NOITE DOS CRISTAIS FOI TEMA DE PALESTRA EM ARAUCÁRIA NO PR

Município tem “Dia de Luto e Reflexão ao Holocausto”

Situada a 22 km de Curitiba, a cidade de Araucária instituiu uma lei municipal considerando o dia 9 de novembro data do prenúncio da Shoah — a Kristallnacht — , o “Dia Municipal de Luto e Reflexão ao Holocausto”. No último dia 9 de novembro, mais de uma centena de estudantes de Araucária assistiram à palestra ilustrada do professor Israel Blajberg, do Rio de Janeiro, sobre a Noite dos Cristais e o Levante do Gueto de Varsóvia, numa iniciativa da Secretaria de Educação e Cultura de Araucária e da Loja Chaim Weizmann da B’nai B’rith do Paraná.

Na Casa de Cultura da cidade há uma exposição permanente sobre o Holocausto, com material doado por sobreviventes e obras de arte produzidas por artistas e alunos das escolas locais, sob a orientação do secretário da Educação e Cultura Eduardo Tavares e da professora Vania Eragus, do Colégio Estadual Julio Szymanski e criadora do Projeto Shoah, que despertou o interesse em preservar a memória das vítimas dó Holocausto.

BERÇO DA IMIGRAÇÃO

Cidade onde, em 1889, chegaram as primeiras famílias de judeus no Paraná, os Flaks e os irmãos Rosenmann, junto com as imigrações polonesas do final Império e início da República, estabelecendo-se na recém-fundada colônia agrícola de Tomas Coelho. Mais tarde, com os filhos crescendo, transferiram-se para Curitiba.

PALESTRA

Em Araucária, a palestra sobre a Noite dos Cristais e a Epopeia do Gueto de Varsóvia foi no anfiteatro da Prefeitura. Além dos alunos, estavam presentes o secretário Eduardo Tavares, a professora Vania Eragus, o presidente da B’nai B’rith do Paraná Szyja Lorber, a jornalista e pesquisadora do Arqshoah-LEER/USP Blima Lorber, e os irmãos da B’nai B’rith Marli e Rubens Kunifas, e Isac Ingberman.

O professor Blajberg historiou os fatos que levaram ao desencadeamento da Kristallnacht da noite de 9 para o dia 10 de novembro de 1938 como prenúncio do Holocausto e recordou o impacto do infame atentado contra a sinagoga de Pittsburgh em pleno Shabat, templo este que significativamente traz o nome de Etz Chaim – Arvore da Vida, ceifando 11 vidas e ferindo outro tanto de pessoas unicamente por ódio aos judeus.

NOITE DOS CRISTAIS

Israel Blajberg explicou que o nome Kristallnacht deve-se aos milhões de pedaços de vidro partidos que encheram as ruas depois das vitrines das lojas, edifícios e sinagogas judaicas terem sido partidas. Aproximadamente cem judeus foram mortos pela violência estimulada pelas autoridades nazistas. Além das vítimas mortais, cerca de 30 000 judeus foram presos e enviados para campos de concentração. Hospitais, escolas e as casas dos cidadãos judeus foram pilhadas e derrubadas pelos atacantes. Mais de mil sinagogas foram incendiadas (ele exibiu imagens da Sinagoga da Oranienburger Strasse) e mais de sete mil e quinhentos negócios foram destruídos ou danificados. No dia seguinte, o governo alemão multou a comunidade judaica em 1 bilhão de marcos.

Ele também descreveu a resistência dos jovens judeus poloneses no Gueto de Varsóvia, tanto agrupamentos de esquerda como os de direita, que, com pouquíssimas armas de fogo, foram heróis e lutaram contra um exército mais numeroso e bem equipado. O gueto foi inteiramente destruído, mas sua queda levou mais tempo do que a França para ser ocupada.

“Assim como a Noite dos Cristais, a queda do Gueto de Varsóvia, o Holocausto, o assassinato de judeus, como o Pittsburgh e todos os outros bárbaros atentados terroristas, fracassaram redondamente em tentar apagar a luz da vida judaica. As chamas que iluminam o judaísmo continuarão acesas. A intolerância, o preconceito e ódio não triunfarão”, completou.

325_fique_2_1 Estudantes e professores no auditório da Prefeitura de Araucária participaram da palestra cujos temas foram a Noite dos Cristais e o Gueto de Varsóvia

325_fique_2_2Membros da B’nai B’rith e da comunidade israelita participam do evento.

325_fique_2_3 O professor Israel Blajberg veio Rio de Janeiro para realizar a palestra em Araucária a convite da Secretaria Municipal de Educação e Cultura e da B’nai B’rith Paraná

325_fique_2_4 A principal sinagoga de Berlim na Oranienburger Strasse incendiada e destruída foi reinaugurada em 1998

325_fique_2_5 Israel Blajberg foi presenteado pelo secretário da Educação e Cultura do município, Eduardo Tavares (à direita), com livros sobre Araucária

325_fique_2_6 Marli Kunifas (à esquerda) com a professora Vania Eragus, do Colégio estadual Júlio Szymanski e criadora do Projeto Shoah

325_fique_2_7Szyja Lorber, presidente da B’nai B’rith Paraná; Eduardo Tavares, secretário municipal da Educação e Cultura; Blima Lorber, jornalista e pesquisadora do Arqshoah/LEER-USP durante visita à exposição sobre o Holocausto na Casa de Cultura de Araucária

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