PORQUE A PAZ ESTÁ LONGE – POR DAVID S. MORAN

295_especial_5_1Quando houver uma liderança política forte – nos dois lados- que queira realmente terminar o conflito e com ela líderes religiosos muçulmanos cujo interesse se restrinja a reza e trazer a paz e não enviar suicidas, aí sim poder-se-á sentar numa mesa redonda e trazer o progresso, condições de vida melhor, modernismo, sorriso e amor, através da paz.


Muito simples. Há desconfiança de um lado pelo outro no conflito e vice versa, adicionado pela falta de boa vontade e também pelo envolvimento de terceiros, quartos, quintos…

Na sexta-feira passada (14 de julho) três árabes-israelenses sairam do Monte do Templo empunhando armas conseguiram matar 2 policiais israelenses antes de serem mortos. Sairam de um local sagrado, destinado a reza com armas em punho para matarem “infiéis”. É uma atitude anormal para religiosos de qualquer crença. “Não matarás” é um mandamento bíblico.

A polícia tomou suas medidas tentando apaziguar a situação, fechou temporàriamente os portões de entrada para a mesquita, para impedir incitações desnecessárias. É impressionante que os líderes religiosos muçulmanos incentivam a violência em toda parte e em Israel também.

As autoridades israelenses avisaram que manterão o status quo no Monte do Templo ou Esplanada das Mesquitas, isto é, depois de acalmar os ânimos, tudo voltará ao estado anterior, mas o extremismo ganha forças. Todos no lado muçulmano e árabe que falaram pùblicamente, em vez de esfriar oa ânimos dos crentes, fizeram o contrário, colocaram mais lenha no fogo, principalmente quando havia microfone e câmeras por volta. A liderança árabe israelense não condenou o atentado, apenas disseram que são contra o uso de armas. O rei Abdullah II da Jordânia, cujo avó, o rei Abdullah I, foi assassinado em 1951, na entrada da Mesquita de Al Aqsa por extremistas muçulmanos, entrou no coro dos incitadores, acompanhado pelo Waqf (autoridade religiosa islâmica) , pelos líderes da Autoridade Palestina, Hamas e vai por aí. Até o turco Erdogan achou que tem que intervir. Nenhuma autoridade ou organização chamou os lados para apaziguar e se acalmar, apesar de que todos sabem que em poucos dias tudo voltará a normalidade.

No domingo (16 de julho) autoridades israelenses tomaram a atitude de colocar detectores de metais nas entradas para o local sagrado- como é feito em qualquer repartição pública, aeroportos, etc. em qualquer lugar no mundo. Até no local mais sagrado aos muçulmanos, em Meca na Arábia Saudita, os milhões de crentes passam por detectores. Mas, aqui, em Israel, o Mufti de Jerusalém viu neste ato mais um motivo para acirrar os ânimos e agitar seus seguidores. Só para esclarecer, filmagem da segurança, mostra perfeitamente que as armas usadas neste ataque saem da mesquita e uma pessoa (já presa e esta sendo investigada) entrega as armas aos 3 terroristas mortos.

Acredito que a grande maioria dos muçulmanos em Israel e no mundo, quer ter vida pacata e de paz, mas esta maioria receia a minoria que os subjuga através das violências. Estas atraem a mídia e com ela os radicais ganham terreno na opinião pública.

Quando houver uma liderança política forte – nos dois lados- que queira realmente terminar o conflito e com ela líderes religiosos muçulmanos cujo interesse se restrinja a reza e trazer a paz e não enviar suicidas, aí sim poder-se-á sentar numa mesa redonda e trazer o progresso, condições de vida melhor, modernismo, sorriso e amor, através da paz.

Será que aqueles que querem população subjugada e ignorante também querem a paz?


DAVID S. MORAN – Mora em Israel, é formado em Relações Internacionais pela Universidade Hebraica de Jerusalém e Major da reserva do exército israelense.

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