DÁ PARA DESCONECTAR POR 25 HORAS? – RABINO KALMAN PACKOUZ

315_historia_2_1O Shabat não é apenas um dia de descanso, de festa, de família – é um dia de reflexão e conexão com o Todo-Poderoso. É um dia para pensar no que realizamos e como interagimos na semana que se encerrou.


Meu amigo Charlie Harary (CharlieHarary.com) relatou a história de um diretor de sua empresa imobiliária que estava se aposentando. O cavalheiro descendia de uma antiga família americana, provavelmente datando da época dos colonos ingleses protestantes há quase quatro séculos.

A tradição na empresa de Charlie é que a pessoa que está se aposentando percorre as diversas salas para se despedir dos demais empregados. Quando este senhor veio à sua mesa, Charlie perguntou-lhe se poderia compartilhar algumas palavras de sabedoria, pois tinha muitos anos de experiência de vida.

O aposentado sorriu e disse: “Pode parecer estranho, mas na minha família temos uma tradição que eu gosto muito, que nos manteve fortes e unidos como família. Nós a chamamos de ’Dia do Desligamento’. Não atendemos telefone, não dirigimos, não usamos o computador ou a internet. Apenas desfrutamos nosso tempo juntos, conversando, brincando, comendo, compartilhando”.

Charlie abriu um grande sorriso. Quando o cavalheiro perguntou o motivo, Charlie explicou: “Nós judeus estamos fazendo isso há milhares de anos. É chamado ’Shabat’”!

O homem imediatamente respondeu: “Eu sempre soube que havia algo de especial sobre os judeus!”

Como trouxe o Rabino Noach Weinberg Z”TL num fabuloso artigo (www.aish.com/sh/t/e/Shabbat_-_Heaven_on_Earth.html): ”Mais do que o povo judeu manteve o Shabat, o Shabat manteve o povo judeu”. O Shabat sempre foi parte integrante do nosso patrimônio. Se ler sobre nossos 40 anos vagando no deserto do Sinai, você lerá que recebíamos duas porções de man no sexto dia em vez da habitual porção única diária (é por isso que fazemos a bênção sobre duas Halot (pães trançados) no Shabat) porque no Shabat fomos ordenados a não recolher o man.

O Shabat não é apenas um dia de descanso, de festa, de família – é um dia de reflexão e conexão com o Todo-Poderoso. É um dia para pensar no que realizamos e como interagimos na semana que se encerrou. É um dia de ’recarga’ espiritual. No Shabat não fazemos nenhum ato criativo para reconhecer que existe um Criador.

“Quando D’us anunciou que estava dando a Torá ao povo judeu, Ele disse: ‘Se cumprirem todos estes Mandamentos, vocês herdarão o Mundo Vindouro’. O povo perguntou: ‘Mestre do Universo, o Senhor poderia nos dar uma ‘amostra grátis’ daquele Mundo ainda neste mundo?’ D’us respondeu: ‘Eis o Shabat. Ele lhes dará um sabor do prazer e da paz que desfrutarão no Mundo Vindouro” (livro Otiot D’Rabi Akiva).

A espiritualidade do Shabat permeia o restante da semana: “Todos os dias da semana recebem o seu sustento do Shabat; o Shabat é o ‘eixo’ sobre o qual a roda dos seis dias da semana gira. É uma espécie de raiz para os outros dias e jorra algo de sua santidade para cada um deles. Parte da influência do Shabat está presente em cada um dos dias da semana” (livro Reshit Hochma).

Você gostaria de tornar o Shabat parte de sua vida? Recomendo-lhe o excelente livro Friday Night and Beyond — The Shabat Experience Step by Step, escrito por Lori Palatnik. Experimente um Shabat com uma família que já o integrou em seu estilo de vida. Veja quão bela a experiência de um ambiente descontraído de Shabat pode ser. Conforme for vendo como cada família celebra o Shabat, você pode incorporar aquilo que gostou em seu próprio Shabat: os alimentos, costumes e até mesmo as músicas (há músicas especiais que as famílias cantam juntos ao redor da mesa).

Como começar?

(1) 18 minutos antes do pôr-do-sol, acenda duas velas com uma bênção. As velas provêm a luz suave da Paz do Shabat.

(2) Comece com o jantar de sexta-feira à noite – mas faça uma regra: não atender o telefone, nada de rádio ou televisão. Tente isto por algumas horas e aumente a quantidade de tempo conforme for se sentindo mais confortável. A chave é abrir mão do controle do universo e entrar em contato com o Todo-Poderoso.

(3) O pai (ou o chefe de família) faz o Kidush — santificar o dia com palavras de lembrança sobre um copo de vinho. É um ato de testemunho e magnífica declaração de que somos judeus reconhecendo o nosso Criador que nos tirou do Egito.

(4) Fazer a bênção ”HaMotsi” sobre duas Halot.

