PALAVRA DO PRESIDENTE DANIEL LEON BIALSKI

306_hebraica_1_1Nós, judeus, somos diferentes em nossos costumes, tradições, crenças e fé, mas ficamos maiores, não ameaçados, por essa diferença. Creio que este é um dos maiores sinais de esperança num mundo coberto pelas nuvens cinzentas da ira, ódio e desespero. Devemos espalhar essa lição.


Intolerância zero

Em 21 de janeiro foi celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância. Uma semana depois, dia 28 participamos do evento promovido pela comunidade de recordação do genocídio que matou mais de 6 milhões de nossos irmãos durante a Segunda Guerra Mundial.

Historicamente, nossa comunidade sempre foi, e é, alvo de preconceitos. A Torá descreve esses momentos. E na história moderna, temos muitos outros exemplos. Por que? As respostas são inúmeras. Mas seria apenas porque professamos a religião judaica? Talvez. De todo modo, independentemente da resposta NADA justifica atitudes de intolerância racial.

Eis o que disse a Diretora Geral da Unesco ao visitar o Museu da Shoá em Paris: “A história do genocídio dos judeus é a história do povo judeu e é também a história da humanidade como um todo…..O trabalho da UNESCO pela educação sobre o Holocausto e pela memória não é um olhar sobre o passado — ele atua no presente na luta contra o racismo, o antissemitismo e a negação”.

Fazendo coro a essas palavras, esta onda negativa deve ser combatida por nós e por todas as pessoas de bem, embora, infelizmente, tenham ressurgido em diversas partes do mundo e os grupos que a promovem, cada vez mais ousados. No Brasil, apesar de eventos esporádicos, as autoridades estão atentas, vigilantes e atuantes quando provocadas pelos nossos representantes e instituições (especialmente Conib e Fisesp), que trabalham com pulso forte e firme. E gente de nossa coletividade trabalha decisivamente para estreitar as relações com o poder público em todos os níveis, de forma rápida e eficaz. Exemplo disso é a proposta – aceita – de fazer constar do currículo escolar a disciplina do ensino do Holocausto. É para as crianças saberem o que foi e nunca mais se repita. É que a história com suas tragédias precisa ser lembrada sempre. É um dever de todos assim como repassar às novas gerações o que aconteceu e a gravidade daqueles eventos.

Mas, tanto ou mais importante, é nos manter unidos. Juntos podemos fazer mais. Neste sentido, a Hebraica caminha de mãos dadas com as nossas lideranças comunitárias combatendo a intolerância onde e quando ela se manifestar, de forma proporcional, preventiva, instrutiva, educacional e,se necessário, com a força da lei.

Hoje, temos diálogo e ótimas relações com clubes e organismos de outras religiões, credos e raças, e enxergamos que é possível a convivência cordial e pacífica, sempre prevalecendo o respeito. Nós, judeus, somos diferentes em nossos costumes, tradições, crenças e fé, mas ficamos maiores, não ameaçados, por essa diferença. Creio que este é um dos maiores sinais de esperança num mundo coberto pelas nuvens cinzentas da ira, ódio e desespero. Devemos espalhar essa lição.

A integração da nova diretoria com o grande número de voluntários ajudando na condução do clube nos emociona. Todos pela Hebraica. Essa chama de esperança e alegria tinha cores vivas todos os dias e finais de semana de janeiro no clube. Muitas crianças, atividades variadas, piscinas cheias e a alegria dos nossos sócios.

Hoje, sempre e onde estivermos é nossa tarefa mostrar que podemos respeitar e ser respeitados. Se isso acontece na vastidão de uma fronteira também é possível em qualquer lugar. Podemos, devemos e vamos, de fato, escrever um novo capítulo na conturbada história entre as fés, cujas linhas finais enalteçam a amizade, a paz e o amor. Porque estes são, reconhecidamente, os melhores e eficazes antídotos contra o medo.

Shalom.


FONTE – REVISTA DA HEBRAICA – FEVEREIRO DE 2018

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