A ARTE DA SIMPLICIDADE – POR AKIM ROHULA NETO

308_saude_1_1Quando a pessoa consegue olhar apenas para aquilo que realmente importa, ela observa o simples. Pois o essencial é, também, simples.


Ser simples. Parece tão complicado, não? A simplicidade tem sido, cada vez mais, apreciada como um valor relativo à saúde mental. Porém a prática da simplicidade pode ser muito complexa para uma sociedade tão agigantada como a nossa.

Ser simples é uma atitude, que envolve ações e emoções. Tornar-se simples envolve perder a auto importância. Quem se acha importante demais no mundo não consegue ser simples. Suas ações, pensa, terão efeitos muito importantes, afinal de contas, ela é muito importante. Assim sendo, não pode ser dar o “luxo” de pensar simples e não considerar tudo. Mas quem perde a auto importância vê seu próprio tamanho. Não mais e nem menos que ninguém. Com isso, pode fitar aquilo que é simples.

E isso, envolve olhar para o que é essencial. Como diz Marco Aurélio: para cada coisa pergunte: o que é isso em essência? Qual a minha essência neste mundo? Ou seja, aquilo que me define e resume no que tenho de mais importante? A característica que flui em mim como água por um rio, que não me causa esforço e ao mesmo tempo me gera resultados é aquilo que é essencial em uma pessoa. Cada situação e problema também possui uma essência.

Quando a pessoa consegue olhar apenas para aquilo que realmente importa, ela observa o simples. Pois o essencial é, também, simples. Ele não envolve outras coisas ao seu redor, ele é em si. E podendo ver isso a pessoa se libera de obrigações desnecessárias, assim como de atos desnecessários. Ela vai direto ao ponto.

Essa é uma ação. Ir direto onde precisa ir. A simplicidade precisa dessa ação. Se você vê onde precisa ir e não vai ou vai para outro lugar, se perde do simples. Apenas quando se honra aquilo que é necessário é possível ser simples. Ao agir sobre aquilo que importa mais, deixa-se de lado o que é supérfluo e usamos toda a nossa energia em cima de algo que realmente importa. Esta é a arte de fazer mais com “menos”, na verdade não é “menos”, ninguém faz mais com “menos, mas com o que é essencial.

Esta ação também exige que a pessoa aprenda a dizer “não”. Afinal de contas o mundo e a sociedade vão nos dar várias direções para ir. É fácil se perder no mar de demandas do mundo e das pessoas. Dizer não para estas demandas, afim de manter nossa mente focada naquilo que é essencial é parte fundamental de uma vida simples. A pessoa simples diz não às seduções do mundo ao ver que elas não lhe são essenciais.

A virtude da paciência também faz parte da simplicidade. Pois para chegar ao essencial, temos que limpar nossa visão e esperar. A ansiedade não faz parte do simples, a espera sim. Olhar e olhar até que algo se forme em nossa percepção. Esperar pela compreensão “maior” que nos guia diretamente ao que é essencial é uma ação importantíssima de ser trabalhada. A pressa nos desorienta. A paciência nos foca. Ser simples exige uma estranha forma de inação ativa. Por fora parece que a pessoa “faz pouco”, mas na verdade ela está atenta ao que é essencial, por isso apenas usa sua energia para mover-se quando este se mostra. A atenção dedicada por quem é simples é justamente aprender a ficar atento ao essencial e não perder a oportunidade.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

akimrohula@gmail.com

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