EDUCANDO COM ATITUDES – RAV EFRAIM BIRBOJM

314_historia_1_1Quando estamos em público, no trabalho ou em eventos sociais, vestimos máscaras e nos transformamos em outras pessoas. Somente quando estamos em casa é que somos nós mesmos de verdade. E precisamos prestar atenção às mensagens que transmitimos às nossas crianças quando estamos em casa, pois elas aprendem com nossas palavras, mas acima de tudo elas aprendem com as nossas atitudes.


314_historia_1_2“Naquela noite, Ricardo voltava para casa com o mesmo mau humor que o caracterizava há alguns meses. Eram tantos problemas e dificuldades que ele havia se transformado em uma pessoa amarga, triste e mal humorada. Já era tarde da noite quando ele finalmente entrou em casa. Estava tudo escuro, apenas a luz acesa da cozinha iluminava fracamente a sala. Ricardo então ouviu a voz do seu filho de quatro anos de idade vinda da cozinha:

– Mãe, por que o papai está sempre tão triste e bravo?

– Não sei, meu amor – respondeu a mãe,, com paciência – Ele deve estar preocupado com os negócios. Sustentar uma família não é fácil.

– Mas o papai também fica assim bravo e triste no trabalho?

– Nas lutas diárias, seu pai precisa sempre demonstrar força e controle. Ele deve parecer alegre para agradar o chefe e os clientes. É importante para o trabalho dele. Mas quando ele volta para casa, traz muitas preocupações. Fora de casa ele precisa se cuidar para não ser grosseiro com ninguém, demonstrando estar sempre alegre e otimista. Mas o mesmo não acontece aqui em casa. Aqui, filho, ele não precisa esconder de ninguém o cansaço e as preocupações.

A criança pareceu escutar atenta. Depois, após ter refletido por algum tempo, suspirou e desabafou:

– Que pena, mãe. Não poderia ser o contrário? A família não deveria ser mais importante que os negócios? Eu gostaria tanto de ter um pai feliz em casa, pelo menos de vez em quando. Gostaria que ele chegasse em casa e me pegasse no colo, brincasse comigo, me desse um sorriso…

Naquele momento, Ricardo não aguentou as emoções. As lágrimas começaram a cair, inicialmente aos poucos, depois se transformaram em um choro compulsivo. Ele percebeu como estava maltratando sua própria família. Emocionado, ele entrou na cozinha, abriu os braços, correu para o filho, abraçou-o com força e convidou:

– Filhão, cheguei. Que saudades! Vamos brincar?”

Quando estamos em público, no trabalho ou em eventos sociais, vestimos máscaras e nos transformamos em outras pessoas. Somente quando estamos em casa é que somos nós mesmos de verdade. E precisamos prestar atenção às mensagens que transmitimos às nossas crianças quando estamos em casa, pois elas aprendem com nossas palavras, mas acima de tudo elas aprendem com as nossas atitudes.


RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Saiba mais.
Email: efraimbirbojm@gmail.com

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