadora. O voluntariado tem se tornado uma atividade comum para as pessoas que buscam uma melhora em sua qualidade de vida. Várias pesquisas como as elaboradas pelo psicólogo Martin Seligman, mostram que a dedicação à algo maior que você no auxílio à outras pessoas melhora nossa felicidade e qualidade de vida.

A palavra religião significa “ligar novamente”. A pergunta que se segue é óbvia: ligar o que ao que? Parte-se do suposto que é algo que já foi ligado no passado: “ligar novamente”. Todas as religiões pregam a ajuda como um elemento importante na manifestação da fé, com o que somos “religados” na experiência de ajudar alguém?

Todos somos seres em construção. Nenhum ser humano nasce pronto e terminado, e a cada momento, com cada escolha e atitude, modelamos quem somos em prol do futuro. Neste sentido, enfrentamos dificuldades, problemas que ocorrem além da nossa escolha, sofremos pelas oscilações da vida e sociedade.

Ajudar não significa “dar” algo à alguém, mas sim, estar presente, junto com a pessoa, enquanto a mesma passa por uma dificuldade. É o ato de comprometer parte do seu tempo e da sua energia para acompanhar alguém em um aprendizado sobre si mesma a fim de se tornar um ser melhor e mais completo no futuro.

A espiritualidade envolvida no ato de ajudar está presente no reconhecimento de que cada um de nós é, ao mesmo tempo, um ser que aprendeu o suficiente para ensinar e que está suficientemente incompleto para poder aprender cada vez mais. Seja por um desejo pessoal, seja por uma imposição da vida e da sociedade, precisaremos de aprendizado e fatalmente teremos vários momentos de “não-saber”. E é nesse momento que ajudar alguém se torna, também, um ato religioso e espiritual.

Nesse sentido, não é a resolução do problema o que realmente move a ajuda, mas sim o envolvimento no ato de ajudar. Afinal de contas nem sempre conseguimos resolver todos os nossos problemas; muitas vezes apenas “pagamos”. Estar envolvido na ajuda também incorpora reconhecer esta verdade. Quando sofro com o outro sinto compaixão e este sentimento, porém, não tem a ver com o outro apenas, mas sim com o reconhecimento de algo comum a nós.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

akim@uol.com.br

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