(5) Relaxe com uma refeição com vários pratos. Os ashkenazim gostam muito de guefilte fish, sopa, frango e kigel. Converse sobre o que você fez nesta semana. Pergunte àqueles ao redor da mesa sobre a sua semana. Encontre perguntas sobre suas experiências para levantar questões que são importantes para a vida.

(6) Compartilhe palavras de Torá. Faça alguma pergunta sobre a Porção Semanal da Torá. Leia o Meor Hashabat semanalmente! Tenha alguma charada para perguntar às crianças (certifique-se de ter ensinado seus filhos as histórias de antemão ou orientar-lhes sobre o que ler).

Se o Shabat parece um enorme compromisso ou tarefa, lembre-se que o judaísmo não é “tudo ou nada”. Até mesmo um momento de, conscientemente, abster-se de fazer algum trabalho no Shabat é uma poderosa oportunidade para entrar em contato consigo mesmo e com D’us!


DVAR TORÁ: COMO NÃO DISCUTIR – COM NINGUÉM

Esta porção semanal, Korach, relata as disputas e intrigas criadas por um indivíduo para o seu ganho pessoal, disfarçadas sob um manto filosófico e de valores aparentemente sublimes e elevados. Meus amigos: As disputas destroem relacionamentos e são particularmente devastadoras em casamentos. Debates são produtivos! Pensei que seria de ajuda compartilhar com vocês, queridos leitores, algumas maneiras de evitar disputas e bate-bocas, especialmente com seu cônjuge!

1. São necessários dois para discutir. Se não respondermos de volta, não haverá discussão. Simplesmente diga: “Prefiro não conversar sobre isto agora” e, se necessário, repita esta frase com suavidade mais uma vez. Programe, então, um tempo para falar sobre o assunto no futuro.

2. As discussões se agravam com o volume da voz dos discutidores. O Rei Salomão já nos ensinou em seu livro Mishlei (Provérbios 15:1): “Uma resposta gentil dispersa a raiva”. Quanto mais violentamente o outro discute, mais serena nossa resposta deve ser. Logo veremos o tom de voz dele/dela diminuir em resposta.

3. Não haverá discussão se concordarmos. Não é nenhum sinal de fraqueza usar as seguintes frases: “Este é um bom ponto”, “Eu não havia pensado sobre isto” ou “Você tem toda a razão”! Focalizemos onde podemos concordar, não onde diferenciar.

4. Admitamos quando estivermos errados. Ninguém está sempre totalmente certo. Encontre algo pelo que se desculpar, pelo que se responsabilizar. A outra pessoa se sentirá melhor e poderá até admitir e assumir alguns erros de sua parte.

5. Não acuse ou ataque. Não diga: “Você disse isto!” ou “Você fez aquilo!” Façamos perguntas, não declarações. E façamo-las com sinceridade, com a intenção de achar a verdade, e não como uma espada afiada, pronta a cortar a cabeça do oponente.

6. Lembremo-nos de nossa meta! No caso do casamento, queremos harmonia, paz, uma boa atmosfera e amor. Argumentações geram tensão e ansiedade, nunca paz e tranquilidade. Diga a si mesmo: “Eu amo minha esposa, amo meus filhos, e amo meu dinheiro (divórcios custam montes de dinheiro!).

7. Não seja tolo em demonstrar falta de respeito ao seu amado(a) e a si mesmo, dizendo coisas que causam mágoas, coisas sem sentido ou sem validade. Você escolheu esta pessoa para ser seu cônjuge. Esta é a pessoa, acima de qualquer outra, que possui as qualidades para ser o seu escolhido/escolhida ente bilhões de seres humanos pelo planeta.

8. Transforme a disputa em um debate. Não defenda uma posição e sim exponha uma ideia ou problema que precisa ser esclarecido. Pessoas de boa fé, que raciocinam juntas, podem chegar a um denominador comum. Ouça com a mente aberta. Seja um juiz, não um advogado!

9. Pergunte a si mesmo: “Será que esta discussão realmente vale a pena?” No final, tudo aquilo sobre o que estamos discutindo talvez seja algo trivial. Pode ser que a forma de comunicação que estamos utilizando é que esteja gerando a angústia, a raiva e as demais razões pelas quais estamos discutindo ao invés de debater.

10. O rabino Issachar Frand, de Baltimore (EUA), em uma de suas palestras sobre este tema, salientou um ponto muito importante: Quando uma pessoa envolvida numa discussão, principalmente sobre assuntos financeiros, grita “Isto é uma questão de princípios!”, muitas vezes o que ela quer dizer é: “Isto é uma questão de dinheiro!”. Não deixemos que o dinheiro se intrometa e destrua amizades, casamentos e nossos relacionamentos!


Pensamento: “Faça todo o bem que puder, de todas as maneiras que puder, com todos os meios que puder, em todos os lugares que puder, todas as vezes que puder, a todas as pessoas que puder, todo o tempo que puder”!


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

NOTA:- Desejando contribuir para o Meor Hashabat acesse o www.aishdonate.com – Email – meor18@hotmail.com

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